Candidato do Novo à Prefeitura de Belo Horizonte, Rodrigo Paiva deposita fichas na geração de empregos. Para criar postos de trabalho, ele propõe enxugar a máquina pública para poupar recursos e proporcionar a diminuição de impostos.
Afrouxar os tributos pode, na visão dele, atrair empresas e, assim, aumentar as vagas. O engenheiro se inspira no modelo adotado pelo colega de partido Romeu Zema, que promoveu reforma administrativa no governo estadual.
Antes de tentar chegar ao Executivo da capital mineira, Paiva era diretor-presidente da Companhia de Tecnologia do Estado de Minas Gerais (Prodemge). Na última sexta-feira, ele concedeu entrevista ao Estado de Minas. Os principais pontos da conversa podem ser lidos neste texto.
Afrouxar os tributos pode, na visão dele, atrair empresas e, assim, aumentar as vagas. O engenheiro se inspira no modelo adotado pelo colega de partido Romeu Zema, que promoveu reforma administrativa no governo estadual.
Antes de tentar chegar ao Executivo da capital mineira, Paiva era diretor-presidente da Companhia de Tecnologia do Estado de Minas Gerais (Prodemge). Na última sexta-feira, ele concedeu entrevista ao Estado de Minas. Os principais pontos da conversa podem ser lidos neste texto.
Para o transporte, o candidato prende dialogar com empresas de ônibus e trabalhar para que as obras da segunda linha do metrô – condicionadas à multa de R$ 1,2 bilhão aplicada pela União à Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) – saiam do papel. Paiva não esconde, inclusive, o desejo de privatizar o trem urbano belo-horizontino.
Favorável ao retorno às aulas presenciais, o filiado ao Novo promete uma “revolução” no ensino municipal, com a participação de profissionais ligados a colégios privados.
Favorável ao retorno às aulas presenciais, o filiado ao Novo promete uma “revolução” no ensino municipal, com a participação de profissionais ligados a colégios privados.
Quanto à saúde, a ideia é ampliar o atendimento remoto. Paiva crê que a modalidade pode desafogar a fila por consultas com médicos especialistas. Ele aproveitou para tecer críticas ao prefeito Alexandre Kalil. “A população de Belo Horizonte está sendo enganada”, disse, ao comentar a confortável liderança do pessedista nas pesquisas eleitorais.
Qual a prioridade do senhor para BH?
Emprego e renda para a cidade. Depois da pandemia, estamos vivendo um momento crítico, com o fim do auxílio e das bolsas. Vamos fazer uma reforma administrativa, reduzir o número de secretarias e enxugar o estado. Toda economia que eu obtiver será transferida para a redução de impostos. E, assim, vamos reverter o que tem acontecido na cidade, que é a perda de empregos, renda e empresas. Hoje, se você for abrir uma empresa, o ISS é de 5%, enquanto em uma cidade vizinha é 2%. Precisamos que BH seja amiga do empreendedor. O IPTU aumentou 78% em quatro anos; as taxas aumentaram 82% (considerando a inflação). A solução do atual governo foi aumentar a tributação. Isso (enxugamento da máquina) foi feito no estado, e houve economia de R$ 1 bilhão. Vamos criar uma agência de atração de investimentos, como no governo do estado, onde batemos o recorde de atração de investimentos.
O senhor tem planos para empresas municipais, como a Prodabel?
Vamos rever toda a estrutura de secretariado e estatais de BH. A definição (sobre a Prodabel) vai ser tomada quando tomarmos posse. Hoje, temos 14 secretarias. Quero ter, no máximo, 10. Vamos ter a secretaria de Educação e Esportes: queremos, no turno, as disciplinas regulares e, no contraturno, esportes como vôlei, futebol e basquete. Buscamos iniciativas com a iniciativa privada e clubes sociais, que se mostraram interessados.
O senhor pretende manter conversas com as empresas de ônibus para melhorar a qualidade do transporte? E sobre a linha 2 do metrô?
Houve um equívoco total da atual gestão, que em plena pandemia lotou os ônibus. Bares e shoppings não podiam abrir, mas os ônibus estavam lotados. A população que depende dos ônibus tem trabalhadores da área médica, que precisavam se deslocar. Precisamos conversar com as empresas. Existe uma concessão dada a elas, e temos que otimizar. Vamos fazer a interligação dos modais de transporte: quero que a prefeitura disponibilize os dados dos transportes que ela dirige para que sejam integrados à modernidade. É possível me deslocar de um ponto a outro da cidade usando bicicleta, depois metrô, depois o ônibus e, por fim, o aplicativo. Isso (a multa de R$ 1,2 bilhão recebida pela FCA) vai viabilizar que a linha do metrô seja privatizada. A linha 1 é economicamente inviável. Precisamos fazer uma nova pesquisa origem-destino, que não é feita há décadas. Ela determina a capacidade que teremos. Com a linha 2, vamos ter um volume de passageiros que viabiliza a privatização do metrô de Belo Horizonte.
As escolas municipais estão fechadas desde março em virtude da pandemia. O que o senhor planeja para os alunos da rede de ensino de BH?
Planejo uma revolução. A atual gestão cometeu um crime contra mais de 200 mil crianças matriculadas na rede municipal. Isso é um absurdo. Não deram nenhuma solução de ensino a distância. O estado fez isso (aulas remotas), eu ainda era presidente da Prodemge: identificamos que 75% dos alunos da rede estadual, ou seus pais, tinham celular. Encontramos uma solução em um aplicativo no qual as crianças pudessem ter aulas. Fizemos parceria com a Rede Minas e a TV Assembleia para a transmissão. E, onde não há sinal de TV ou internet, a solução foi imprimir apostilas. A prefeitura não fez nada. Apenas 4% das cidades brasileiras não ofereceram uma alternativa de ensino a distância. O prefeito disse que as aulas só voltam após a vacina, mas não há previsão (para a imunização). Sou a favor do retorno seguro às aulas, obedecendo aos protocolos e dando aos pais a decisão de retornar – ou não. O ensino a distância não é tão eficiente quanto o ensino presencial, mas é uma alternativa segura.
Como amenizar as dificuldades que crianças de baixa renda, em contextos familiares desfavoráveis, podem ter ao lidar com aulas remotas?
Temos os dois melhores colégios do Brasil: Bernoulli e Santo Antônio. Há profissionais de extrema qualidade e, no meu governo, vou trazer uma equipe competente para que a gente possa devolver o ensino de qualidade que já existiu na rede pública. Belo Horizonte foi a única capital que caiu (no Ideb). Visitei comunidades e vi crianças utilizando o aplicativo do estado. É possível. Sabemos que existe uma grande disparidade no Brasil, que não construiu oportunidades. Defendemos priorizar a educação básica. Outros países, como a Coreia do Sul, fizeram isso. Vou ter um secretário de Educação extremamente competente e qualificado para dar uma virada. Outros municípios fizeram isso, vamos ver o que fizeram de certo. Belo Horizonte tem andado para trás.
Caso o senhor seja eleito, como projeta o relacionamento com a Câmara Municipal? A princípio, Zema escolheu um veterano do PSDB para liderar o governo. Planeja repetir a estratégia?
Estamos trabalhando para eleger oito vereadores – e, no mínimo, quatro. Vamos ter que enviar vários projetos para mudar a estrutura administrativa, rever os impostos e mudar o plano Diretor. (O Novo) não vai ter os 41 parlamentares. Dos 77 deputados estaduais, temos três, mas conseguimos (avanços) através do diálogo. Vou saber conversar com todos os partidos, da extrema-direita à extrema-esquerda. Se alguém tiver uma proposta que eu considere melhor que a minha, vamos adotá-la. Não foi erro, nem acerto (escolher um tucano, Luiz Humberto Carneiro, para liderar o governo Zema). Os princípios do Novo são inegociáveis. Esperamos eleger os oito e ter um líder do próprio partido.
O prefeito Kalil disse que a saúde em BH é ruim, mas poderia ser muito pior. O que o senhor pretende fazer para resolver os gargalos do setor?
Inovar como nunca. Nossa proposta é a telessaúde. Minha esposa teve uma queda de pressão e desmaiou. Fui chamar a ambulância e, durante a conversa, chegou uma médica. Minha esposa se recuperou, não havia a necessidade de levá-la em uma ambulância. A teleconsulta, em situações críticas, funciona. Ela funcionou na pandemia. No estado, implantamos um sistema em que as pessoas falavam os sintomas e, a depender deles, o paciente era direcionado a um enfermeiro ou médico. Temos o telemonitoramento: o acompanhamento do paciente através de teleconferências. Temos, também, as teleconsultorias: clínicos gerais podem se conectar com especialistas para que eles possam auxiliar. É um problema grave em BH: consultas com especialistas chegam a demorar entre um ano e um ano e meio.
O senhor vê algum ponto positivo no governo Kalil?
Está difícil. Ele não tem diálogo. Acho isso primordial. Essa falta de diálogo culminou na iniciativa de bares e restaurantes que entraram na Justiça para reabrir. Eu e candidatos a vereador protocolamos, no Ministério Público, representação contra a suspensão dos alvarás das escolas particulares.
Como o senhor explica o desempenho do Kalil nas pesquisas, que apontam 60% das intenções de voto?
A população de Belo Horizonte está sendo enganada. Na saúde, tivemos esse desastre. A cidade mais fechada (na pandemia), perda de empregos e empresas. A educação piorou, temos a pior educação das capitais. Andamos para trás. Andamos para trás, também, na atração de investimentos. Nosso Produto Interno Bruto (PIB) per capita caiu mais de 50%. O que está acontecendo é assistencialismo. Ele está entregando cestas básicas. O governo federal deu a pertinente ajuda (de R$ 600), mas isso vai acabar. E, quando isso acabar, vamos ter um prefeito que vai dar emprego para todo mundo? Que vai atrair investimentos para a cidade? Ele não levantou a bunda da cadeira nestes quatro anos.
O senhor tem cerca de 1%, segundo a mais recente pesquisa Datafolha. Faltam cerca de três semanas para a eleição: o que pretende fazer para chegar ao segundo turno?
Muito trabalho, ida às ruas e posts na internet. As pesquisas descrevem o momento. Vamos surpreender da mesma forma que o governador Romeu Zema surpreendeu. Fui candidato ao Senado, e sabia que aquela (Dilma Rousseff) que destruiu nosso país nunca teve 28% ou 29%. Ela nunca foi líder nas pesquisas. Essas pesquisas não expressam a realidade. Podem ter certeza: vamos ao segundo turno e vencer a eleição.
PERFIL
Rodrigo Antônio de Paiva
Idade: 57 anos (faz aniversário neste domingo, 25/10)
Naturalidade: Belo Horizonte (MG)
Estado civil: Casado
Quantos filhos: Um
Formação: Engenheiro civil
Carreira: Reconhecido como líder empresarial em tecnologia e comunicações e informática e telecomunicações; empresário do ramo de softwares; presidiu a Companhia de Tecnologia do Estado de Minas Gerais (Prodemge)
Experiência política: candidato ao Senado Federal em 2018, integrante da comissão de transição do governo Zema e candidato a prefeito de BH em 2020