A disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte tem 16 candidatos. No último dia para a realização de convenções partidárias, foram oficializados os nomes de Luisa Barreto (PSDB), João Vítor Xavier (Cidadania), Wadson Ribeiro (PCdoB) e Cabo Washington Xavier (PMB). Três não formaram alianças com outras legendas. Acordos do tipo foram firmados apenas pelo deputado estadual e radialista João Vítor, cuja coligação, além de sua sigla, terá DEM, PSB, PSL, PL, PTB e PMN. Luisa é ex-secretária-adjunta de Planejamento e Gestão do governo Zema (Novo). Wadson, que já ocupou a secretaria de Estado de Desenvolvimento Integrado no governo Fernando Pimentel (PT), é ex-deputado federal. Washington Xavier é policial militar. O vice da chapa tucana, Juvenal Araújo, é um dos fundadores do Tucanafro, braço da legenda voltado à discussão de temas ligados à população afrodescendente. Coube ao DEM indicar Leonardo Bortoletto para compor chapa com o candidato do Cidadania, enquanto o PCdoB aposta em Kátia Vergilio, ligada à luta por moradia na capital. O PMB ainda não definiu quem será vice. O número pode ficar menor do que 16, entretanto, porque ainda é possível haver composição entre os candidatos.
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João Vítor Xavier confirma candidatura à Prefeitura de BH com grande base de partidos aliadosPSDB lança Luisa Barreto, ex-governo Zema, na corrida à Prefeitura de BHBH terá recorde de candidatos a prefeito; veja os nomes Chapa 'puro-sangue': Lafayette Andrada define vice na disputa em BHCorrida à PBH: após aliança, PTC aponta médica como vice de Fabiano Cazeca, do Pros Deputado apresenta PEC pelo fim da reeleição no Brasil e apoiadores de Bolsonaro se revoltamCom grande leque de apoio, João Vítor Xavier – que compõe a equipe esportiva da rádio Itatiaia – vê o pleito deste ano para debater problemas e soluções para BH. “Toda eleição é uma boa oportunidade de dialogar, discutir a cidade, os problemas, ver o que está bom e pode melhorar, o que está ruim e precisa ser corrigido”, destacou. Ele está no Parlamento estadual desde 2011. Antes, foi vereador por dois anos. O PSB – que comporá a aliança em torno do Cidadania – teria o deputado federal Júlio Delgado na disputa pela prefeitura, mas recuou para fortalecer a candidatura do deputado.
Ainda ontem, o prefeito Alexandre Kalil (PSD), candidato à reeleição, ganhou o apoio de mais um partido na busca pela reeleição: trata-se do PV. Rede, Democracia Cristã (DC), PDT, MDB e PP também vão compor a coligação.
Os candidatos à PBH
- Alexandre Kalil (PSD)
- Áurea Carolina (Psol)
- Bruno Engler (PRTB)
- Cabo Xavier (PMB)
- Fabiano Cazeca (Pros)
- Igor Timo (Podemos)
- João Vítor Xavier (Cidadania)
- Lafayette Andrada (Republicanos)
- Luisa Barreto (PSDB)
- Marcelo de Souza e Silva(Patriota)
- Marília Domingues(PCO)
- Nilmário Miranda(PT)
- Prof. Wendel Mesquita(Solidariedade)
- Rodrigo Paiva (Novo)
- Wadson Ribeiro (PCdoB)
- Wanderson Rocha (PSTU)
Homem no Partido da Mulher
O Partido da Mulher Brasileira (PMB) escolheu um homem — Cabo Washington Xavier — para disputar a PBH. O policial diz ter chegado ao partido há duas semanas, já que, por ser militar, tem a prerrogativa de não precisar se filiar dentro do prazo estipulado. Ele rechaçou a observação sobre a contradição de um homem assumir a disputa pela agremiação, em tese, voltada para o sexo feminino. “Estamos acima de questões ideológicas e de gênero”, argumentou. Cabo Xavier diz que a proposta do PMB é, sobretudo, ‘’valorizar a mulher como ser político”. “E sempre fui um defensor das mulheres.”
Ex-bolsonarista assumido, Cabo Xavier justifica a dissidência afirmando que o presidente Jair Bolsonaro é hoje um “um homem de boas ideias, mas mal assessorado”. Ele já tentou fundar um partido, em 2012. O Partido da Defesa Social (PDS), no entanto, não conseguiu o registro em definitivo na Justiça Eleitoral. Antes do sinal verde do PMB, tentou, sem sucesso, emplacar a candidatura pelo PL e, ainda, pelo PMN.
Durante o lançamento da candidatura de Luisa Barreto, o presidente do PSDB em Minas Gerais, Paulo Abi Ackel, disse acreditar na chapa puro-sangue como boa oportunidade de propagandear os ideiais tucanos. “A defesa da social-democracia é uma de nossas metas para essa eleição. Por isso, viemos com uma candidatura inteiramente social-democrata”, justificou ele, que é deputado federal.
Quem tem opinião semelhante é o comunista Wadson Ribeiro. “Achamos que agora era o momento de o PCdoB mostrar sua cara própria, suas propostas e como ele governa. É um espaço para que a gente possa apresentar as ideias do partido à sociedade de Belo Horizonte”, explicou. O PCdoB manteve conversas com outros partidos, mas as tratativas não evoluíram. Ele acredita que o cenário eleitoral foi impactado pelo impedimento de formar coligações para chapas legislativas. A nova regra, na visão de Wadson, fez os partidos se movimentarem para lançar candidatos a prefeito.
Os comunistas apostam em candidatura própria a prefeito de Belo Horizonte após três eleições de hiato. Em 2008, Jô Moraes disputou a eleição em coligação com o PRB. Nas eleições de 2012 e 2016, contudo, o partido formou alianças com Patrus Ananias e Reginaldo Lopes, representantes do PT nos respectivos pleitos. A última candidata do PCdoB à PBH antes de 2020, aliás, vai concorrer à Câmara Municipal. O PSDB, por outro lado, disputou a eleição de 2016 por meio do deputado estadual João Leite. Os tucanos foram apoiados PPS (atual Cidadania), PP, Democratas, PRB (atual Republicanos) e PRTB.
Wadson Ribeiro propõe o desenvolvimento de um plano de obras de infraestrutura para gerar empregos e preparar a cidade antes o período de chuvas que, historicamente, causa problema. O comunista crê ainda na necessidade ônibus mais baratos. “Por que o transporte, além de ser público, não pode ser gratuito? Porque quem tem que bancar os custos do transporte é o pobre coitado que usa o ônibus? Precisamos criar um fundo municipal de transporte, pois precisamos fazê-lo ser gratuito”, afirmou.
Novo prazo
O PT, de Nilmário Miranda, também não fechou acordos. O PCO, de Marília Domingues, e o PSTU, de Wanderson Rocha, são outros partidos sem coligação. Fabiano Cazeca (Pros), Marcelo de Souza e Silva (Patriota), Lafayette Andrada (Republicanos), Igor Timo (Podemos) e Bruno Engler (PRTB) podem seguir o mesmo caminho. Solidariedade e Avante negociaram a junção de suas pretensões para a eleição, mas não chegaram a um consenso.
O Avante tinha Fernando Borja como pré-candidato e queria Wendel Mesquita como vice. Como as conversas não evoluíram, o Solidariedade acabou oficializando chapa puro-sangue, com Wendel e Sara Bini como vice. O nome de Borja, contudo, não foi oficializado na convenção municipal, empurrando a decisão para a executiva estadual.
Agora, após as convenções, os partidos têm até 26 de setembro para registrar candidaturas na Justiça Eleitoral. As propagandas eleitorais poderão começar já no dia seguinte. O primeiro turno da eleição está agendado para 15 de novembro. Se houver necessidade, o segundo turno ocorrerá duas semanas depois, no dia 29.
Disputa pulverizada
A eleição deste ano em Belo Horizonte terá número recorde de candidatos. Efeito, sobretudo, da regra que proíbe coligações para a formação de chapas legislativas. O mecanismo força os partidos a escolherem candidatos a vereador que tenham, de certa forma, compromisso com seus ideais. No que tange à disputa pela prefeitura, a novidade pode ser vista por dois prismas distintos. Pelo lado positivo, há a chance do debate: mais correntes políticas podem defender seus projetos de cidade. Por outro lado, a formação de frentes amplas — numa prévia, inclusive, da eleição presidencial de 2022 — fica comprometida. Caberá aos dirigentes a tarefa de “engolir sapos” provenientes de negociações frustradas se quiserem, de fato, apresentar alternativas nacionais em dois anos. Quem pode se beneficiar é o prefeito Alexandre Kalil (PSD): em um cenário pulverizado, sem um oponente claro, ele pode, até mesmo, triunfar já no primeiro turno. (Guilherme Peixoto)
*Fernando Borja (Avante) se diz pré-candidato, mas seu nome não foi aprovado durante a convenção municipal. A definição ficou nas mãos da direção estadual, mas não houve decisão oficial até o prazo determinado pela Justiça Eleitoral, que terminou à meia-noite.