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Estado de Minas JUSTIÇA ELEITORAL

Em Santa Catarina, candidato a vereador é 'admirador' do nazismo

Professor Wander virou assunto nacional em 2014 quando sua piscina com uma suástica ao fundo foi exposta por um policial


08/10/2020 18:56

(foto: Reprodução/Twitter)
(foto: Reprodução/Twitter)
Conhecido como professor Wander, Wandercy Antonio Pugliesi, de 58 anos, concorre, neste ano, pela primeira vez, ao cargo de vereador de Pomerode, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, pelo Partido Liberal (PL). O docente universitário de história, contudo, tem um longo passado em que publicamente se diz admirador do nazismo.

Pugliesi virou assunto nacional quando, em dezembro de 2014, um policial civil flagrou, de dentro do helicóptero, uma suástica — símbolo nazista — no fundo da piscina da propriedade dele, na zona rural da cidade. À época, o órgão disse que o docente não seria enquadrado porque não teria feito nenhum tipo de apologia publicamente.

Após o episódio, situações mais antigas envolvendo o professor vieram à tona. Em 1998, professor Wander teve apreendidos pela polícia materiais relacionados ao nazismo, como livros, revistas, fotografias, gravuras do exército alemão, objetos com a suástica e uma camiseta estampada com a imagem de Adolf Hitler, líder do partido alemão.

À época, ele se declarou “admirador da ideologia nazista”, mas disse que todos os objetos faziam parte de uma coleção pessoal destinada a estudo. 

Reportagem do jornal Zero Hora, do dia 30 de julho de 1995, estampou em sua capa uma reportagem com Wandercy em que era considerado como um dos
Reportagem do jornal Zero Hora, do dia 30 de julho de 1995, estampou em sua capa uma reportagem com Wandercy em que era considerado como um dos "neonazistas do fim do milênio" (foto: Reprodução/Zero Hora)

O docente chegou a ser denunciado pelo crime de racismo, mas a ação foi arquivada. O professor pediu de volta os materiais que foram apreendidos a do Ministério Público Federal (MPF), porém, em 2001, a Justiça Federal negou.

Em entrevista para à revista Superinteressante, ele diz ter batizado o próprio filho de Adolf Roders Pugliesi.

Em sala de aula

No Vale do Itajaí, Wander era um professor carismático e piadista, segundo a Superinteressante. Ex-alunos se dividem entre a crítica e a idolatria. “Ele já tinha uma fama. Tu ia preparado para ter aula com uma pessoa meio simpática ao nazismo”, disse a jornalista Melissa Schröder, ao portal. Em 2008, em Blumenau, ela teve aula de História com o professor no 3º ano do Colégio Energia, uma rede de escolas de ensino médio com foco no vestibular espalhada por várias cidades catarinenses.

"O Wander era o típico professor carismático de cursinho, que te envolve na matéria. Na arte de ser professor, ele era bom. O problema era o conteúdo. Ele vê tudo do ponto de vista nazista e vai te ensinar História. Que adolescente vai questionar?", afirmou outra ex-aluna.

Segundo os relatos o docente não fazia pregação nazista em sala de aula, mas relativizava o Holocausto, por exemplo, comparando com o número de alemães e russos mortos na 2ª Guerra Mundial. O professor justificava o nazismo e questionava informações sobre o massacre dos judeus.

Wander manifestava posições conservadoras para além do nazismo. Temas como a ditadura militar também eram defendidos pelo professor.

Redes Sociais

A apresentação de Wandercy pelo PL já repercute nas redes sociais. O também candidato a vereador em Florianópolis pelo Partido Socialismo e Liberdade (Psol), Camasão, pede que a Justiça Federal negue a candidatura de Wander. "Santa Catarina é o estado brasileiro com o maior número de células neonazistas do Brasil. Também é o Estado que mais baixa conteúdo nazista na Internet. Precisamos cortar esse mal pela raiz!", disse, em um tuíte.


O Correio entrou em contato com o Tribunal Superior Eleitoral e o Partido Liberal e aguarda retorno sobre a candidatura do professor de história.

Crime

Segundo a lei 7.716/89, atualizada em 1997, é crime federal fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. A pena prevê prisão de dois a cinco anos e multa.


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