Segundo vereador mais votado de Belo Horizonte, com 29.388 votos, Nikolas Ferreira (PRTB) deu vários recados à população da capital e aos opositores políticos na noite deste domingo (15). Um deles, direcionado à vereadora Duda Salabert (PDT), primeira mulher trans eleita em BH, com o recorde histórico de 37.500 votos. "Eu ainda irei chamá-la de 'ele'. Ele é homem. É isso o que está na certidão dele, independentemente do que ele acha que é", afirmou ao Estado de Minas.
"Mas não estou preocupado com a 'opção sexual', nem gênero de ninguém, desde que a pessoa não se paute pela ideologia na Câmara", completou.
Ao PSOL e demais partidos de esquerda, Nikolas avisa: "Serei uma muralha contra esquerdistas. Porque a esquerda não erra, ela é naturalmente errada, naturalmente má. Apoia regimes como o da Venezuela, entre outros que promoveram matanças", opina.
Conservador, o jovem de 24 anos diz que planeja barrar "toda e qualquer pauta progressista", guarda-chuva em que ele inclui temas como o aborto, a "ideologia de gênero" e o que chama de "doutrinação escolar".
Uma das propostas do parlamentar é, inclusive, voltada ao currículo das escolas da cidade. "A esquerda usa muito a educação para espalhar suas ideologias, principalmente nas comunidades pobres, infelizmente. Eu, que vim da Cabana do Pai Tomás (bairro da Região Nordeste da Capital), quero ocupar o currículo dos alunos com coisas úteis, como empreendedorismo e educação financeira", explicou.
O vereador também faz duras críticas ao prefeito reeleito Alexandre Kaill (PSDB). Para Nikolas, o chefe do Executivo "destruiu a cidade". "Ele deixou mais de 100 mil desempregados e quebrou 12 mil negócios. Vou lutar para dar suporte aos comerciantes e criar empregos durante o meu mandato", promete.
'Espiral de silêncio'
Evangélico da denominação Comunidade Graça e Paz, Nikolas Ferreira conta que milita há 7 anos no movimento Direita Minas. Formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), ele diz que, como cristão, se sentiu tolhido na universidade.
"O cristão conservador não pode se posicionar nas faculdades. Elas são um ambiente muito hostil para nós. Os professores me rechaçavam, tentavam me calar. Existe uma espiral de silêncio. Isso aconteceu várias vezes", relembra.
O vereador eleito diz que se orgulha de não ter usado dinheiro público em sua campanha. "Recebi R$ 6 mil na vaquinha on-line que eu montei e de R$ 15 a R$ 20 mil na minha conta pessoal, dinheiro doado por pessoas que acreditaram em mim. Joguei limpo", finaliza.