O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) se apegou à ciência na noite desta quinta-feira para criticar as vacinas em desenvolvimento para combater o coronavírus.
Até aí, tudo normal, não fosse a contradição entre discursos do presidente, que sempre defendeu o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina – medicamentos sem eficácia comprovada e com sérios efeitos colaterais – no tratamento da COVID-19.
Até aí, tudo normal, não fosse a contradição entre discursos do presidente, que sempre defendeu o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina – medicamentos sem eficácia comprovada e com sérios efeitos colaterais – no tratamento da COVID-19.
Durante sua live pelas redes sociais na noite desta quinta, Bolsonaro debateu o tema com uma criança de dez anos.
“Essa vacina para o vírus ainda não tem comprovação cientifica. Se chegar uma vacina de qualquer país aí, sem que passe pela Anvisa, tem todo um procedimento la. E tem uma lei agora, eu vetei essa lei, mas o veto foi derrubado, vacinas vindas de Estados Unidos, União Europeia, Japão ou da China, a Anvisa tem 72 horas para dizer se está ok ou não. Se não falar nada, chama-se aprovação tácita. É como se aprovado estivesse. Você acha que está certo isso?”, indagou o presidente à youtuber mirim Esther Castilho, que participou de todo o pronunciamento do presidente.
A criança respondeu que não.
Bolsonaro já afirmou mais de uma vez que, no seu entendimento, a aplicação da vacina será realizada apenas em quem optar por toma-la.
“Não pode amarrar o cara e dar vacina nele”, disse o presidente em um encontro com médicos defensores da cloroquina na última terça-feira.
Desenvolvimento de vacinas
A vacina contra COVID-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca teve seus testes clínicos suspensos nesta terça-feira por suspeita de reação adversa grave em um dos voluntários participantes no Reino Unido.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que firmou parceria com a farmacêutica para produzir o imunizante.
A vacina de Oxford está sendo testada também no Brasil em cerca de 5 mil voluntários. Os estudo brasileiros estão sendo coordenados pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Já havia acordo firmado entre o Ministério da Saúde e a AstraZeneca para que o imunizante fosse produzido no País após uma eventual aprovação. A fabricação seria possível graças a uma parceria para transferência de tecnologia para a Fiocruz.
Cloroquina
Apesar de muitos estudos pelo mundo, não existe comprovação científica de que a cloroquina ou seu derivado, a hirdoxicloroquina, sejam eficazes no combate à COVID-19. A Organização Mundial de Saúde (OMS) inclusive já alertou sobre a ineficácia da substância no tratamento da doença.
Além disso, os medicamentos podem acarretar sérios efeitos colaterais, como arritmia cardíaca, complicações nos rins, comprometimento da saúde dos olhos, e ainda, dores abdominais, náusea, diarreia e vômito.
O remédio é prescrito para malária e doenças autoimunes.