No último final de semana, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi informado sobre a intenção de compra da CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a indústria chinesa Sinovac, por parte do Ministério da Saúde. No entanto, Bolsonaro acabou recuando ao ver que apoiadores passaram a criticar a ideia nas redes sociais.
De acordo com o Jornal Folha de S. Paulo, assessores do Palácio do Planalto e do Ministério da Saúde disseram que Bolsonaro não emitiu opiniões contrárias à iniciativa no começo da ideia, mas tudo mudou no fim da tarde dessa terça-feira (20). Na ocasião, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, havia anunciado a intenção de compra da CoronaVac por parte do governo federal.
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Pazuello, segundo o jornal, foi elogiado por Bolsonaro por ter tido uma reação rápida. O presidente afirmou que o ministro não seguiu a linha de Luiz Henrique Mandetta - chefe da pasta no início da pandemia -, que resistia a seguir as orientações dadas por Bolsonaro.
Bolsonaro x Dória
Além da reprovação dos apoiadores, outro fator que levou Bolsonaro a recuar, de acordo com a Folha, foi o fato de o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), ter comemorado após o anúncio de intenção de compra feito por Pazuello. Na ocasião, Dória havia dito que o Brasil havia vencido.
A ordem no governo é que ministros não tratem sobre iniciativas de imunização com Dória, que é um dos principais adversários de Bolsonaro pela cadeira presidencial em 2022.
O tucano é pré-candidato à sucessão presidencial em 2022, quando Bolsonaro pretende disputar a reeleição. Em mensagem a ministros, relatada à Folha, o presidente ordenou que, a partir de agora, sua equipe não trate sobre iniciativas de imunização com o governador paulista.