A Câmara Municipal de Belo Horizonte recebeu, nesta terça-feira, a notificação judicial que informa, de forma oficial, a prisão preventiva do vereador Ronaldo Batista (PSC), suspeito de mandar matar o sindicalista e parlamentar de Funilândia, na Região Central de Minas, Hamilton Dias de Moura (MDB).
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O suspeito está no Ceresp da Gameleira desde a última quinta-feira (15), quando foi detido pela Polícia Civil. Antes de seguir para a prisão, ele prestou depoimento.
Moura foi morto dentro do próprio carro com 12 tiros na cabeça e no pescoço em 23 de julho deste ano, no bairro Jardinópolis, próximo à estação de metrô Vila Oeste, na capital.
Segundo o delegado Domênico Rocha, do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP), o assassinato foi motivado por vingança e disputas sindicais. Personalidade respeitada entre sindicalistas do setor de transportes, Hamilton era presidente do Sindicato dos Motoristas e Empregados em Empresas de Transporte de Cargas, Logística em Transporte e Diferenciados de Belo Horizonte e Região (SIMECLODIF).
Batista, por sua vez, é presidente da Federação dos Trabalhadores de Transporte Rodoviário de Minas Gerais (Fettrominas) e, até 2018, esteve à frente do Sindicato dos Trabalhadores em Rodoviários de Belo Horizonte e Região (STTRBH).
Moura e Batista chegaram a ser aliados, mas romperam relações em 2010. De acordo com as investigações, os processos eram movidos por sindicalistas, cujos advogados eram pagos por Hamilton. As ações reivinvicavam ressarcimentos e indenizações por supostos desvios de verba e má gestão de recursos do STTRBH.
A última condenação judicial de Batista, que determinou o bloqueio R$ 500 mil em bens do vereador, data de 9 de julho. O assassinato do parlamentar de Funilândia ocorreu 14 dias depois.
Segundo a polícia, o parlamentar de BH foi apontado como mandante do homicídio por um de seus comparsas. "O advogado dele nos procurou para fechar um acordo de colaboração premiada", afirmou Domênico, na última sexta-feira, em entrevista coletiva convocada para tratar do caso.
Batista nega acusações
Na quinta, antes de ser encaminhado ao Ceresp, Ronaldo Batista negou participação no assassinato. "Ele (Hamilton) ficou bravo porque assumi o sindicato no lugar dele", se limitou a dizer.
Em agosto, seu gabinete na Câmara foi alvo de mandado de busca e apreensão por causa do caso envolvendo a morte de Hamilton. O filiado ao PSC assumiu uma das 41 cadeiras da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) em agosto de 2019, após Cláudio Duarte (PSL) ser cassado pela prática de "rachadinha".
O parlamentar teve o nome aprovado por seu partido na convenção interna da legenda para tentar a reeleição. Ele, no entanto, acabou desistindo da candidatura – tanto que nem consta na base de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Questionado sobre o tema ao deixar a delegacia da Polícia Civil, Batista confirmou ter abandonado a ideia de reeleição por conta da repercussão do caso.
Colegas cogitam abrir processo de cassação
Na semana passada, o Estado de Minas mostrou que vereadores da capital defendem a abertura do processo de cassação do mandato de Batista para que, inclusive, ele possa se defender das acusações.O corregedor da Câmara, Bim da Ambulância (PSD), afirmou que vai conversar com a presidente do Legislativo, Nely Aquino (Podemos), sobre a possibilidade de abertura de um processo de cassação.
Com informações de Cecília Emiliana