A presença de familiares de Jair Bolsonaro na política é notória antes mesmo de sua eleição para presidente em 2018 - os mais conhecidos são seus filhos Flávio (Republicanos), Eduardo (PSL) e Carlos (Republicanos), além da ex-mulher Rogéria, mãe dos três parlamentares. Carlos e Rogéria tentam novos mandatos na Câmara Municipal do Rio. E ao menos outros quatro "bolsonaros", sem a mesma fama, também vão disputar as eleições municipais deste ano.
Prima de quarto grau do presidente, Joseane Bolsonaro disputa o cargo de vereadora pelo MDB em Taiúva, cidade com 5,5 mil habitantes a 364 km da capital paulista. Candidata pela primeira vez, a funcionária pública de 48 anos disse acreditar na possibilidade de fazer uma gestão "honesta".
A percepção de que era parente de Jair aconteceu em 2014, após o contato do irmão com Flávio por meio das redes sociais. A candidata relatou que os dois constataram o parentesco ao trocarem fotografias de família, e marcaram um encontro em Brasília para conhecer o presidente.
Joseane diz apoiar Bolsonaro, mas garante não concordar integralmente com as opiniões do presidente. Para ela, algumas ações do primo são "fora da casinha", como a condução da pandemia do novo coronavírus e as medidas que facilitam o porte de armas. "Não é porque eu sou Bolsonaro que eu vou achar que está tudo certo."
Também fazendo sua estreia nas eleições, Daniel Bolsonaro Vaz concorre ao cargo de vereador em Campinas, no interior paulista. O corretor de 51 anos conta que se filiou ao PSL assim que o primo integrou o partido para disputar a Presidência, e foi convidado pela direção municipal para sair como candidato no pleito deste ano.
Daniel diz ter tido contato com Jair na época em que ele era deputado. O candidato compartilha de opiniões de Bolsonaro, como em relação ao porte de arma. "O que é de direita eu acho que é mais certo", disse.
Ele repete a afirmação do primo, de que o Supremo Tribunal Federal "tirou a autonomia do presidente e passou para os Estados". "Ele ficou com as mãos atadas, completamente amarrado." Diferentemente do que dizem o candidato e o presidente, o STF não retirou da União a responsabilidade pelas ações de combate à pandemia, embora tenha assegurado autonomia a Estados e municípios.
Em Itu, o dentista Marcelo Bolsonaro, de 45 anos, concorre como candidato a vice-prefeito pelo Democracia Cristã. O primo de Jair tem como cabeça de chapa um ex-capitão do Exército, o militar da reserva Benedito Gilmar Dias, de 63 anos, do mesmo partido.
Borsonaro
Concorrendo à prefeitura de Jaboticabal, no interior paulista, Marcos Bolsonaro, de 58 anos, faz sua estreia na política. Aposentado e licenciado da presidência de uma associação farmacêutica, ele disse que decidiu se candidatar após ser convidado pelo PSL, antigo partido do presidente, de quem é primo de terceiro grau, para disputar o cargo de prefeito.
Marcos não conhece Jair pessoalmente - só por telefone. O candidato disse que a primeira vez que falou com o presidente foi em 2014, quando ele se reelegeu deputado federal. "As pessoas me perguntam Jair vai te ajudar?, e eu respondo não, eu que vou ajudar ele em 2022."
Marcos se define como conservador, de direita, e alguém que preza pelos "valores da família". Tem a segurança como bandeira de campanha e escolheu como vice um militar. Com a grafia do sobrenome diferente do de Jair - seu pai foi o único de quatro irmãos a ser registrado como Borsonaro -, Marcos conta que já deu início ao trâmite para fazer a correção em seus documentos, mas já usa Bolsonaro na urna. "Virei o Borsonaro caipira."
Oitenta adotam nome da família sem ter parentesco
Mesmo não sendo parentes de Jair Bolsonaro, 80 candidatos adotaram o sobrenome do presidente como nome de urna para o pleito deste ano, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral. Uma delas é Walderice Santos da Conceição, que concorre a vereadora em Angra dos Reis, município da região dos lagos do Rio de Janeiro, como Wal Bolsonaro. Também conhecida como Wal do Açaí, ela foi apontada como uma assessora fantasma do gabinete de Bolsonaro. Arthur Rollo, advogado especializado em Direito Público Eleitoral, diz que a alcunha na urna só pode ser adotada pelo candidato caso este seja conhecido por tal denominação.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.