O deputado federal Marco Feliciano (Republicanos-SP) tirou a sexta-feira (13) para atacar os militares. E começou pelo vice-presidente da República, general Hamilton Mourão. O evangélico chamou Mourão de “conspirador” e de “oportunista”, por ter se posicionado e afirmado que reconhecia, individualmente, a vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. “Como indivíduo, eu reconheço (a vitória de Biden), mas temos que olhar que eu não respondo pelo governo. Como indivíduo, eu julgo que a vitória do Joe Biden está cada vez mais sendo irreversível”, afirmou o general.
Mourão continuou. Disse que, em breve, o governo brasileiro reconheceria a vitória. Jair Bolsonaro, que declarou apoio à Donald Trump durante o pleito nos Estados Unidos, está entre os líderes mundiais que não parabenizaram o vencedor das eleições. “O @GeneralMourao nos vergonha! Conspirador, desde o 1º dia de governo tenta minar autoridade do presidente @jairbolsonaro fazendo declarações à imprensa desdizendo o presidente. Oportunista, sempre que vê o presidente com flanco aberto, ataca sem piedade. Quer tomar o lugar do chefe”, atacou Feliciano.
Feliciano ainda lembrou que protocolou, na Câmara, um pedido de impeachment contra Mourão. “Quando eu protocolei pedido de impeachment do @GeneralMourao poucos entenderam. Passados quase 2 anos e muitas traições depois, vejo o quão certo eu estava. Se um homem não consegue ser leal, não precisa ser mais nada. Sigo fechado com meu líder e amigo @jairbolsonaro”, afirmou o deputado em seu perfil pessoal no Twitter. “O @GeneralMourao diz que reconhece a vitória de Biden como indivíduo. Se com mais de 30 anos de serviço público e sendo general de exército ainda não entendeu que não existe “opinião pessoal” em assuntos de Estado quando se é vice-presidente da República, é porque não serve para o cargo!”, acrescentou.
Depois, decidiu atacar as declarações do comandante do Exército, general Edson Pujol, e do o ex-ministro e crítico de Bolsonaro, General Santos Cruz. Pujol destacou a falta de estrutura do Exército brasileiro, que não condiz, segundo o militar, com as dimensões continentais do país, e afirmou que as Forças Armadas são uma instituição de Estado, e não de governo. O posicionamento dos integrantes da corporação veio após Bolsonaro afirmar em discurso, em respostas às críticas de Biden sobre o desmatamento na Amazônia, que quando acaba a “saliva” (a diplomacia), é o momento de usar a “pólvora”.
“(Para) as dimensões continentais, o tamanho da população e a importância que o nosso país detém nas nossas fronteiras, subsolos, águas territoriais, o nosso Exército é um dos menores do mundo. E ainda assim, pelo tamanho, um orçamento que é insuficiente”, afirmou Pujol, que frisou, ainda, que se houver uma emergência, não adiantaria “colocar 100 bilhões de euros” na instituição. “Nós levaríamos muito tempo para preparar nossos recursos humanos para utilizar. (O Exército) Não é a força armada com maior sofisticação. Tem material que preciso preparar um militar cinco anos para poder usar em combate”, explicou.
O comandante ainda frisou que o Exército é um braço do Estado, e não do governo. “Não mudamos a cada quatro anos a maneira de pensar e em como cumprir as nossas missões”, afirmou. A Pujol, Bolsonaro respondeu que a afirmação coincide com o que o presidente da República pensa “sobre o papel das Forças Armadas no cenário nacional”. “São elas o maior sustentáculo e garantidores da Democracia e da Liberdade e destinam-se, como reza a Constituição, ‘à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de quaisquer destes, da lei e da ordem”, postou. “Devem, por isso, se manter apartidárias, ‘baseadas na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República’”, avisou.
Já Santos Cruz se disse “cansado de show” e que “o Brasil não é um país de maricas. É tolerante demais com a desigualdade social, a corrupção, os privilégios”. Embora não tenha citado nomes, fica claro que a mensagem era para Bolsonaro, que afirmou que preside um país de maricas, pois a população não deveria ter medo da pandemia de coronavírus, que já matou mais de 164.737 brasileiros. Santos Cruz continuou, dizendo que a população “votou por equilíbrio e união” e precisa, portanto, “de seriedade e não de show, espetáculo, embuste, fanfarronice e desrespeito”.
Outro militar, o general Paulo Chagas disse que deixou “de dar atenção a pronunciamentos de fanfarrões, às suas ameaças absurdas e à exposição do seu despreparo e falta de maturidade”. Para o integrante do alto escalão do Exército, cabe “convidá-los a deixar a retórica dos discursos sem lógica e vir para o octógono da realidade provar o escopo da sua arrogância”.
As afirmações de Santos Cruz e Paulo Chagas ocorreram na quinta (12), enquanto o comandante do Exército se manifestou na sexta. Marco Feliciano, que sequer foi mencionado, disse, para marcar posição com Bolsonaro, que a sexta-feira foi “o dia da caserna”. “Generais falando pelos cotovelos. Vejam o @GenSantosCruz, fardado para ser candidato em 2022, tem por esporte bater no Presidente @jairbolsonaro. O engraçado é que quando era ministro achava tudo lindo…”, disparou.
Também postou uma mensagem em inglês. “While many rats leave the boat, our President @jairbolsonaro sets an example of character in relation to President @realDonaldTrump”, escreveu. “Enquanto muitos ratos abandonam o navio, nosso presidente dá um exemplo de caráter na relação com o presidente Donald Trump”, diz, em tradução livre, a mensagem do deputado.