O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi às redes sociais nesta segunda-feira, dia da Independência, para tecer críticas ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Fazendo referência aos 126.650 mortos e aos 4.137.521 contaminados pelo novo coronavírus, o petista disse que o Brasil atravessa crise “social, econômica e ambiental nunca vista”.
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Lula criticou a gestão dos recursos para a saúde pública por parte de Michel Temer (MDB) e Bolsonaro. De acordo com ele, verbas que poderiam impulsionar o combate à pandemia têm sido destinadas a outras fontes, com o pagamento de juros aos bancos.
“O colapso só não foi ainda maior graças aos heróis anônimos: as trabalhadoras e os trabalhadores do sistema de saúde”, analisou.
“Pesadelo”
Preso em abril de 2018, Lula deixou a cadeia em novembro do ano passado. A detenção impediu, inclusive, a concretização de sua candidatura ao Palácio do Planalto.
Na visão do ex-presidente, a eleição de 2018 é um “pesadelo” sem fim.
“O mais grave de tudo isso é que Bolsonaro aproveita o sofrimento coletivo para, sorrateiramente, cometer um crime de lesa-pátria. Um crime politicamente imprescritível, o maior crime que um governante pode cometer contra seu país e seu povo: abrir mão da soberania nacional”, disse, em menção, sobretudo, à forma como o governo federal tem tratado questões ambientais — como a Amazônia.
“Escalada autoritária”
Para o petista, o país enfrenta uma “escalada autoritária”, com a ascensão de integrantes das Forças Armadas a cargos estratégicos, como a chefia do Ministério da Saúde.
A pasta, vale lembrar, é dirigida desde maio pelo general Eduardo Pazuello. Ele substituiu o médico Nelson Teich, escolhido após a saída de Luiz Henrique Mandetta.
“A substituição da direção do Ministério da Saúde por militares sem experiência médica ou sanitária é apenas a ponta de um iceberg. Em uma escalada autoritária, o governo transferiu centenas de militares da ativa e da reserva para a administração federal, inclusive em muitos postos-chave, fazendo lembrar os tempos sombrios da ditadura”, sustentou.
Histórico
Em julho de 2017, o ex-presidente foi condenado em primeira instância pelo então juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, por ter recebido um triplex no Guarujá como propina da construtora OAS, em troca de favores para a empresa no relacionamento com a Petrobras.
Porém, o Tribunal Regional da 4ª Região (TRF-4) aumentou a pena do ex-presidente para 12 anos e um mês.
Em abril do ano passado, a sentença foi reduzida para 8 anos, 10 meses e 20 dias pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Mesmo em liberdade, ele continua inelegível.