O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do presidente da República, foi reeleito para seu cargo na Câmara Municipal do Rio de Janeiro neste domingo (15/11). Ele recebeu 71 mil votos — uma queda de mais de 30% em relação aos 106 mil votos que obtivera. Carlos Bolsonaro também perdeu o posto de vereador mais votado no Rio de Janeiro, que havia conquistado em 2016, para Tarcisio Motta (Psol), eleito com mais de 86 mil votos.
Mas o filho do presidente foi uma exceção entre os candidatos que estiveram nas urnas com o famoso sobrenome de sua família. Um levantamento da BBC News Brasil com candidatos que concorreram com o nome "Bolsonaro" mostra que apenas Carlos teve sucesso.- Ida de Boulos ao 2º turno em São Paulo sinaliza avanço de esquerda jovem pelo país
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No total 66 "Bolsonaros" candidatos a vereador e dois a prefeito (Jaboticabal e Várzea Paulista, em SP) foram derrotados. Houve também políticos que foram impedidos de usar o nome de Bolsonaro para concorrer.
O presidente também teve um resultado ruim entre os candidatos que apoiou diretamente em suas lives na internet, com dois terços deles derrotados neste domingo.
Ex-mulher e Wal
Entre os candidatos que utilizaram o nome "Bolsonaro", alguns possuem ligação real com o presidente.
É o caso de Rogeria Bolsonaro (Republicanos), ex-mulher de Jair e mãe de Carlos, que disputou uma vaga na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. Seu nome na urna é "Rogeria Bolsonaro" e no site do TSE seu nome completo aparece como "Rogeria Nantes Braga Bolsonaro".
No passado, em 2000, quando era rompido com Rogeria, Jair Bolsonaro tentou impedir na Justiça a ex-mulher de usar seu sobrenome para concorrer a uma eleição. Na ocasião, ele também lançou a candidatura de Carlos, então com apenas 17 anos, para concorrer e derrotar a mãe. A estratégia deu certo na época, e Carlos foi eleito.
Neste ano, no entanto, Rogéria concorreu com o apoio de seus filhos, que chegaram a ajudá-la, mesmo tendo Carlos também na disputa. E Rogeria, hoje reconciliada com Jair, fez campanha defendendo a gestão do ex-marido na Presidência.
"O homem que diziam não ter competência, (sic) salvou o Brasil em meio a (sic) crise mundial", escreveu ela no Twitter sobre Jair Bolsonaro.
Rogeria recebeu apenas 2.034 votos (0,08%) e não foi eleita.
Um parente de Jair Bolsonaro que usou o sobrenome nas urnas também foi derrotado. Marcos Bolsonaro (PSL), que é primo distante do presidente, concorreu a prefeito de Jaboticabal (SP) e recebeu 4% dos votos, ficando em último lugar na disputa.
Outra candidata que usou o sobrenome Bolsonaro nas eleições, sem sucesso, foi Walderice Santos da Conceição, conhecida como Wal do Açaí, que concorreu a vereadora em Angra dos Reis (RJ). Na urna, ela aparecia com o nome Wal Bolsonaro (Republicanos).
Wal era funcionária que constava da folha de pagamento do gabinete de Jair Bolsonaro quando ele era parlamentar, mas foi flagrada pelo jornal Folha de S.Paulo trabalhando em sua loja de açaí na região de Angra dos Reis em horário de expediente. Ela é alvo de uma investigação sobre o caso.
Na eleição de domingo, ela recebeu menos de 300 votos e não conseguiu se eleger.
'Donald Trump Bolsonaro'
A grande maioria dos "Bolsonaros" derrotados eram candidatos nanicos que usaram o nome para puxar votos entre os apoiadores do presidente.
Em diversos casos, a Justiça Eleitoral proibiu o uso do sobrenome Bolsonaro por candidatos que tentaram. Foi o caso de João Santana, do PSL, que queria concorrer ao cargo de vereador em Brusque (SC) com o nome de "Donald Trump Bolsonaro".
A Justiça Eleitoral decidiu que o candidato não era conhecido por esse apelido e portanto rejeitou sua candidatura. Essa foi a mesma justificativa usada em outros casos semelhantes. Com seu nome real, João Santana acabou não sendo eleito.
A BBC News Brasil contou pelo menos dez candidatos "Bolsonaro" que foram impedidos de usar o nome, tiveram suas candidaturas impugnadas ou desistiram.
Mas muitos conseguiram usar o nome sem obstáculos legais.
Em alguns casos, o sobrenome do presidente aparecia apenas como parte de uma alcunha ("Capitão de Bolsonaro", "Gil do Bolsonaro", "Bolsonaro Sergipano", "Rafa Apoiadores de Bolsonaro", entre outros). Mas a maioria optou por usar o sobrenome do presidente como se fosse parte de seu próprio nome.
Um levantamento feito pela BBC News Brasil mostra que houve vereadores derrotados em todas as cinco regiões — e em algumas cidades houve mais de um "Bolsonaro" concorrendo:
- Centro-Oeste: Anápolis (GO), Campo Grande (MS), Bataguassu (MS)
- Nordeste: Jequié (BA), Salvador (BA), Aracaju (SE), Nossa Senhora do Socorro (SE), Capitão de Campos (PI), Maceió (AL), Dom Basílio (BA), Santaluz (BA), Irecê (BA), Santa Inês (MA), Imperatriz (MA), Camaragibe (PE), Lagoa de Itaenga (PE), Tibaú do Sul (RN), Simão Dias (SE)
- Norte: Tomé-Açú (PA), Boa Vista (RR), Manaus (AM), Machadinho D'Oeste (RO), Laranjal do Jari (AP), Cruzeiro do Sul (AC), Palmas (TO)
- Sudeste: Campinas (SP), Belo Horizonte (MG), Guaimbê (SP), São Fidélis (RJ), Ibatiba (ES), Taboão da Serra (SP), Guarujá (SP), Teresópolis (RJ), Ribeirão Bonito (SP), Ilhabela (SP), Jaú (SP), Rio de Janeiro (RJ), Pirassununga (SP), Guarulhos (SP), Iacanga (SP), Angra dos Reis (RJ), Piracicaba (SP), Taiuva (SP), Marechal Floriano (ES), Serra (ES), Conselheiro Lafaiete (MG), Vespasiano (MG), Carapicuíba (SP), Arujá (SP), Ribeirão Preto (SP), São Vicente (SP), Santa Rosa de Viterbo (SP), Roseira (SP)
- Sul: Águas Mornas (SC), Bento Gonçalves (RS), Guaíba (RS), Capão da Canoa (RS), Curitiba (PR), Esteio (RS), Goioerê (PR), Içara (SC)
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