Jornal Estado de Minas

POLÍTICA

Interferência na PF: 'Se Deus quiser, a gente enterra esse processo', diz Bolsonaro

Após o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspender o inquérito que investiga interferência indevida na Polícia Federal, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira, 17, que espera "enterrar" o processo, aberto após acusações do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro. Em transmissão ao vivo pelas redes sociais, Bolsonaro qualificou as denúncias do ex-auxiliar como "levianas".



"Se Deus quiser, a gente enterra esse processo e acaba com essa farsa desse ex-ministro, de me acusar de forma leviana", afirmou Bolsonaro. "Ele alega que não me acusou, que trouxe fatos. Tá de brincadeira esse Sérgio Moro!", completou o presidente.

O ex-ministro deixou o governo em abril, após Bolsonaro exonerar o então diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. Segundo Moro, o presidente tentava indicar para o cargo alguém mais próximo a ele e também exigia acesso a informações de inteligência da corporação. Após a acusação, a Procuradoria-Geral da República passou a investigar o caso.

Nesta quinta-feira, no entanto, Marco Aurélio mandou suspender o inquérito até o plenário do Supremo decidir sobre como deve ser feito o depoimento de Bolsonaro aos investigadores – pessoalmente ou por escrito.


O decano da Corte, ministro Celso de Mello, que é o relator do caso, havia determinado na semana passada que o interrogatório deveria ser feito de forma presencial. Ele também havia autorizado Moro a enviar, por meio de seus advogados, perguntas a serem respondidas pelo presidente. Bolsonaro também criticou este ponto da decisão.



"Celso de Melo queria que eu depusesse de forma presencial para dois advogados do Moro e mais o próprio Sérgio Moro. O Moro não tem que perguntar nada para mim", disse o presidente. A decisão de Celso, no entanto, diz que as perguntas seriam enviadas por meio dos advogados, e não pelo próprio ex-ministro.

A decisão de suspender o caso até uma decisão do plenário foi tomada por Marco Aurélio porque Celso está de licença médica até o dia 26 deste mês. Marco Aurélio é o segundo ministro com mais tempo de atuação no STF, atrás apenas do decano.