Jornal Estado de Minas

BRIGA POLÍTICA

Bolsonaro tinha conhecimento de intenção de compra da CoronaVac, mas recuou após pressão de apoiadores

No último final de semana, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi informado sobre a intenção de compra da CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a indústria chinesa Sinovac, por parte do Ministério da Saúde. No entanto, Bolsonaro acabou recuando ao ver que apoiadores passaram a criticar a ideia nas redes sociais.





De acordo com o Jornal Folha de S. Paulo, assessores do Palácio do Planalto e do Ministério da Saúde disseram que Bolsonaro não emitiu opiniões contrárias à iniciativa no começo da ideia, mas tudo mudou no fim da tarde dessa terça-feira (20). Na ocasião, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, havia anunciado a intenção de compra da CoronaVac por parte do governo federal.

A “vacina chinesa”, como foi chamada por bolsonaristas nas redes sociais, foi alvo de críticas por parte dos apoiadores do presidente. Incomodado, de acordo com a Folha de S. Paulo, Bolsonaro ligou para Pazuello para falar que se posicionaria contra a compra da CoronaVac, algo que acabou se concretizando na manhã desta quarta (21).

Ainda de acordo com o periódico, Bolsonaro e Pazuello alinharam que fariam a divulgação de uma nota pública, que trataria o caso como uma “interpretação equivocada”. O fato também se concretizou nesta quarta, quando o secretário-executivo de Saúde, Élcio Franco, comunicou que o governo federal não fez acordo com o governo de São Paulo para a compra das doses da vacina contra a COVID-19.





Pazuello, segundo o jornal, foi elogiado por Bolsonaro por ter tido uma reação rápida. O presidente afirmou que o ministro não seguiu a linha de Luiz Henrique Mandetta - chefe da pasta no início da pandemia -, que resistia a seguir as orientações dadas por Bolsonaro.

Bolsonaro x Dória


Além da reprovação dos apoiadores, outro fator que levou Bolsonaro a recuar, de acordo com a Folha, foi o fato de o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), ter comemorado após o anúncio de intenção de compra feito por Pazuello. Na ocasião, Dória havia dito que o Brasil havia vencido.

A ordem no governo é que ministros não tratem sobre iniciativas de imunização com Dória, que é um dos principais adversários de Bolsonaro pela cadeira presidencial em 2022.

O tucano é pré-candidato à sucessão presidencial em 2022, quando Bolsonaro pretende disputar a reeleição. Em mensagem a ministros, relatada à Folha, o presidente ordenou que, a partir de agora, sua equipe não trate sobre iniciativas de imunização com o governador paulista.

audima