O Palácio do Planalto estará atento desde cedo para as horas finais da disputa entre Donald Trump e Joe Biden. Independentemente do resultado, a corrida para a Casa Branca terá impactos na relação entre Brasil e Estados Unidos — e não necessariamente positivos.
Caso o presidente republicano obtenha a reeleição, é certo de que a agenda conservadora e a relação de subserviência com o governo norte-americano, pontos marcantes da política externa de Jair Bolsonaro, ganharão um novo mandato. Mas a renovação do alinhamento com uma Casa Branca isolacionista tende a trazer problemas econômicos, particularmente se Bolsonaro fizer coro a Trump nas críticas à China — maior parceiro comercial do Brasil.
Em caso de vitória de Biden, o Planalto precisará reavaliar seriamente seu posicionamento no contexto internacional. Se eleito, o candidato democrata deve aumentar muito a pressão internacional em favor de uma política ambiental mais consistente, após sucessivos recordes de queimadas na Amazônia e no Pantanal. O Planalto segue, cauteloso, os movimentos da gangorra eleitoral norte-americana.
Rodrigo Prando, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, prevê uma relação completamente distinta entre o Planalto e a Casa Branca no caso de uma possível vitória de Biden, como indicam as mais recentes pesquisas. “Presidentes não têm amigos, têm interesses. Se Trump for derrotado, será um impacto na própria trajetória de Bolsonaro. Se Biden for vitorioso, o que vai mudar é o tom com o qual o democrata vai ser relacionar com o Brasil. Biden coloca como atenção especial a falta de política ambiental do governo brasiliero. Ele vai ficar mais atento, assim como outras organizações internacionais em relação ao que ocorre na Amazônia e o Pantanal”, acredita.
Prando vai mais longe e prevê o impacto de uma eventual eleição de Biden na polarização entre a ala ideológica bolsonarista e a oposição ao governo Bolsonaro. “(Os bolsonaristas) vão colocar Biden na lista de comunistas. Todos os democratas desejam uma vitória de Biden. Uma derrota do Trump vai arejar o mundo e fortalecer o discurso antibolsonarista no Brasil, demonstrando que, se Trump for derrotado, Bolsonaro também pode sê-lo em 2022”, analisa o cientista político.
O clima pesou para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, no Supremo Tribunal Federal (STF). Além de o ministro Fachin ter autorizado reabertura de investigação contra ele sobre a OAS, é cada vez mais forte no plenário o entendimento de que ele não deve disputar o comando da casa legislativa. Nos bastidores, a maioria dos magistrados avalia que, no momento, uma autorização da Corte para que ele possa concorrer duas vezes na mesma legislatura criaria instabilidade política. Um pedido do PTB para que Maia e Davi Alcolumbre (presidente do Senado) sejam impedidos de concorrer está nas mãos do ministro Gilmar Mendes. Ele é favorável à interpretação que beneficia os parlamentares, mas pode não pautar o tema se entender que não existem chances de que seu parecer será seguido pelos demais colegas.
Para quem apostava em uma aproximação entre Rodrigo Maia e o governo — falava-se até em um possível ministério ao deputado — o presidente da Câmara tem dado mostra de que não diminuirá o tom das críticas. O parlamentar segue incisivo na dificuldade do Planalto em articular uma agenda de reformas no Congresso e na avaliação de ministros que, segundo ele, prestam um desserviço ao país.
Ganha resistência entre procuradores o projeto da Procuradoria Geral da República (PGR) de alugar uma sala no Aeroporto Internacional de Brasília. A ideia, de acordo com edital de inexigibilidade de licitação, publicado no Diário Oficial da União, é a de que o espaço sirva de sala de espera para subprocuradores-gerais que atuam na capital federal. A intenção é de que os integrantes do Ministério Público não tenham contato com os demais passageiros, por razões de segurança. “Discordo e espero que o PGR reavalie a medida”, tuitou o procurador Bruno Calabrich. Assim como ele, diversos integrantes do órgão têm se posicionado contra por considerar a medida desnecessária, levando-se em conta a ausência de ataques contra integrantes da PGR no terminal. Muitos avaliam que seria uma regalia aos 73 subprocuradores-gerais no DF.
Na Argentina, há uma expectativa em relação à Sputnik V, produzida pela Rússia. O presidente Alberto Fernández prevê receber ao menos 10 milhões de imunizantes entre dezembro e janeiro. Cada vacina teria duas doses. Integrantes do alto escalão do governo argentino irão à Rússia conhecer o estágio de desenvolvimento da vacina.
Acompanhe a apuração nos EUA
Colaboraram Ingrid Soares e Renato Souza/Correio Braziliense
Caso o presidente republicano obtenha a reeleição, é certo de que a agenda conservadora e a relação de subserviência com o governo norte-americano, pontos marcantes da política externa de Jair Bolsonaro, ganharão um novo mandato. Mas a renovação do alinhamento com uma Casa Branca isolacionista tende a trazer problemas econômicos, particularmente se Bolsonaro fizer coro a Trump nas críticas à China — maior parceiro comercial do Brasil.
Em caso de vitória de Biden, o Planalto precisará reavaliar seriamente seu posicionamento no contexto internacional. Se eleito, o candidato democrata deve aumentar muito a pressão internacional em favor de uma política ambiental mais consistente, após sucessivos recordes de queimadas na Amazônia e no Pantanal. O Planalto segue, cauteloso, os movimentos da gangorra eleitoral norte-americana.
Outra conversa
Rodrigo Prando, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, prevê uma relação completamente distinta entre o Planalto e a Casa Branca no caso de uma possível vitória de Biden, como indicam as mais recentes pesquisas. “Presidentes não têm amigos, têm interesses. Se Trump for derrotado, será um impacto na própria trajetória de Bolsonaro. Se Biden for vitorioso, o que vai mudar é o tom com o qual o democrata vai ser relacionar com o Brasil. Biden coloca como atenção especial a falta de política ambiental do governo brasiliero. Ele vai ficar mais atento, assim como outras organizações internacionais em relação ao que ocorre na Amazônia e o Pantanal”, acredita.
Até 2022
Prando vai mais longe e prevê o impacto de uma eventual eleição de Biden na polarização entre a ala ideológica bolsonarista e a oposição ao governo Bolsonaro. “(Os bolsonaristas) vão colocar Biden na lista de comunistas. Todos os democratas desejam uma vitória de Biden. Uma derrota do Trump vai arejar o mundo e fortalecer o discurso antibolsonarista no Brasil, demonstrando que, se Trump for derrotado, Bolsonaro também pode sê-lo em 2022”, analisa o cientista político.
Climão
O clima pesou para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, no Supremo Tribunal Federal (STF). Além de o ministro Fachin ter autorizado reabertura de investigação contra ele sobre a OAS, é cada vez mais forte no plenário o entendimento de que ele não deve disputar o comando da casa legislativa. Nos bastidores, a maioria dos magistrados avalia que, no momento, uma autorização da Corte para que ele possa concorrer duas vezes na mesma legislatura criaria instabilidade política. Um pedido do PTB para que Maia e Davi Alcolumbre (presidente do Senado) sejam impedidos de concorrer está nas mãos do ministro Gilmar Mendes. Ele é favorável à interpretação que beneficia os parlamentares, mas pode não pautar o tema se entender que não existem chances de que seu parecer será seguido pelos demais colegas.
Ministro, eu?
Para quem apostava em uma aproximação entre Rodrigo Maia e o governo — falava-se até em um possível ministério ao deputado — o presidente da Câmara tem dado mostra de que não diminuirá o tom das críticas. O parlamentar segue incisivo na dificuldade do Planalto em articular uma agenda de reformas no Congresso e na avaliação de ministros que, segundo ele, prestam um desserviço ao país.
Sala vip
Ganha resistência entre procuradores o projeto da Procuradoria Geral da República (PGR) de alugar uma sala no Aeroporto Internacional de Brasília. A ideia, de acordo com edital de inexigibilidade de licitação, publicado no Diário Oficial da União, é a de que o espaço sirva de sala de espera para subprocuradores-gerais que atuam na capital federal. A intenção é de que os integrantes do Ministério Público não tenham contato com os demais passageiros, por razões de segurança. “Discordo e espero que o PGR reavalie a medida”, tuitou o procurador Bruno Calabrich. Assim como ele, diversos integrantes do órgão têm se posicionado contra por considerar a medida desnecessária, levando-se em conta a ausência de ataques contra integrantes da PGR no terminal. Muitos avaliam que seria uma regalia aos 73 subprocuradores-gerais no DF.
Calendário
Ainda sem a comprovação sobre a eficácia de qualquer vacina, os governos se apressam em prever o início da vacinação contra a covid-19. A presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade, afirmou ontem acreditar que a campanha de imunização começará até o fim do primeiro trimestre de 2021. A expectativa, segundo ela, é de que a instituição dê início à produção da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca em janeiro ou fevereiro.
No vizinho
Na Argentina, há uma expectativa em relação à Sputnik V, produzida pela Rússia. O presidente Alberto Fernández prevê receber ao menos 10 milhões de imunizantes entre dezembro e janeiro. Cada vacina teria duas doses. Integrantes do alto escalão do governo argentino irão à Rússia conhecer o estágio de desenvolvimento da vacina.
Acompanhe a apuração nos EUA
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Os 538 integrantes do chamado Colégio Eleitoral se reúnem nas respectivas capitais de seus estados a cada quatro anos após a eleição para designar o vencedor. Para vencer, um candidato à presidência deve obter a maioria absoluta dos votos do Colégio: 270. Saiba como funcionam os colégios eleitorais.Sistema eleitoral complexo é desafio
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Vitória do democrata ou do republicano terá implicações sobre o aprofundamento das relações comerciais bilaterais entre os países, sobre a política externa brasileira e o posicionamento político ideológico de Jair Bolsonaro no âmbito internacional, avaliam especialistas em política externa. Entenda o que muda para o Brasil.
Colaboraram Ingrid Soares e Renato Souza/Correio Braziliense