Nos últimos dias, o Brasil se chocou com os fatos expostos durante o julgamento do caso da influenciadora digital Mariana Ferrer. A jovem acusa o empresário André Aranha de tê-la estuprado em um beach club em Jurerê, em Florianópolis. Apesar disso, ele foi inocentado por falta de provas. A defesa alegava que ele não sabia que a vítima não estava com sua capacidade plena de consentir. Por isso, jovens de todo Brasil organizam atos a favor de Mari.
Com bandeiras estiradas, mãos dadas, mulheres lutam por “justiça” no caso. O Estado de Minas conversou com a organizadora da página “Na Rua Por Mariana Ferrer”, para entender como o movimento pode ajudar em pautas como essa. A jovem preferiu não expor sua identidade.
Com bandeiras estiradas, mãos dadas, mulheres lutam por “justiça” no caso. O Estado de Minas conversou com a organizadora da página “Na Rua Por Mariana Ferrer”, para entender como o movimento pode ajudar em pautas como essa. A jovem preferiu não expor sua identidade.
Ela explica que o movimento nasceu após a repercussão do caso em todo Brasil. Segundo ela, a “necessidade é de se manifestar, independente da forma”. “A injustiça é nítida, escancarada, fere os direitos das mulheres como um todo”, diz.
Imagens divulgadas pelo The Intercept Brasil na terça-feira (3) mostram o advogado de defesa Cláudio Gastão da Rosa Filho humilhando Mari Ferrer durante o julgamento.
No vídeo, ele diz que “jamais teria uma filha do nível dela” e insinua que as roupas e fotos de Mari são provocativas, tentando responsabilizá-la pelo estupro.
A organizadora da página explica que a forma que Mari foi tratada pelo judiciário acontece com várias mulheres todos os dias, o que acaba gerando uma revolta. “Diante do exposto, não podia fazer nada além de lutar pelos direitos de Mariana de ser tratada como vítima, e não como agressora”, explica.
No vídeo, ele diz que “jamais teria uma filha do nível dela” e insinua que as roupas e fotos de Mari são provocativas, tentando responsabilizá-la pelo estupro.
A organizadora da página explica que a forma que Mari foi tratada pelo judiciário acontece com várias mulheres todos os dias, o que acaba gerando uma revolta. “Diante do exposto, não podia fazer nada além de lutar pelos direitos de Mariana de ser tratada como vítima, e não como agressora”, explica.
“Eu sou feminista, vejo sim nossa luta ajudar muita gente. Me senti diretamente atacada, como me sinto todos os dias no Brasil. Me chateia olhar para os nossos representantes e enxergar homens brancos decidindo por nós, nos tratando como qualquer coisa, menos seres humanos”, diz a militante.
Movimento feminista
Tomando força em todo o mundo, o movimento feminista procura a igualdade entre os gêneros. Levantando bandeiras como a violência contra a mulher, a diferença salarial entre os gêneros, pouca inserção feminina no meio político, casos de assédio e preconceito contra a mulher, necessidade de exames preventivos e maior informação, a bandeira tem diferentes vertentes. Entre elas, o feminismo negro, que procura a inserção de mulheres pretas na sociedade.
Ao falar sobre a bandeira, a organizadora deixa claro que a mensagem da manifestação é exercer os direitos políticos das mulheres. “Queremos deixar explícito que estamos cientes e conscientes de tudo que acontece ao nosso redor, que não seremos mudas e lutaremos pelos nosso direitos. A sociedade espera que nós, mulheres, sejamos domadas, mas queremos mostrar que somos selvagens.”
Em Belo Horizonte, a manifestação a favor da causa de Mariana Ferrer será neste sábado (7), às 15h, na Praça Sete.
Na Rua por Mari Ferrer
A jovem explica que a página, criada na última terça, acabou crescendo de forma inesperada. Em menos de 24 horas, já são mais de 25 mil seguidores. Ela ainda diz que o movimento não faz parte de nenhum partido política e é formado por mulheres independentes.
“Tudo começou quando eu criei o perfil e fiz um simples comentário numa publicação aleatória no Instagram, sobre querer começar uma movimentação para as manifestações acontecerem e tudo aconteceu como um efeito dominó. Em poucos minutos, milhares de mensagens.”
Agora, a estudante conta com uma pequena equipe de quatro meninas. Entre elas, uma jovem que sofreu abusos parecidos com os de Mariana e se sentiu muito representada. “Fora elas, temos contato com algumas coordenadoras de alguns estados. É uma loucura administrar tudo isso, não esperava que fosse repercutir tanto, mas tem sido extremamente reconfortante encontrar pessoas lutando pelo mesmo objetivo”, explica.
Pandemia
Ao ser questionada sobre a pandemia do novo coronavírus, a organizadora das manifestações deixou uma preocupação explícita. A página pede para que todas as manifestantes utilizem equipamentos de EPIs e sigam as regras impostas pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Datas
Para acessar as datas marcadas para os encontros em todo Brasil, basta seguir a página @naruapormarianaferrer. Em todo o país, as manifestações devem acontecer até o fim da semana.
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie