Jornal Estado de Minas

ELEIÇÕES 2020

Candidatos visitam Barreiro, mas lideranças reclamam de falta de políticas para a região

O Barreiro é uma cidade dentro da cidade, como costumam dizer os moradores da região. Mais de 380 mil habitantes, 102 bairros, seis ocupações urbanas e uma produção cultural efervescente. No entanto, se os números impressionam pela grandeza, os problemas são também superlativos.



Quatro candidatos à prefeitura da capital cumpriram agenda na região, nesta manhã de sábado (24), com o propósito de alcançar um dos maiores colégios eleitorais da capital: Áurea Carolina (Psol), Bruno Engler (PRTB), Fabiano Cazeca (Pros) e Luisa Barreto (PSDB). "O Barreiro decide eleição. É importante vir aqui para passar a nossa mensagem. Uma boa votação no Barreiro impulsiona qualquer candidato para o segundo turno ou a vitória", afirmou Bruno.

Os candidatos enfrentaram as chuvas, nesta manhã de sábado.  Áurea visitou e almoçou na Ocupação Eliana Silva, onde se encontrou com lideranças das ocupações Elina Silva, Paulo Freire e Nelson Mandela. A candidata defendeu que é necessário implementar mesmo padrão de políticas públicas para todas as regiões da cidade. Criticou as desigualdades regionais na capital e  apresentou propostas de enfrentamento das desigualdades, como a correção de investimentos e na política tributária para que a região possa ter melhor acesso aos serviços públicos, como saúde e educação. 

“Defendemos um orçamento igualitário e destinação de investimento de forma participativa para todas as regiões da cidade, para ter o mesmo padrão de política pública, de manutenção de limpeza, de saneamento básico, de prestação do serviço de saúde, educação, entre outros”, disse.



Áurea também ressaltou que é importante a regularização fundiária dos territórios das ocupações. “Temos que garantir a infraestrutura urbana para que esses territórios tenham acesso a todos os direitos fundamentais”, argumentou.
Bruno Engler visitou a Vila Pinho (foto: Luidgi Carvalho/Divulgação)

Bruno, depois de fazer panfletagem nos bairros, inaugurou um comitê na região. "Demos sorte. Até chegar ao comitê não estava chovendo. Conseguimos fazer uma caminhada, conseguimos inaugurar o comitê. Depois viemos para a Vila Pinho, já de baixo de chuva, mas a chuva não está forte, conseguimos conversar com as pessoas na rua", informou.

Ele defendeu a aproximação do poder público das regionais. A proposta é transformar as regionais em subprefeituras com maior autonomia e agilidade para resolver os problemas da população. Defendeu também a instalação de centros integrados de segurança pública nas regionais e de unidades do BH Resolve nas regionais. "É uma forma de as pessoas terem a prefeitura mais próxima de suas casas", disse.





Luísa conversou com comerciantes e com os moradores da região. “As demandas são muito simples. Em primeiro lugar os comerciantes pedem mais diálogo por parte da prefeitura e mais apoio. Eles sofreram muito por conta da pandemia e não encontram ajuda por parte da prefeitura”.

A candidata afirmou que ouviu muitas queixas em relação ao transporte público, considerado “muito caro”. “Vamos criar o centro de recuperação de negócios para ajudar os comerciantes, fornecendo a ele apoio institucional da prefeitura e desburocratizando a cidade. Para todo mundo que mora aqui e trabalha aqui vamos promover a tarifa flexível que vai reduzir o valor da passagem de ônibus para que possam trafegar nos horários em que os ônibus estão mais vazios”, disse.
Luisa Barreto conversou com comerciantes e moradores (foto: Cláudio Cunha/Divulgação)

DESAFIO DO TAMANHO DE UMA CIDADE 

O produtor cultural Fabrício dos Santos, Mano Bill, que milita no movimento hip hop há 23 anos, afirma que o Barreiro contribui, sob a forma de tributos, serviços e produção cultural para a capital. No entanto,o retorno em ações públicas para a região fica a desejar. Em 2018, os grupos locais, depois de um encontro das juventudes, elaborou um documento com 250 demandas nos eixos de mobilidade, cultura, em especial a literatura, e ações sociais.



Entre as propostas, estavam a construção de um teatro público e a instalação da tão sonhada linha de metrô, ligando a região ao  Centro.  No entanto, dois anos depois, as reivindicações ainda não foram atendidas. “O Barreiro é uma cidade dentro de BH, mas temos muitas mazelas não cumpridas e sanadas”, argumentou.

Mano Bill afirmou que é necessário que o futuro prefeito tenha atenção às ocupações que reúnem cerca de 5 mil moradias na região. Ele lembra que as ocupações costumam ser atingidas pelas chuvas, o que traz muitos prejuízos e transtornos.  A região sofre com problemas estruturais das Bacias do Rio Arrudas, como enchentes na Avenida Teresa Cristina, por exemplo.

“Aqui tem tudo. Não precisamos ir ao Centro para nada. Mas  a devolutiva do poder público é muito pouca. Fica desnivelado o que o Barreiro dá para a cidade e o que volta para cá. A região se sente abandonada e invisível. É preciso um novo olhar para o Barreiro, que só está crescendo”

Outro problema é o transporte público. Mano Bill defende que a linha de metrô resolveria o problema de mobilidade não só para a população do Barreiro, mas de cidades vizinhas como Ibirité, Sarzedo e Brumadinho.




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