Nas últimas semanas, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que no início da campanha eleitoral disse que não apoiaria candidatos de forma explícita, passou a recebê-los no Palácio da Alvorada e em transmissões ao vivo pela internet. No entanto, nas principais capitais, o apoio não vingou. Em Belo Horizonte, por exemplo, Bruno Engler (PRTB) ficou boa parte da campanha, mesmo com o apoio do presidente, com menos de 5% das intenções de voto.
Em São Paulo, Celso Russomanno apareceu na liderança nas primeiras pesquisas, mas caiu na reta final e foi ultrapassado por Guilherme Boulos (Psol), justamente quando Bolsonaro manifestou sua preferência por ele. No Rio de Janeiro, o prefeito Marcelo Crivella, durante toda a campanha, associou sua imagem a Bolsonaro, mas nunca conseguiu se aproximar de Eduardo Paes e ainda se viu ameaçado por Martha Rocha pela vaga no segundo turno. Assim como Russomanno, o presidente fez vídeo com Crivella na reta final da campanha pedindo votos ao candidato do Republicanos.
No Recife, o apoio de Bolsonaro causou “racha” na chapa da delegada Patrícia Domingos (Podemos). Após fazer live com o presidente, Patrícia causou desconforto com o Cidadania, partido de seu vice, Leo Salazar. Nota divulgada pelo presidente nacional do partido, Roberto Freire, confirmou o mal-estar. "O apoio é, além de tudo, pouco inteligente. Basta ver o que está ocorrendo com os candidatos apoiados e identificados com Bolsonaro. Enquanto uns buscam se associar a ideias retrógradas, preconceituosas, antidemocráticas e anticientíficas, abraçamos a ciência, a democracia, a liberdade de expressão, a diversidade e os direitos humanos", afirmou Freire. Patrícia chegou a ocupar a terceira colocação nas pesquisas, mas, na maior parte do tempo, ficou em quarto lugar.
Para o professor de ciência política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Felipe Nunes, indicação de voto tem se mostrado como estratégia menos eficaz para conquistar o eleitor. Esta, inclusive, é a principal mensagem das eleições deste ano. “2020 está dando um recado muito claro aos políticos: acabou a era de indicação de voto. Não é a grande força da eleição. Isso é uma diferença importante. Pesquisas mostram que entre 70% e 80% (dos eleitores) não querem votar em ninguém por indicação. Isso é um cenário novo que marca a eleição deste ano”, destacou.
Na avaliação do professor titular do Departamento de Ciência Política da UFMG Carlos Ranulfo, nestas eleições não deve haver uma "onda nacional" que elegeu candidatos desconhecidos, como Wilson Witzel (PSC) e Romeu Zema (Novo), governadores do Rio e de Minas, respectivamente.
Para o professor, indicações de Bolsonaro não surtirão muito efeito nos pleitos municipais. “O eleitor está votando no candidato da cidade, e não em presidente. Então, isso não tem muito impacto na eleição local. O fato é que os candidatos bolsonaristas, das duas uma: ou caem na pesquisa ou não sobem. Crivella e Russomanno caíram. Os outros não sobem”, concluiu.
Acompanhe ao vivo a apuração das urnas neste domingo (15), a partir das 17h, pelo uai.com.br e em.com.br.
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