Apesar de dizer que não se tratava de uma mensagem direta, o presidente Jair Bolsonaro enviou um recado para o mercado financeiro nesta terça-feira (29/9). Segundo o chefe do Executivo, se o Brasil for mal, todo mundo vai mal”. Bolsonaro tratou de defender o novo programa social que pretende tirar do papel, o Renda Cidadã, que vem sofrendo críticas principalmente pela intenção de utilizar recursos de precatórios, que são dívidas de ações judiciais do governo. A declaração foi dada a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada.
Leia Mais
Russomanno elogia Bolsonaro e fala em auxílio municipal em lançamento de campanha'O mais importante é evitar abstenção nas eleições'Juiz revoga prisão de hackers acusados de invadir celulares de Moro e DallagnolPoluição é desafio para novo prefeito de SPBolsonaro assina lei com cachorro no colo, late e brinca: 'Não sei se ele vai entender, Au Au significa parabéns'O mandatário também repetiu críticas a prefeitos e governadores por conta das medidas restritivas adotadas em meio à pandemia de coronavírus. “Quando tiver que criticar alguém, não é o presidente. É quem destruiu o emprego de 20 milhões de pessoas. O cara não tem mais como vender a sua água, o seu sorvete na arquibancada do seu time de futebol. A questão da praia, o biscoito Globo também quebrou no RJ, o cara não vende mais churrasquinho de gato na rua. Começou a aparecer um ou outro ambulante na rua. Precisamos de uma solução para isso”, apontou.
Segundo Bolsonaro, a previsão é de que em janeiro de 2021, 20 milhões de pessoas fiquem “quase sem renda”. Porém, diz, as alternativas elencadas pelo governo em busca da recuperação econômica vem sofrendo críticas monstruosas, mas sem sugestões em contrapartida.
"Nós temos que ter uma alternativa para isso se não os problemas sociais serão enormes. Agora tudo que o governo pensa, ou gente ligada ao governo, ou líderes partidários pensam, isso aí se transforma-se em críticas monstruosas contra nós. Agora eu quero ver alternativa. Porque se esperar chegar 2021 para ver o que vai acontecer, podemos ter problemas sociais gravíssimos no Brasil”, declarou.
Venda de estatais
Bolsonaro ainda comentou que entre as ideias levantadas por parlamentares estão os precatórios ou a venda de estatais.
“Sabemos que não tem recurso então está buscando alternativas. Alguns falam: “Ah, pega de precatórios, venda algumas estatais”. Vender estatais não é de uma hora para outra assim não. Vamos lá vender “Ah, quem quer comprar?”. É um processo enorme, tem que ter um critério para isso não pode queimar estatais, tem que ter uma finalidade. Se bem que para essa finalidade é possível, possível de ser estudado, antes que o mercado desabe novamente”, ressaltou.
“Aceitamos sugestões”
O presidente se disse aberto a sugestões sobre eventuais formas de financiamento para o programa Renda Cidadã. “Eu vou para uma máxima militar, eu quero a solução racional, preciso de ajuda no tocante a isso, conselho, sugestões. Agora, se não aparecer nada, eu vou tomar aquela decisão que o militar toma. Pior do que uma decisão mal tomada, é uma indecisão. Eu não vou ficar indeciso. O tempo está correndo. Tá o tic-tac correndo, está chegando janeiro de 2021”, completou.
Bolsonaro disse ainda que "distúrbios sociais" poderiam ser usados pela esquerda para "incendiar o Brasil". “Precisamos de alternativa para aproximadamente 20 milhões de pessoas que não vão ter o que comer a partir de janeiro do ano que vem. É esse desafio que eu passo, que eu jogo para a população brasileira. Isso equivalente aproximadamente a 10% da população”, justificou.
Por fim, Bolsonaro relatou que “não existe um momento mais difícil do que esse vivido no Brasil”. “Não tenho bola de cristal, não. Um pouco de raciocínio, um pouco de estudo e coragem para decidir. Ser presidente, governador ou prefeito, não é sentar na cadeira e esperar a banda passar. Tem que tomar decisões, momentos difíceis. Não existe um momento mais difícil do que esse que estou vivendo aqui no Brasil, não existe. Tomar decisões”, concluiu.