Jornal Estado de Minas

ELEIÇÕES 2020

João Vítor e Alexandre Kalil terão mais tempo no horário eleitoral

(foto: JUAREZ RODRIGUES/EM/D.A.PRESS - 8/9/20)
 

O Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) divulgou, ontem, o tempo de rádio e televisão que cada candidato a prefeito de Belo Horizonte terá durante a campanha. Dos 15 postulantes, 11 terão direito às inserções. João Vítor Xavier (Cidadania) e o chefe do Executivo da capital mineira, Alexandre Kalil (PSD), terão mais tempo no ar, sendo, juntos, donos de mais de 50% de cada bloco, que serão veiculados a partir do dia 9, em duas inserções diárias de 10 minutos. João Vítor terá 3min16 de cada edição; Kalil, 2min46. O terceiro é Nilmário Miranda (PT), com 1min04.





Cientistas políticos ouvidos pelo Estado de Minas acreditam que, embora tenham perdido força com o passar dos anos – sobretudo em virtude do boom das redes sociais –, as propagandas em rádio e TV têm a função de apresentar candidatos e propostas ao eleitorado, principalmente às classes de menor poder aquisitivo. “Belo Horizonte vai ter muitas candidaturas jovens, de gente que nunca tentou cargos executivos. A TV vai apresentar essas candidaturas à cidade, mas a decisão de votar está cada vez menos relacionada ao fato de aparecer, ou não, na televisão. As pessoas estão buscando fontes alternativas de informação, como as redes sociais, as conversas com amigos e os grupos de WhatsApp”, opina Felipe Nunes, cientista político e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

A propaganda eleitoral irá ao ar às 13h e às 20h30 na televisão, e às 7h e às 12h no rádio. À exceção de João Vítor, Kalil e Nilmário, os outros candidatos com tempo de exibição gratuita terão menos de um minuto para expor suas ideias. Lafayette Andrada (Republicanos), vai dispor de 38 segundos — um a mais que Luisa Barreto (PSDB). Em seguida, vêm Professor Wendel Mesquita (Solidariedade), com 19 segundos; Áurea Carolina (Psol), com 16 segundos; Marcelo de Souza e Silva (Patriota), com 15 segundos. Rodrigo Paiva (Novo) e Fabiano Cazeca (Pros) terão 14 segundos.

Na visão de Carlos Ranulfo, também cientista político e docente da UFMG, ter muitos minutos de propaganda gratuita pode ser benéfico, principalmente aos que tentarão a reeleição — caso de Kalil na capital mineira.  “O tempo de televisão não é mais o que decide a eleição em lugar nenhum do mundo, por causa das redes sociais, mas ajuda. Se você não tem nenhum tempo de TV, é sempre ruim. O tempo de televisão é bom quando há o que mostrar. Se a mensagem for muito ruim, o tempo não ajuda”, sustenta.





A base de cálculos usada para definir o tempo leva em conta, de forma majoritária — 90% — o número de deputados federais que cada partido tem na Câmara dos Deputados. Os outros 10% são divididos igualmente entre os outros partidos com postulantes à chefia do Executivo municipal. Justamente por isso, os dois candidatos com maior período de exibição são donos dos maiores leques de aliança do pleito deste ano: João Vítor tem, além do Cidadania, os apoios de DEM, PTB, PMN, Podemos, PSC, PL, PSB e PSL. Kalil, por sua vez, encabeça grupo formado por PSD, MDB, Democracia Cristã, PP, PV, Rede, Avante e PDT. Se houver segundo turno, o tempo de 10 minutos será dividido de forma igualitária entre os dois candidatos, iniciando por aquele que teve o maior número de votos.

Ranulfo, contudo, lembra que o presidente Jair Bolsonaro e o governador Romeu Zema (Novo) foram eleitos com pouco tempo de TV. Ele recorda ainda casos ocorridos em solo belo-horizontino: em 2016, Kalil chegou ao segundo turno com apenas 23 segundos de exposição em cada bloco do turno inicial. Em 1996, Célio de Castro (PSB), que venceu o pleito daquela edição, também teve pouco espaço na propaganda eleitoral obrigatória.

SEM RÁDIO E TV

A partir deste ano, legendas com baixo desempenho na eleição anterior ficam, segundo a legislação, sem direito ao tempo de rádio e televisão. Em BH, a regra atinge Bruno Engler (PRTB), Cabo Washington Xavier (PMB), Marília Domingues (PCO) e Wanderson Rocha (PSTU). Para Felipe Nunes, o quarteto precisará intensificar a campanha em outros meios, como a internet. “Eles vão ter que compensar a ausência do tempo de TV com o trabalho de redes. Um candidato pode não ter tempo de TV, mas vai aparecer na cobertura das emissoras e dos jornais”.





Carlos Ranulfo tem opinião semelhante. Ele crê que a ausência pode trazer prejuízos aos candidatos. “Não ter nenhum tempo de televisão é muito ruim. O eleitor bate o olho e pensa ‘o candidato nem está aqui’”, diz. Na audiência de ontem, o TRE-MG sorteou a ordem de exibição para o primeiro dia de campanha eleitoral no rádio e televisão. O primeiro a aparecer será João Vítor Xavier, seguido por Professor Wendel Mesquita (Solidariedade). Alexandre Kalil, por sua vez, será o quarto da lista, que é fechada por Nilmário Miranda (veja a lista ao lado). Nos outros dias, haverá rodízio na ordem de exibição.

Além de ser a segunda campanha com blocos de 10 minutos, esta será também a segunda sem horários destinados especificamente aos candidatos a vereador. Eles terão 28 minutos diários, que podem ser veiculados pelas emissoras, inclusive aos domingos, em três faixas de horário: das 5h às 11h; das 11h às 18h; e  das 18h às 24h. Os postulantes à prefeitura também terão direito a inserções nos intervalos das programações: serão 42 minutos a cada dia.

TEMPO DE CADA UM
João Vítor Xavier (Cidadania) 3min16
Alexandre Kalil (PSD) 2min46
Nilmário Miranda (PT) 1min04
Lafayette Andrada (Republicanos) 38s
Luísa Barreto (PSDB) 37s
Prof. Wendel Mesquita (Solidariedade) 19s
Áurea Carolina (Psol) 16s
Wadson Ribeiro (PCdoB) 16s
Marcelo de Souza e Silva (Patriota) 15s
Rodrigo Paiva (Novo) 14s
Fabiano Cazeca (Pros) 14s
* Bruno Engler (PRTB), Cabo Washington Xavier (PMB), Marília Domingues (PCO) e Wanderson Rocha (PSTU) não terão tempo disponível

ORDEM DE EXIBIÇÃO EM 9/10
João Vítor Xavier (Cidadania)
Professor Wendel Mesquita (Solidariedade)
Marcelo de Souza e Silva (Patriota)
Alexandre Kalil (PSD)
Lafayette de Andrada (Republicanos)
Wadson Ribeiro (PC do B)
Áurea Carolina (Psol)
Rodrigo Paiva (Novo)
Luísa Barreto (PSDB)
Fabiano Cazeca (Pros)
Nilmário Miranda (PT)