Uma ex-assessora do gabinete do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) na época em que ele era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), admitiu a existência do esquema de rachadinha no gabinete do parlamentar. As informações foram reveladas pelo jornal O Globo, que teve acesso ao depoimento. Nele, Luiza Sousa Paes informou ao Ministério Público do Estado do Rio (MP-RJ) que nunca atuou como servidora para o então deputado e que era obrigada a devolver mais de 90% dos vencimentos.
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Luiza Paes informou aos investigadores saber de outras pessoas que também atuavam da mesma maneira: não trabalhavam e devolviam os salários. Ela também foi um dos alvos da operação de junho deste ano, que prendeu Fabrício Queiroz — ele cumpre prisão domiciliar, com tornozeleira eletrônica.
Em nota, a defesa de Flávio Bolsonaro disse que “está impedida de comentar informações que estão em segredo de Justiça”, mas que “pode afirmar que o parlamentar não cometeu qualquer irregularidade e que ele desconhece supostas operações financeiras entre ex-servidores da Alerj”. “A defesa garante, ainda, que todas as contratações feitas pela Alerj, até onde o parlamentar tem conhecimento, seguiam as regras da assembleia legislativa. E que qualquer afirmação em contrário não passa de fantasia e ficção”, ressaltou.
Sobre a denúncia do MP, a defesa do parlamentar afirmou que ela já era esperada, “mas não se sustenta”. “Dentre vícios processuais e erros de narrativa e matemáticos, a tese acusatória forjada contra o senador Bolsonaro se mostra inviável, porque desprovida de qualquer indício de prova. Não passa de uma crônica macabra e mal engendrada”, destacou. “Acreditamos que sequer será recebida pelo Órgão Especial. Todos os defeitos de forma e de fundo da denúncia serão pontuados e rebatidos em documento próprio, a ser protocolizado tao logo a defesa seja notificada para tanto.”
Judiciário
O caso de Flávio está no Órgão Especial do TJ porque, em junho, pouco depois da prisão de Queiroz, o senador conseguiu, na 3ª Câmara Criminal do TJ-RJ, o direito ao foro privilegiado, retirando o processo das mãos do juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal. A alegação é que Flávio era deputado estadual na época que ocorreram os fatos, tendo exercido a função até assumir o cargo de senador, no começo do ano passado.