As redes sociais têm, cada vez mais, assumido papel fundamental nas eleições. Não está sendo diferente em 2020, ano em que prefeitos e vereadores serão escolhidos pela população. Em Belo Horizonte, o começo da propaganda eleitoral, na última sexta-feira, surtiu efeito na internet, com críticas e elogios ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que está evitando fazer campanha aberta aos candidatos, mas que declarou apoio a Bruno Engler (PRTB) para a prefeitura da capital mineira.
A aferição de desempenho dos candidatos foi feita de sexta-feira até a manhã de sábado, levando em conta, por exemplo, número de postagens citando o candidato, além do volume de curtidas e compartilhamentos dos posts. O estudo também contém a análise do nível de “sensibilidade” por parte dos internautas, que pode ser positiva ou negativa.
No caso de Bruno Engler, o quesito apresenta elevação significativa nos dois tipos de sentimentos, o que pode ser reflexo do apoio de Bolsonaro à sua candidatura. A maior variação foi aferida no sábado, sendo que a parte positiva se destacou da negativa. Movimento semelhante havia sido registrado em 27 de setembro, quando o candidato do PRTB usou as redes sociais para disparar contra seu partido na escolha do vice da chapa.
Bruno Engler, que aparece com 3% das intenções de voto, de acordo com a pesquisa do Instituto Datafolha divulgada na quinta-feira passada, não tem direito a tempo de televisão. Isso porque, de acordo com a legislação, a partir deste ano, legendas que tiveram baixo desempenho na eleição anterior ficam sem direito ao tempo de rádio e de TV. Dessa forma, dos 15 candidatos à PBH, quatro não têm direito aos 10 minutos disponíveis. Além de Engler, ficaram de fora Wanderson Rocha (PSTU), Marília Garcia Domingues (PCO) e Cabo Xavier (PMB).
Comportamento O índice de sensibilidade aferido pelo estudo, como ficou exemplificado no caso de Engler, passa pelo comportamento dos candidatos dentro e fora das redes sociais. Em algumas ocasiões, as reações podem acontecer de forma indireta, como em divulgações de pesquisa, por exemplo.
Foi o que ocorreu em relação à performance de Alexandre Kalil em 2 de outubro, quando foi divulgada a primeira pesquisa eleitoral, feita pelo Ibope e encomendada pela TV Globo, que indicava a liderança do candidato do PSD, com 58% das intenções de voto. Naquele dia, houve um pico de reações positivas com o nome do atual prefeito da capital nas redes sociais.
João Vítor Xavier (Cidadania), por sua vez, teve dois momentos de sentimentos de internautas aferidos pela análise: no dia 1º deste mês, data em que foi realizado o primeiro debate entre os candidatos à prefeitura na TV Bandeirantes, Xavier teve reações negativas na internet em destaque. Porém, no dia seguinte, a situação mudou e o candidato passou a ter mais postagens positivas envolvendo o seu nome.
Luísa Barreto (PSDB) conquistou ápice de reações positivas no último dia 2, com algumas postagens negativas envolvendo o seu nome. Já no dia 6, a candidata chegou no “auge” pelo lado negativo. Áurea Carolina (Psol), assim como a concorrente do PSDB, teve dois momentos no dia 2. No entanto, o lado positivo acabou sobressaindo.
Os termos A análise também formou uma “nuvem” de palavras, que são os principais termos relacionados aos candidatos à PBH. No caso de Alexandre Kalil, “vai”, “ser”, “prefeito” e “ano” aparecem entre os destaques. Também fazem parte da relação as palavras “voto”, “candidato”, “turno” e “cruzeiro”.
As principais palavras captadas quando se busca por João Vítor Xavier no Twitter são: “gente”, “prefeito”, “vai” e “cara”, além de “mineradora” e “propaganda”. Bruno Engler, por sua vez, tem “bolsonaro”, “prefeito” e “candidato” como principais termos, por causa do apoio dado por Jair Bolsonaro na sexta-feira. Outras palavras também foram destacadas, como “apoio”, “voto” e “conservador”.
Quando a análise estudou o nome de Áurea Carolina, os termos a seguir foram os principais: “campanha”, “prefeita”, “votar”, “agora”, “voto”, “listagem”, “aqui”, “cidade” e “belo”. Já no caso de Luísa Barreto, apenas uma palavra se destacou: “governo”. Outras também marcaram presença, como “proposta”, “deia”, “programa”, etc.
Engajamento nada fácil de ser mantido
O estudo também aferiu as principais publicações dos candidatos no Twitter. A repercussão foi medida em termos de número de curtidas e de retweets. No caso de Alexandre Kalil, a principal publicação envolvendo o seu nome é de uma apoiadora de Bolsonaro, que denominou o atual prefeito de BH como “coveiro”. Na ocasião, ela compartilhou uma matéria na qual o presidente da República declarava apoio a Bruno Engler na capital.
Três dos cinco tweets que tiveram mais engajamento com o nome de João Vítor Xavier foram publicados na própria rede social do candidato, com propostas para a capital mineira, sobretudo para as áreas de saúde e segurança. Os outros dois posts são de pessoas que criticaram o candidato durante a veiculação da propaganda eleitoral gratuita.
A principal publicação com engajamento envolvendo o nome de Bruno Engler partiu do deputado federal Junio Amaral (PSL), que disse que “Belo Horizonte vai ter prefeito conservador, sim”. O segundo com mais repercussão foi publicado pelo Estado de Minas, com a matéria sobre o apoio de Bolsonaro ao candidato do PRTB. Um post de apoio da deputada federal Alê Silva (PSL), um convite para a inauguração do comitê do postulante e um encontro com um pastor na capital completam a lista.
Em relação à campanha de Áurea Carolina, quatro das cinco postagens com maior engajamento partiram da própria candidata, que repercutiu o fato de a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) ter a primeira mulher negra presidindo uma sessão – no caso, Andreia de Jesus (Psol). A segunda maior postagem da lista é de uma foto de Áurea criança fazendo um comparativo com uma imagem da deputada federal já adulta. Completam a relação publicações voltadas para áreas do meio ambiente e social.
Publicação questionando a campanha de Luísa Barreto é a com mais engajamento, de acordo com o estudo. Na ocasião, um seguidor disse que “ficar falando que foi secretária do Zema não ajuda a ganhar voto em BH”. Luísa foi secretária-adjunta de Planejamento e Gestão do governo de Romeu Zema (Novo). Publicações de convites para debater ideias e uma de análise da campanha da candidata também se destacaram.