As campanhas para a prefeitura da pequena Paraopeba, cidade de pouco mais de 20 mil habitantes da região Central de Minas, se transformaram em um palco de troca de acusações entre os postulantes ao cargo. Opositores acusam o atual prefeito e aspirante à reeleição de tentar inviabilizar as demais candidaturas; ele nega e chegou a entrar na Justiça contra um dos rivais por calúnia.
Quem acusa é Marcelo Uberaba (PROS), postulante à prefeitura que teve a candidatura indeferida pela justiça. Segundo ele, as articulações do atual prefeito, Juca Bahia (PSD), para inviabilizar opositores começaram ainda nas convenções partidárias.
"Outros partidos tinham pretensão de lançar candidatura própria, mas ele foi os comprando para que fizessem parte da coligação e o apoiasse", acusa Uberaba. "E foi por isso que lancei minha candidatura, porque ele não queria que ninguém competisse com ele".
A campanha de Marcelo Uberaba chegou a ter início, mas foi indeferida pela Justiça em outubro. Em uma live no Facebook ele também acusou interferência por parte de Juca Bahia. "Quando lancei a candidatura não tinha nada errado no meu nome. De uma hora para outra um promotor entrou com uma ação e a juíza acatou", disse em entrevista ao Estado de Minas.
A candidatura de Marcelo Uberaba foi indeferida em virtude de uma ação movida pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG). Em 2011, quando era prefeito de Paraopeba pelo PT, ele atirou contra o então rival político Wilson de Campos Rocha. Em dezembro de 2019 ele foi condenado a dois anos de reclusão em regime aberto pelo crime, depoi de esgotar todos os recursos.
A documentação enviada por ele ao Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) constava que o processo ainda estava sem trânsito em julgado e, por isso, ele poderia ser candidato. Entretanto, os recursos já haviam sido esgotados - o que, segundo a lei eleitoral, o torna inelegível. Por isso, a candidatura dele foi indeferida por 'ausência de requisito de registro'.
Uberaba tentou renunciar à candidatura, mas o pedido foi negado e acabou indeferida. "Não recorri porque o prazo para poder lançar outra pessoa estava acabando", explica. Às pressas, o então vice Rochinha (PROS) foi promovido a cabeça de chapa, em coligação com Solidariedade, PT e PDT.
O que diz o atual prefeito
O candidato à reeleição Juca Bahia (PSD) nega todas as acusações.
O atual prefeito afirmou que não tem controle sobre a escolhas partidárias. "O partido escolhe quem vai ser o candidato e apoia quem eles quiserem. O meu me escolheu", diz. A coligação dele reúne, além do PSD, o PP, o Podemos, o MDB, o PSDB e o Democratas.
Bahia ainda afirma que não moveu nenhuma ação contra a candidatura do opositor. "Nós até colocamos uma acusação de calúnia, porque ele nos acusou de ter feito conluio com promotor e juiz. Mas, sobre a candidatura dele, não", argumenta.
Por fim, garante que quer outros concorrentes pleitendo ao cargo. "Será de todo prazer participar dessa festa da democracia com eles. Fizemos um bom trabalho nos últimos quatro anos e isso me deixa bem confiante", conclui.