Jornal Estado de Minas

ARROZ E FEIJÃO

Planalto monta esquema para monitorar preços dos alimentos

Temendo um desgaste para o governo justamente no momento em que o presidente Jair Bolsonaro está recompondo sua popularidade, o Palácio do Planalto montou uma tropa de choque para monitorar os preços dos alimentos, em especial, do arroz e do feijão.





A tropa de choque está encarregada de manter Bolsonaro informado do que vem sendo feito pelos ministérios da Agricultura e da Economia para “normalizar” os preços de produtos da cesta básica e evitar um possível desabastecimento — o risco disso acontecer é mínimo, mas está no radar.

Conselheiros políticos do presidente o alertaram sobre os riscos da disparada dos preços dos alimentos para a sua imagem. É justamente nas classes sociais de menor poder aquisitivo que Bolsonaro registra aumento de popularidade. Se essas pessoas não conseguirem levar comida à mesa, o maior culpado, na visão delas, será o governo.

 

Preços sobem com redução do auxílio emergencial


Os mesmos conselheiros lembraram ao presidente que a forte alta dos preços dos alimentos — o arroz ficou 100% mais caro em 12 meses, com o pacote de 5 quilos sendo vendido por mais de R$ 40 — coincide com a redução, à metade, do valor do auxílio emergencial. A parcela de R$ 300 começará a ser paga em 17 de setembro.





“Estamos falando de uma combinação perigosa para quem pretende manter a popularidade em alta e só pensa na reeleição”, diz um desses conselheiros políticos de Bolsonaro. Não por acaso, o presidente resolveu entrar no debate público tentando jogar a culpa em cima dos empresários, em especial, dos supermercadistas.

 A determinação no Planalto é fazer tudo o que for possível para ampliar a oferta de produtos da cesta básica, nem que, para isso, o governo tenha que incentivar as importações, principalmente de arroz, que está se tornando o símbolo do descontrole de preços neste momento.

 “O Planalto já captou o mau humor da população mais pobre. As cobranças sobre a alta de preços do arroz, do feijão, do leite, do açúcar e do óleo já chegaram aos ouvidos do presidente com sérios alertas. Ele sabe o tamanho do risco que está correndo se a inflação dos alimentos se consolidar”, assinala o mesmo conselheiro.