Em sua primeira manifestação, o candidato mais bem colocado no primeiro turno da eleição do Rio de Janeiro, o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) disse que irá "buscar o apoio de todos os cariocas" na tentativa de chegar ao seu terceiro mandato à frente da Prefeitura do Rio. E, numa provável estratégia de evitar a rejeição de eleitores que ficam mais ao extremo dos espectros políticos, em especial da esquerda, insistiu que a discussão no segundo turno não pode ser ideológica.
Ele tenta voltar ao comando da capital fluminense e enfrentará no segundo turno o atual prefeito, Marcelo Crivella (Republicanos), que teve apoio do presidente Jair Bolsonaro. Com 99,99% das seções apuradas, o ex-prefeito tinha 37,01% dos votos válidos, enquanto Crivela contava com 21,90%. Martha Rocha (PDT) e Benedita da Silva (PT) estavam bem próximas, com 11,30% e 11,27%, respectivamente.
"Essa discussão é sobre o Rio. Não é uma discussão sobre direita, esquerda ou um debate ideológico nacional", comentou Paes, em rápida entrevista concedida em um hotel da zona sul do Rio. "Eu quero o apoio do povo carioca, conversar com todos os cariocas. Não importa se é direita ou esquerda. Acho que o que nós temos hoje é uma insatisfação com a gestão de um prefeito despreparado."
ATAQUES
O prefeito respondeu apenas a três perguntas, e passou a maior parte dos cinco minutos de fala atacando a gestão do atual prefeito, Marcelo Crivella (Republicanos), com quem irá disputar o pleito. "O carioca sabe a tragédia que representa a má gestão do Crivella”, criticou.
"(Quero) chamar a atenção especialmente que, nesta eleição, no segundo turno vamos ter que continuar discutindo entre uma administração, uma prefeitura do Rio que funcionou, que deu resultado, que as pessoas tinham acesso à atenção básica na saúde, às clínicas da família, ao BRT, aos serviços básicos da prefeitura sendo prestados de forma adequada, contra uma administração que todos nós vimos e percebemos que deixou de prestar serviços à população, que abandonou a população de nossa cidade, e que fez com que a população sofresse", comentou.
enquanto isso...
..Carlos Bolsonaro reeleito
Filho "zero dois" do presidente Jair Bolsonaro, o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos) foi reeleito para o sexto mandato na Câmara do Rio de Janeiro, mas perdeu cerca de 36 mil votos em quatro anos e o posto de mais votado da cidade, que passou para Tarcísio Motta (PSOL). Carlos teve 70 mil votos, enquanto em 2016, ele conseguiu 106 mil eleitores e foi o líder. Mãe de Carlos e primeira ex-mulher do presidente, Rogéria Bolsonaro (Republicanos) fez pouco mais de 2 mil votos e não será eleita, apesar de ter feito campanha com forte presença nas ruas – ao contrário do filho.
Na reta final, surpresas e luta voto a voto
Porto Alegre registrou uma das disputas mais acirradas entre as capitais. Surpresa na reta final, o medebista Sebastião Melo garantiu 31,01% dos votos, contra 29% de Manuela D'Ávila, do PCdoB, em coligação com o PT.
Em Salvador, Bruno Reis (DEM), foi eleito no primeiro turno, conforme indicavam as projeções. Ele teve 64,20% dos votos válidos. Em segundo lugar ficou a candidata do PT, Major Denice, com 18,86%.
No Recife, João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT) farão o segundo turno. Eles tiveram, respectivamente, 29,17% e 27,95% dos votos. Em terceiro ficou Mendonça Filho (DEM), ex-ministro do governo de Michel Temer, com 25,11%.
Em Fortaleza, apoiado por Ciro Gomes, Sartro (PDT) obteve 35,72% da votação e disputará o segundo turno com o bolsonarista Capitão Wagner (PROS), com 33,32%. Luzianne Lins (PT) ficou em terceiro, com 17,76%.
Em Belém, o candidato do PSOL, Edmilson Rodrigues, disputará o segundo turno das eleições municipais com o candidato do Patriota, Delegado Federal Eguchi. O psolista teve 34,22% dos votos válidos, enquanto Eguchi, 23,06%. O segundo colocado foi a grande surpresa em Belém. Aos 57 anos, o direitista disputou uma única vez um cargo público, em 2018, como deputado federal e conquistou 53 mil votos, não se elegendo à época. Ao longo da disputa, ele pontuava entre o terceiro e o quarto colocado. No entanto, o resultado das urnas colocou-o à frente de Priante, candidato oficial do governador Helder Barbalho, que ocupava o segundo lugar na disputa.
Para o próximo dia 29 vão digladiar nas urnas a extrema esquerda e a direita. O candidato do PSOL, Edmilson Rodrigues, conseguiu reunir os principais partidos esquerdistas em torno de sua candidatura, incluindo o PT, que indicou o candidato a vice-prefeito da chapa.
REELEITO
O candidato do DEM à prefeitura de Curitiba, Rafael Greca, foi reeleito no primeiro turno, com 59,74% da votação. Em segundo lugar ficou o candidato Goura (PDT), com 13,26%. O candidato Fernando Francischini, do PSL, ficou em terceiro lugar, com 6,26%.
Cinthia Ribeiro (PSDB) reelegeu-se à prefeitura da capital do Tocantins. Ela obteve 36,24% dos votos válidos. A capital tocantinense é a única que não tem segundo turno por ter um número abaixo do mínimo de eleitores. Em segundo lugar ficou o deputado estadual Professor Júnior Geo (PROS), com 14,52%.
Já em Florianópolis, Gean Loureiro (DEM) foi reeleito com 53,46% dos votos. Em segundo lugar ficou o candidato Professor Elson (PSOL), com 18,13%.
Urna mostra recuo do bolsonarismo
À exceção de Marcelo Crivella (Republicanos), no Rio de Janeiro, e o Capitão Wagner (PROS), em Fortaleza, candidatos das capitais apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro não chegaram ao segundo turno.
Um post do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em sua página do Facebook no qual apresentava "colinhas" para os seguidores pedindo votos para seus aliados nas eleições municipais foi apagado no começo da noite de ontem. A publicação havia sido feita no sábado, 14, véspera das eleições.
Entre os nomes que constavam no post estavam Celso Russomanno, candidato à prefeitura de São Paulo pelo Republicanos, e Crivella, do mesmo partido. A postagem foi suprimida tão logo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) passou a divulgar os primeiros números dos pleitos, que mostravam desempenhos eleitorais fracos para boa parte dos candidatos apoiados pelo presidente da República.
Em São Paulo, Russomanno caminhava desde o início das apurações para ficar fora do segundo turno, enquanto Crivella ia se confirmando como adversário de Eduardo Paes.
Após o início da totalização de votos, Sérgio Moro, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro, usou o Twitter para se manifestar sobre os resultados parciais e provocar o presidente.
"O resultado das eleições municipais foi fragmentado, sem um claro vencedor nacional, o que sinaliza a prevalência do interesse local. Há alguns resultados interessantes, os candidatos apoiados pela Presidência fracassaram e o PSOL tornou-se o partido de esquerda mais relevante", escreveu.
Pelo Twitter, no início da madrugada de hoje, Bolsonaro minimizou seu fracasso como cabo eleitoral e sustentou que a esquerda amargou uma "derrota histórica". "Minha ajuda a alguns poucos candidatos a prefeito resumiu-se a 4 lives num total de 3 horas", escreveu. "A esquerda sofreu uma histórica derrota nessas eleições, numa clara sinalização de que a onda conservadora chegou em 2018 para ficar. Para 2022 a certeza de que, nas urnas, consolidaremos nossa democracia com um sistema eleitoral aperfeiçoado", acrescentou.