Jornal Estado de Minas

PREFEITO E VEREADOR

Centro-Oeste de MG: Candidatos com bens superiores a R$300 mil receberam auxilio

Pelo menos 88 candidatos a prefeito, vice e vereador de cidades do Centro-Oeste de Minas Gerais aparecem na lista daqueles que declararam patrimônio igual ou superior a R$300 mil e receberam pelo menos uma parcela do auxílio emergencial ou residual até julho deste ano. O cruzamento de dados foi realizado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e tornado público a partir de despacho do ministro Bruno Dantas.

 





No levantamento, também é possível verificar casos em que os bens informados ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) superam R$1 milhão. Este é o caso, por exemplo, do candidato a uma vaga da câmara municipal de Divinópolis, Humberto Pozzolini (PL). O postulante declarou R$3,6 milhões. Na lista, estão 75 cabeça de gado, no valor de R$330 mil, uma fazenda de 72 hectares - avaliada em R$1,6 milhão - além de outros imóveis e veículos.

 

Outros oito postulantes a uma cadeira no legislativo da cidade polo do Centro-Oeste também aparecem na lista. Entre eles, está Carlos Eduardo da Silva Pereira (Patriota), também conhecido como Cadu Candelária. Entre os bens avaliados em R$ 905,3 mil estão apartamento, casa, loja, terreno e veículos. Wandeir Jeremias (PSL), o Girino declarou R$ 713 mil, entre imóveis e caderneta de poupança.

 

André Henrique de Oliveira (PL), André TopMinas, Willian de Assis Gontijo (PSL), Willian do Tonico Fotógrafo; Daniel Nunes da Silva (Patriota), Everto Jonas Ribeiro (Cidadania), Everto Camarão; Cássio Melo de Sousa (PSC) e Darci Antônio Pereira (PSB) tem patrimônio entre R$ 300 mil a R$538 mil.





 

O caso se repete em pelo menos outras 19 cidades do Centro-Oeste mineiro, são elas: Nova Serrana, Abaeté, Itaúna, Bom Despacho, Itapecerica, Onça do Pitangui, Moema, Martinho Campos, Formiga, Perdigão, Pará de Minas, Pedra do Indaiá, Santo Antônio do Amparo, Santo Antônio do Monte, Carmo da Mata, Córrego Fundo, Piumhi, Dores do Indaiá,  Carmópolis de Minas.

 

Isso, segundo o TCU, “demonstra potenciais integrantes do rol de inclusões indevidas do benefício, uma vez que os indícios apontam renda incompatível com as regras do programa”.

Prefeitos e vice

Outros casos chamam a atenção na região. Em Lagoa da Prata, o candidato a prefeito Narcízio da Cruz Ferreira (PSD), o Narcízio Naza, também aparece na lista com patrimônio de R$ 800 mil. O valor integral é referente a uma casa. Três candidatos a vereador também integram o levantamento, são eles: Fabiolla Batista dos Santos (R$782 mil); Aparecida Leandro Reis (R$649 mil) e Raimundo Alves Filho (R$440 mil).

 

A candidata a prefeita de Oliveira pelo PT, a Dra. Cida, também recebeu o auxílio mesmo possuindo patrimônio de R$330 mil. Na lista estão duas casas de aluguel e uma de morada, além de um veículo e cadernetas de poupança. No município, oito candidatos a uma cadeira na Câmara também solicitaram o benefício com bens que chegam a R$ 920 mil.





 

Já em Cláudio, o candidato a prefeito Reginaldo de Freitas (PSB) recebeu o benefício com patrimônio de R$ 801,5 mil. A maior parte do valor é referente a terrenos. Cinco candidatos a vereador também aparecem entre os beneficiários. Um deles, Donaldo Delimar Martins (PSC) possui R$1004 milhão em imóveis e veículo. 

 

Em São Gonçalo do Pará, o postulante a vice-prefeito, Antônio Valter Manoel, o Tunico ( DC) declarou ter R$ 340 mil em bens, dois imóveis. Em São Sebastião do Oeste, Thiago Antônio Araújo (PP) informou patrimônio de R$1,1 milhão, a maior parte em terrenos, casas e caderneta de poupança. Ambos receberam o benefício do governo federal. 

Cruzamento de dados

A lista disponibilizada contém o cruzamento de dados realizado pelo TCU e pelo Ministério da Cidadania, com dados que permitem identificar: benefícios que foram cancelados antes da decisão do Tribunal; e que permaneceram com pagamentos em setembro e outubro.





 

O Ministério da Cidadania deliberou pelo cancelamento de todos os benefícios detectados pelo TCU, sem prejuízo da possibilidade dos beneficiários contestarem nos canais adequados. A única exceção se refere àqueles concedidos judicialmente.

 

O ministro responsável pela divulgação da lista informou que os resultados são apenas indícios de renda incompatível com o auxílio. “Há risco de erro de preenchimento pelo candidato. Há risco de fraudes estruturadas com dados de terceiros. Só o Ministério da Cidadania pode confirmar se o pagamento é indevido”, alertou. Apenas o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), segundo Dantas, pode confirmar eventuais crimes eleitorais. “O papel do TCU é garantir o bom uso do dinheiro público”, destacou.

 

Os dados dos candidatos são públicos e estão disponíveis no site do TSE, assim como dos beneficiários que podem ser acessados no Portal da Transparência.

 

*Amanda Quintiliano especial para o EM 

 

 

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