Um relatório da Polícia Federal (PF) encaminhado para o Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (15) detalha como foi a descoberta da tentativa de ocultação de dinheiro do senador Chico Rodrigues (DEM-RR).
O parlamentar, que era vice-líder do governo Bolsonaro no Senado, é investigado em inquérito que apura desvio de recursos destinados ao enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. O senador foi flagrado com dinheiro entre as nádegas durante a operação da Polícia Federal.
No fim da tarde de hoje, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o afastamento do senador Chico Rodrigues (DEM-RR).
Relatório
A Polícia Federal preferiu não mostrar para Barroso o vídeo da apreensão de dinheiro na cueca do senador 'para evitar maiores constrangimentos'. Apesar disso, a decisão do ministro relata alguns trechos do relatório feito pela PF.
No relatório, a PF descreveu em detalhes como percebeu o esconderijo escolhido por Rodrigues.
De acordo com o documento, Rodrigues pediu ao delegado Wedson se poderia ir ao banheiro. Ao responder que sim, ele acompanhou o senador. "Nesta hora, o delegado Wedson percebeu que havia um grande volume, em formato retangular, na parte traseira das vestes do senador Chico Rodrigues, que utilizava um short azul (tipo pijama) e uma camisa amarela."
De acordo com o documento, Rodrigues pediu ao delegado Wedson se poderia ir ao banheiro. Ao responder que sim, ele acompanhou o senador. "Nesta hora, o delegado Wedson percebeu que havia um grande volume, em formato retangular, na parte traseira das vestes do senador Chico Rodrigues, que utilizava um short azul (tipo pijama) e uma camisa amarela."
"Considerando o volume e seu formato, o delegado Wedson suspeitou estar o senador escondendo valores ou mesmo algum aparelho celular. Ao ser perguntado sobre o que havia em suas vestes, o senador ficou bastante assustado e disse que não havia nada", continua a PF.
"Ante a fundamentada suspeita, já que o volume destoava completamente do pijama utilizado pelo senador e a informação que não havia nada consigo, o delegado Wedson decidiu fazer uma busca pessoal no senador”, descreve a polícia.
O relatório ainda diz que 'conforme imagens abaixo (vídeo encaminhado para Barroso) ao fazer a busca pessoal no senador, num primeiro momento, foi encontrado no interior de sua cueca, próximo às suas nádegas, maços de dinheiro que totalizaram a quantia de R$ 15 mil, conforme descrito no item 3 do Termo de Apreensão em anexo”.
Ainda segundo a PF, o senador foi 'indagado se havia consigo mais alguma quantia de valores em espécie. Ao ser indagado pela terceira vez, com bastante raiva, enfiou a mão em sua cueca, e sacou outros maços de dinheiro, que totalizaram a quantia de R$ 17 mil e 900."
O documento também informa que a diligência foi acompanhada pelo advogado de Chico Rodrigues.
Família Bolsonaro
Chico Rodrigues mantinha boa relação com a família Bolsonaro. Em um vídeo feito em 2018, o senador justifica o apoio a Bolsonaro em função dos 20 anos de convivência na Câmara.
“Quase uma união estável”, responde o presidente.
Rodrigues também emprega em seu gabinete Leonardo Rodrigues de Jesus, conhecido como Léo Índio, primo de Flávio, Carlos (com quem morava no Rio de Janeiro) e Eduardo.
Entenda
Na última quarta-feira (14), Rodrigues foi pego com uma grande quantia de dinheiro vivo na cueca em Boa Vista.
A Polícia Federal cumpria um mandado de busca e apreensão por suspeita de desvios de recursos públicos de emendas parlamentares destinadas ao combate à pandemia de COVID-19.
A Polícia Federal cumpria um mandado de busca e apreensão por suspeita de desvios de recursos públicos de emendas parlamentares destinadas ao combate à pandemia de COVID-19.
*Estagiária sob supervisão do subeditor Daniel Seabra