Em terras e tempos de Felipe Neto, Whindersson Nunes e Bianca Andrade, também há Bim da Ambulância (PSD), Marilda Portela (Cidadania), Álvaro Damião (DEM) e Juninho Los Hermanos (Avante). Desconhece os últimos quatro? Pois bem: são vereadores no topo do ranking que mede a popularidade digital dos integrantes da Câmara Municipal de Belo Horizonte.
A análise, feita pela Quaest, empresa de consultoria e pesquisa, leva em conta 153 variáveis que medem, entre outros critérios, o engajamento proporcionado pelos conteúdos publicados por parlamentares, as reações — positivas e negativas —, número de compartilhamentos, público total das contas mantida pelos mandatos, diversidade de plataformas utilizadas e quanto os nomes dos políticos são buscados na web.
O Índice de Popularidade Digital (IPD), como é chamado, antevê o possível cenário da corrida eleitoral ao Legislativo de BH. Os dados foram obtidos com exclusividade pelo Estado de Minas.
A análise, feita pela Quaest, empresa de consultoria e pesquisa, leva em conta 153 variáveis que medem, entre outros critérios, o engajamento proporcionado pelos conteúdos publicados por parlamentares, as reações — positivas e negativas —, número de compartilhamentos, público total das contas mantida pelos mandatos, diversidade de plataformas utilizadas e quanto os nomes dos políticos são buscados na web.
O Índice de Popularidade Digital (IPD), como é chamado, antevê o possível cenário da corrida eleitoral ao Legislativo de BH. Os dados foram obtidos com exclusividade pelo Estado de Minas.
O objetivo é, por meio das redes sociais, prever as chances de possíveis candidatos no pleito deste ano. Quem está nas primeiras posições do IPD, cuja última atualização é referente a julho, tem mais chances de conseguir a reeleição. No entanto, o idealizador da ferramenta, Felipe Nunes, cientista político e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), adverte: o ranking é baseado, meramente, em probabilidades matemáticas.
“A probabilidade dos candidatos à frente no IPD serem os mais votados e (alguns dos) mais importantes da eleição é muito grande, mas é probabilidade. Muita coisa pode acontecer”, afirma. Ao lado dele, participam do projeto outros cientistas políticos, estatísticos e programadores.
“A probabilidade dos candidatos à frente no IPD serem os mais votados e (alguns dos) mais importantes da eleição é muito grande, mas é probabilidade. Muita coisa pode acontecer”, afirma. Ao lado dele, participam do projeto outros cientistas políticos, estatísticos e programadores.
''Um bom legislador resta contas do serviço à sociedade. maneira mais simples e direta para fazer isso é por meio das redes sociais. Que estamos medindo a capacidade que o legislador tem de prestar contas de maneira efetiva. Isso passa justamente por engajar o eleitor''
Felipe Nunes, cientista político, professor da UFMG e idealizador do Índice de Popularidade Digital
Com o algoritmo que norteia o índice, foi possível antecipar o nome de 94% dos vencedores da eleição legislativa de 2018 — que abrangeu as Assembleias estaduais e o Congresso Nacional. “Reunimos os votos de todo mundo que foi candidato no Brasil e criamos um modelo estatístico que calcula o peso e a importância de cada variável de rede social sobre votos. E aí, com esse modelo ajustado, a gente começou a aplicá-lo em outros cargos e eleições”, explica Felipe.
Felipe Nunes diz que o ambiente on-line pode ser aliado dos políticos na hora de publicizar o trabalho feito. “Um bom legislador é aquele que presta contas do serviço que faz à sociedade. A maneira mais simples e direta para fazer isso é por meio das redes sociais. No fundo, o que estamos medindo é a capacidade que o legislador tem de prestar contas de maneira efetiva. Isso passa justamente por engajar o eleitor”, ressalta.
O IPD é medido de 1 a 100. Bim da Ambulância, o líder, tem 64,44 pontos. A segunda colocada, Marilda Portela, soma 37,91. Com foco total no Instagram, o pessedista viu sua rede social crescer muito em um ano. No meio de 2019, Bim tinha cerca de 4 mil seguidores no site de fotos e vídeos. Agora, acumula 359 mil. Entre fotos de carros, motos e passeios com a esposa, há postagens ligadas ao trabalho parlamentar. Ele admite ter tomado o caminho inverso: se tornou um político que é, também, influenciador digital. “Estou indo em uma linha contrária de raciocínio lógico. O que vemos são pessoas com acesso à mídia se candidatando a cargos públicos. Eles se utilizam das plataformas de popularidade de se tornar candidatos. Não vemos políticos se tornando digital influencers”, comenta.
''Se não fizer isso (acordar às 4h da manhã), que é uma disciplina, vou ser pego de surpresa com as pessoas dizendo que virei 'estrelinha'''
Bim da Ambulância (PSD), vereador
Para responder às mensagens que recebe no Instagram, Bim diz acordar diariamente às 4h. “Se eu não fizer isso, que é uma disciplina, vou ser pego de surpresa com as pessoas dizendo que virei ‘estrelinha’, não respondo mais meu Instagram e que não conseguem mais receber minhas opiniões sobre determinado ponto”, explica. Ao contrário das grandes páginas on-line, que costumam ser controladas por equipes, o vereador gere os conteúdos sozinho. A opção, segundo ele, dá mais “glamour” e “sentimento” às publicações. “É a minha essência sendo externada de forma bem pontual. Com o passar do tempo, minha filha deve assumir, dentro de minha estrutura digital, alguma função”, projeta.
No Facebook, Marilda Portela angariou mais de 52 mil curtidas em sua página oficial. No Instagram, há pouco mais de 5 mil seguidores — número próximo às curtidas que Bim tem em sua fanpage. A vereadora crê na internet como bom espaço para a divulgação dos trabalhos legislativos. “Com as redes sociais ganhamos um espaço de debate ativo e necessário para o fortalecimento da democracia, acompanhamento das ações governamentais e compartilhamento de ideias”, opina.
VEREADOR ‘À MODA ANTIGA’
A análise de popularidade digital esmiuçou os perfis mantidos por 40 dos 41 vereadores. Preto (DEM) não tem redes sociais e, por isso, está ausente do relatório. No Legislativo desde 1997, o veterano se considera um político “à moda antiga”. Para dialogar com seu eleitorado e cativar futuros apoiadores, ele prefere apostar no velho “corpo a corpo”. “Sou o único vereador da face da terra que não tem nada de internet. Conheço os eleitores pelo ‘pé’ do meu sapato”, assegura.
''Com as redes sociais ganhamos espaço de debate ativo para fortalecimento da democracia e acompanhamento das ações governamentais''
Marilda Portela (Cidadania), vereadora
Preto diz que sua atuação ocorre, prioritariamente, em vilas e favelas da capital mineira. Por isso, para prestar contas, lança mão de publicações impressas e reuniões com entidades e associações. “Meu eleitor é o que conhece o que faço e o trabalho que presto. Não tenho nada na internet — e não vou ter”, reitera. Ele, aliás, é um dos vereadores que o EM mostrou, no mês passado, ter dúvidas sobre tentar a reeleição. Preto convive com problemas de saúde, mas recebeu o aval de seu médico e, agora, já se considera pré-candidato ao pleito deste ano.
ATAQUE HACKER
Em julho, Bella Gonçalves (Psol), vereadora de Belo Horizonte, foi vítima de um ataque hacker. A ação fez a parlamentar ficar cerca de duas semanas sem seu perfil no Twitter. A conta no Instagram, por sua vez, ficou “inexistente” por aproximadamente sete dias. O caso está entregue à Delegacia Especializada em Investigação de Crime Cibernético, da Polícia Civil. Bella suspeita ter sido alvo de um ataque com motivações políticas. Como motivo para o pensamento, ela cita as bandeiras que defende, como combate ao racismo e à LGBTfobia. “O primeiro conteúdo apagado foi o vídeo de lançamento da pré-campanha (à reeleição)”, lamenta.
A parlamentar tem 12,5 mil seguidores no Instagram. No Facebook, sua página tem pouco mais de 6 mil curtidas. Ela diz que os números até aumentaram após a recuperação das contas. A quantidade de pessoas atingidas pelas publicações, no entanto, diminuiu. “Os seguidores aumentaram desde que consegui recuperar (as contas), mas a amplitude da rede não voltou a ser como era antes”, pontua. Durante o período sem redes sociais, Bella passou a utilizar os perfis administrados por sua colega de partido e de Câmara, Cida Falabella. As contas utilizaram a nomenclatura “Cida + Bella”.
Os partidos têm até 26 de setembro para registrar os candidatos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Até que essa solicitação seja oficializada, todo político é considerado pré-candidato para a Justiça. O pleito deste ano ocorrerá em 15 de novembro (primeiro turno) e 29 do mesmo mês (segundo turno, caso necessário).
VEREADORES DE BH
Índice de Popularidade Digital (IPD)/Julho de 2020 de 40 dos 41 parlamentares
Bim da Ambulância (PSD) 64,44
Marilda Portela (Cidadania) 37,91
Álvaro Damião (DEM) 33,2
Juninho Los Hermanos (Avante) 33,06
Fernando Luiz (PSD) 32,69
Eduardo da Ambulância (PSC) 24,27
Fernando Borja (Avante) 24,25
Carlos Henrique (PTB) 24,2
Gabriel Azevedo (Patriota) 22,75
César Gordin (Pros) 21,43
Léo Burguês (PSL) 20,47
Dr. Nilton (PSD) 20,32
Henrique Braga (PSDB) 20,15
Edmar Branco (PSB) 19,55
Elvis Côrtes (PSD) 19,21
Maninho Félix (PSD) 19,05
Ramon Bibiano da
Casa de Apoio (PSD) 18,36
Cida Falabella (Psol) 17,83
Arnaldo Godoy (PT) 17,74
Catatau do Povo (PSD) 17,29
Irlan Melo (PSD) 16,49
Nely Aquino (Podemos) 16,33
Autair Gomes (PSD) 16,24
Hélio da Farmácia (PSD) 16,12
Dimas da Ambulância (PSC) 15,8
Bella Gonçalves (Psol) 15,62
Gilson Reis (PCdoB) 15,52
Jair Di Gregório (PSD) 15,52
Pedro Patrus (PT) 15,46
Juliano Lopes (PTC) 15,3
Dr. Bernardo Ramos (Novo) 15,19
Ronaldo Batista (PSC) 15,08
Pedro Bueno (Cidadania) 14,98
Wesley Autoescola (Pros) 14,97
Reinaldo Gomes (MDB) 14,56
Pedrão do Depósito (Cidadania) 14,3
Jorge Santos (Republicanos) 13,86
Coronel Piccinini (PSD) 13,45
Orlei (PSD) 13,36
Flávio dos Santos (PSC) 11,35
* O vereador Preto não tem redes sociais e, por isso, está ausente.