Jornal Estado de Minas

Eleições 2020

Críticas e afagos: candidatos à PBH enfrentam 'tribunal' das redes sociais

As redes sociais têm, cada vez mais, assumido papel fundamental nas eleições. Não está sendo diferente em 2020, ano em que prefeitos e vereadores serão escolhidos pela população. Em Belo Horizonte, o começo da propaganda eleitoral, na última sexta-feira, surtiu efeito na internet, com críticas e elogios ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que está evitando fazer campanha aberta aos candidatos, mas que declarou apoio a Bruno Engler (PRTB) para a prefeitura da capital mineira.





A declaração foi divulgada na sexta-feira. Na ocasião, Bruno Engler compartilhou vídeo no Twitter, no qual o presidente da República diz que, se fosse mineiro, votaria no candidato para prefeito. O desempenho do concorrente do PRTB nas redes sociais após o compartilhamento do vídeo melhorou de forma substancial, passando até mesmo o de Alexandre Kalil (PSD), candidato à reeleição, que liderava no quesito engajamento. As performances dos postulantes a prefeito da capital mineira na internet foram medidas em análise feita com exclusividade para o Estado de Minas pela VoxRadar, empresa de análise de dados de redes sociais digitais e canais de notícias

A aferição de desempenho dos candidatos foi feita de sexta-feira até a manhã de sábado, levando em conta, por exemplo, número de postagens citando o candidato, além do volume de curtidas e compartilhamentos dos posts. O estudo também contém a  análise do nível de “sensibilidade” por parte dos internautas, que pode ser positiva ou negativa.

Bruno Engler surfou na condição de celebridade após postar vídeo em que Jair Bolsonaro diz que votaria nele se fosse mineiro (foto: Reprodução/Twitter)


No caso de Bruno Engler, o quesito apresenta elevação significativa nos dois tipos de sentimentos, o que pode ser reflexo do apoio de Bolsonaro à sua candidatura. A maior variação foi aferida no sábado, sendo que a parte positiva se destacou da negativa. Movimento semelhante havia sido registrado em 27 de setembro, quando o candidato do PRTB usou as redes sociais para disparar contra seu partido na escolha do vice da chapa.

Bruno Engler, que aparece com 3% das intenções de voto, de acordo com a pesquisa do Instituto Datafolha divulgada na quinta-feira passada, não tem direito a tempo de televisão. Isso porque, de acordo com a legislação, a partir deste ano, legendas que tiveram baixo desempenho na eleição anterior ficam sem direito ao tempo de rádio e de TV. Dessa forma, dos 15 candidatos à PBH, quatro não têm direito aos 10 minutos disponíveis. Além de Engler, ficaram de fora Wanderson Rocha (PSTU), Marília Garcia Domingues (PCO) e Cabo Xavier (PMB).



Comportamento O índice de sensibilidade aferido pelo estudo, como ficou exemplificado no caso de Engler, passa pelo comportamento dos candidatos dentro e fora das redes sociais. Em algumas ocasiões, as reações podem acontecer de forma indireta, como em divulgações de pesquisa, por exemplo.

Luisa Barreto amargou a cobrança nas redes por ter enfatizado participação na gestão do governo estadual (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press %u2013 16/9/20)


Foi o que ocorreu em relação à performance de Alexandre Kalil em 2 de outubro, quando foi divulgada a primeira pesquisa eleitoral, feita pelo Ibope e encomendada pela TV Globo, que indicava a liderança do candidato do PSD, com 58% das intenções de voto. Naquele dia, houve um pico de reações positivas com o nome do atual prefeito da capital nas redes sociais.

João Vítor Xavier (Cidadania), por sua vez, teve dois momentos de sentimentos de internautas aferidos pela análise: no dia 1º deste mês, data em que foi realizado o primeiro debate entre os candidatos à prefeitura na TV Bandeirantes, Xavier teve reações negativas na internet em destaque. Porém, no dia seguinte, a situação mudou e o candidato passou a ter mais postagens positivas envolvendo o seu nome.



Luísa Barreto (PSDB) conquistou ápice de reações positivas no último dia 2, com algumas postagens negativas envolvendo o seu nome. Já no dia 6, a candidata chegou no “auge” pelo lado negativo. Áurea Carolina (Psol), assim como a concorrente do PSDB, teve dois momentos no dia 2. No entanto, o lado positivo acabou sobressaindo.

Os termos A análise também formou uma “nuvem” de palavras, que são os principais termos relacionados aos candidatos à PBH. No caso de Alexandre Kalil, “vai”, “ser”, “prefeito” e “ano” aparecem entre os destaques. Também fazem parte da relação as palavras “voto”, “candidato”, “turno” e “cruzeiro”.

As principais palavras captadas quando se busca por João Vítor Xavier no Twitter são: “gente”, “prefeito”, “vai” e “cara”, além de “mineradora” e “propaganda”. Bruno Engler, por sua vez, tem “bolsonaro”, “prefeito” e “candidato” como principais termos, por causa do apoio dado por Jair Bolsonaro na sexta-feira. Outras palavras também foram destacadas, como “apoio”, “voto” e “conservador”.



Quando a análise estudou o nome de Áurea Carolina, os termos a seguir foram os principais: “campanha”, “prefeita”, “votar”, “agora”, “voto”, “listagem”, “aqui”, “cidade” e “belo”. Já no caso de Luísa Barreto, apenas uma palavra se destacou: “governo”. Outras também marcaram presença, como “proposta”, “deia”, “programa”, etc.

Engajamento nada fácil de ser mantido


O estudo também aferiu as principais publicações dos candidatos no Twitter. A repercussão foi medida em termos de número de curtidas e de retweets. No caso de Alexandre Kalil, a principal publicação envolvendo o seu nome é de uma apoiadora de Bolsonaro, que denominou o atual prefeito de BH como “coveiro”. Na ocasião, ela compartilhou uma matéria na qual o presidente da República declarava apoio a Bruno Engler na capital.

Três dos cinco tweets que tiveram mais engajamento com o nome de João Vítor Xavier foram publicados na própria rede social do candidato, com propostas para a capital mineira, sobretudo para as áreas de saúde e segurança. Os outros dois posts são de pessoas que criticaram o candidato durante a veiculação da propaganda eleitoral gratuita.



A principal publicação com engajamento envolvendo o nome de Bruno Engler partiu do deputado federal Junio Amaral (PSL), que disse que “Belo Horizonte vai ter prefeito conservador, sim”. O segundo com mais repercussão foi publicado pelo Estado de Minas, com a matéria sobre o apoio de Bolsonaro ao candidato do PRTB. Um post de apoio da deputada federal Alê Silva (PSL), um convite para a inauguração do comitê do postulante e um encontro com um pastor na capital completam a lista.

Em relação à campanha de Áurea Carolina, quatro das cinco postagens com maior engajamento partiram da própria candidata, que repercutiu o fato de a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) ter a primeira mulher negra presidindo uma sessão – no caso, Andreia de Jesus (Psol). A segunda maior postagem da lista é de uma foto de Áurea criança fazendo um comparativo com uma imagem da deputada federal já adulta. Completam a relação publicações voltadas para áreas do meio ambiente e social.

Publicação questionando a campanha de Luísa Barreto é a com mais engajamento, de acordo com o estudo. Na ocasião, um seguidor disse que “ficar falando que foi secretária do Zema não ajuda a ganhar voto em BH”.  Luísa foi secretária-adjunta de Planejamento e Gestão do governo de Romeu Zema (Novo). Publicações de convites para  debater ideias e uma de análise da campanha da candidata também se destacaram.