O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, disse que vai à Justiça contra a candidata do PT à Prefeitura do Rio, Benedita da Silva, após ela o chamar de "capitão do mato a mando de Bolsonaro".
Benedita usou a expressão ao comentar a decisão de Camargo de excluir seu nome da lista de Personalidades Negras da Fundação Palmares, na quarta-feira (30/9). “Ainda hoje fui surpreendida por uma decisão arbitrária do capitão do mato que preside, a mando de Bolsonaro, a Fundação Palmares, que deveria preservar a memória e a cultura do povo negro, mas está fazendo o contrário”, disse Benedita.
Segundo Sérgio Camargo, as declarações da deputada configuram injúria racial e foram entregues a um advogado. "Benedita da Silva me chama de 'capitão do mato', expressão que, no entendimento da Justiça, configura injúria racial. Levarei as declarações da deputada à análise do meu advogado", comentou o presidente da Fundação Palmares em seu perfil no Twitter.
Camargo cita ainda o episódio envolvendo Ciro Gomes (PDT-CE) e o vereador Fernando Holiday (DEM-SP), em 2018. Holiday processou o ex-ministro após ser chamado de “capitãozinho do mato nazista” e “traidor da negritude, em entrevista à rádio Jovem Pan.
Em janeiro deste ano, a juíza Ligia dal Colletto Bueno, da 1ª Vara do Juizado Especial Cível de São Paulo, determinou a penhora de bens de Ciro para garantir o pagamento da indenização por danos morais de R$ 38 mil ao vereador paulista.
Personalidades Negras
Desde quarta-feira (30/9), a petista Benedita da Silva não faz mais parte da lista de Personalidades Negras da Fundação Palmares. Sérgio Camargo alegou que a decisão foi tomada por Benedita responder a um processo por improbidade administrativa.
"O nome da deputada Benedita da Silva (PT) foi excluído da lista de Personalidades Negras da Fundação Palmares. Benedita responde pelo crime de improbidade administrativa e seus bens foram bloqueados pela Justiça", comentou.
A petista teve os bens bloqueados em 2015 pela 6ª Vara de Fazenda Pública do Rio, que também determinou a quebra de sigilos bancário e fiscal da candidata. À época, ela foi acusada pelo Ministério Público de improbidade administrativa por dispensar licitação quando foi secretária estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, entre 2007 a 2010, no primeiro mandato de Sérgio Cabral.
Segundo a Justiça, os prejuízos causados aos cofres públicos foram de R$ 32 milhões. Ela não foi condenada no caso. No entanto, em agosto deste ano, o juiz da 6ª Vara da Fazenda Pública do Rio, Bruno Bodart, decidiu manter o bloqueio de bens da candidata.
Benedita, de 78 anos, foi a primeira senadora negra do Brasil. É de sua autoria o projeto que inscreveu Zumbi dos Palmares no panteão dos heróis nacionais. Antes de ser retirado do ar, o perfil da petista na Fundação Palmares a identificava como "autora de 84 projetos de leis de grande importância para a população. Sua atuação ajudou a escrever a história recente do país".