A nova desautorização pública de Jair Bolsonaro (sem partido), presidente da República, contra o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, lembra outros casos do chefe do Executivo, envolvendo ministros da própria Saúde e de outras pastas, como Justiça e Segurança Pública e Economia. Nesta quarta-feira, o governante afirmou que o Brasil não comprará a vacina CoronaVac, contra o novo coronavírus, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac Biotech em parceria com o Instituto Butantan, centro de pesquisa biomédica associado à Universidade de São Paulo (USP).
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Sucessor de Mandetta e antecessor de Pazuello no Ministério da Saúde, Nelson Teich também foi desautorizado por Bolsonaro. O então ministro Teich era contrário ao uso da coloroquina para o tratamento da COVID-19 e destacava que o medicamento poderia causar efeitos colaterais. Por sua vez, o presidente defendia publicamente o uso do remédio em pacientes com sintomas leves do novo coronavírus.
Teich deixou o governo em maio deste ano. Pazuello comandou a Saúde interinamente até setembro, quando foi oficializado na chefia. As desautorizações, contudo, também minaram ministros de outras pastas.
MORO
O principal deles, com sequelas de rivalidade e até rompimento de apoiadores, foi Sergio Moro, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública. Moro entrou em conflito com Bolsonaro em diversos momentos enquanto chefe da pasta.
Uma desautorização que chamou atenção aconteceu logo em fevereiro de 2019, quando Moro indicou a cientista política Ilona Szabó como suplente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP). Após a nomeação e críticas diversas vindas do presidente e de seus seguidores, ela foi barrada por Bolsonaro, o que forçou Moro a recuar na nomeação.
Desde então, até a saída de Moro em abril deste ano por conta de divergências envolvendo possíveis interferências do Governo Federal na atuação da Polícia Federal (PF), a relação entre Bolsonaro e o ex-ministro não foi das melhores. Apesar disso, há ministros desautorizados que permanecem no cargo.
É o caso de Paulo Guedes, ministro da Economia desde o início do governo Bolsonaro. Esse é outro caso que, apesar de mais branda que a de Moro, há pressão do presidente em várias decisões. A mais recente desautorização foi em setembro deste ano.
A equipe econômica queria propor, por meio do Renda Brasil, o congelamento dos benefícios previdenciários, como aposentadorias e pensões, nos próximos dois anos. Bolsonaro disse que foi "surpreendido por manchetes em todos os jornais" sobre o congelamento das aposentadorias e pensões e foi além, ao falar que quem sugerir congelamento de aposentadorias e pensões receberá "cartão vermelho". "Está proibido falar em Renda Brasil", afirmando em seguida que o Bolsa Família será mantido e não substituído.
Futuro de Pazuello e da vacina no Brasil
Agora, há expectativa sobre o futuro de Pazuello no cargo e sua atuação após embate com Bolsonaro. Segundo o próprio presidente, na resposta dada nesta quarta-feira sobre a CoronaVac e a decisão do ministro pela compra das vacinas, "tudo será esclarecido ainda hoje (quarta-feira)”.