Jair Bolsonaro (sem partido), presidente da República, afirmou nesta quarta-feira que o Brasil não comprará a vacina CoronaVac, contra o novo coronavírus, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. O governante passou a informação após ser questionado no Facebook.
"Bom dia, presidente. Exonera (Eduardo) Pazuello urgente, ele está sendo cabo eleitoral do (João) Doria. Ministro traíra", escreveu uma apoiadora, nas redes.
"Tudo será esclarecido ainda hoje (quarta-feira). Não compraremos a vacina da China", respondeu Bolsonaro.
A resposta de Bolsonaro acontece um dia após o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, assinar protocolo de intenções para adquirir 46 milhões de doses da CoronaVac. A assinatura, seguida de anúncio, aconteceu após reunião virtual com governadores, entre eles João Doria, chefe do Executivo do estado de São Paulo.
Segundo o Ministério da Saúde, é mais um passo na estratégia de ampliar a oferta de vacinação para os brasileiros. A pasta já tinha acordo com a AstraZeneca/Oxford, que previa 100 milhões de doses da vacina, e outro com a iniciativa Covax, da Organização Mundial da Saúde, com mais 40 milhões de doses. A expectativa do ministério era de que a vacinação, que não será obrigatória, conforme já havia anunciado Bolsonaro, seja iniciada em janeiro de 2021, mas vai depender dos resultados da fase 3 das vacinas, que testa eficácia, e de liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Somadas, as três vacinas (AstraZeneca, Covax e Butantan-Sinovac) representam 186 milhões de doses, a serem disponibilizadas ainda no primeiro semestre de 2021. Segundo o ministro, as doses serão distribuídas em todo o Brasil por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI). “Temos a expertise de todos os processos que envolvem esta logística, conquistada ao longo de 47 anos de PNI. As vacinas vão chegar aos brasileiros de todos os estados”, disse Pazuello.
Para o protocolo de intenções de compra de doses da CoronaVac, a intenção era que nova medida provisória fosse editada para disponibilizar crédito orçamentário de R$ 1,9 bilhão. O Ministério da Saúde já havia anunciado também investimento de R$ 80 milhões para ampliação da estrutura do Butantan, que auxiliará na produção da vacina. Segundo o ministério, o processo de aquisição ocorrerá após o imunizante ser aprovado e obter o registro na Anvisa.
Além dessas doses iniciais, a partir de abril de 2021, a Fiocruz deve começar a produção própria da AstraZeneca e disponibilizar ao país até 165 milhões de doses durante o segundo semestre de 2021. O acordo do Butantan com a Sinovac também prevê a transferência de tecnologia e, com isso, o instituto deve passar a produzir 100 milhões de doses por ano com sua nova fábrica. Segundo o ministério, o primeiro grupo a ser imunizado serão os profissionais da saúde e pessoas do grupo de risco para a covid-19 (a doença provocada pelo novo coronavírus).
A CoronaVac já está na fase 3 de testes em humanos. Ao todo, os testes, que começaram no Brasil em julho, serão realizados em 13 mil voluntários. Caso a última etapa de testes comprove a eficácia da vacina, ou seja, comprove que ela realmente protege contra o novo coronavírus, o acordo entre a Sinovac e o Butantan prevê a transferência de tecnologia para produção do imunizante no Brasil.
A CoronaVac prevê a administração de duas doses por pessoa. O diretor do Butantan, Dimas Covas, disse que a CoronaVac é segura, porque não apresenta efeitos colaterais graves. Ele também disse que os resultados de eficácia ainda não foram finalizados, mas que ele espera que isso seja possível de acontecer até dezembro deste ano.