O recorde de votação vem com o peso da responsabilidade que se soma a outros dois fatores: ser mulher e jovem. "Tantas pessoas confiaram em mim, em um momento de tamanha descrença com a política", afirma. Foi exatamente este descontentamento que a motivou entrar na política. "Saber que o meu inconformismo não mudaria nada se não fosse ferramenta de mudança", destaca. A votação expressiva deixou para trás nomes fortes do partido, Josafá Anderson e Edsom Sousa, que foram reeleitos com 2.551 e 1.150 votos, respectivamente.
Aluna do projeto RenovaBR, uma escola de formação política, Lohanna é atuante em ações sociais. Nos últimos anos ganhou voz nas redes sociais. Acompanhando de fora, ela diz ter compreendido como pretende ser a transformação que esperava. "Entendi que a forma de modificar problemas estruturais é o espaço da política institucional", comenta. Com foco na educação, meio ambiente e emprego, ela reconhece que a eleição foi apenas um dos obstáculos vencidos.
"A política ainda é um ambiente masculino, o que dificulta nossa inserção. Mas se não nos dão espaço na mesa, a gente traz um banco e senta mesmo assim. Faremos isso e participaremos ativamente da vida legislativa", afirma.
Mais do que ser cobrada, Lohanna acredita que será criticada. "Já ouvi muitos 'quem essa menina acha que é?' por aí. Mas também acredito que a votação expressiva manda uma mensagem clara de que o mundo está mudando e que temos apoio popular', analisa. Sem receio de se fazer presente, ela antecipa que vai trabalhar para compor chapa para a formação da Mesa Diretora.
Dando tom ao perfil que deverá seguir, a jovem vai lançar um processo seletivo para formação do gabinete. Cada vereador tem direito a quatro assessores e um dos objetivos de Lohanna é ampliar a presença feminina. “Desejo ter um gabinete majoritariamente feminino, já que está provado que times diversos chegam a melhores soluções, e ocuparemos espaços a partir daí", declara. O edital ainda será divulgado com o requisitos exigidos.
A vereadora eleita antecipa que norteará o mandato nos mesmo princípios da campanha. "Fizemos uma campanha bonita, propositiva, econômica e dinâmica, e é assim que queremos que o mandato seja. Acredito que os eleitores também", afirma.
Mais mulheres
Além de Lohanna, Ana Paula do Quintino (PSC) também foi eleita para uma das 17 cadeiras do legislativo. Juntas, elas serão as vozes femininas até então representadas pela vereadora Janete Aparecida (PSC). Ela foi eleita vice-prefeita na chapa encabeça por Gleidson Azevedo, do mesmo partido.
Neste ano, Divinópolis registrou recorde de candidaturas de mulheres na disputa majoritária. Laiz (Solidariedade) foi a grande surpresa. Ela deixou a última posição da primeira pesquisa e terminou o pleito em terceiro lugar com 19,14% dos votos, ou seja, 21.514.
A cidade também teve na disputa Iris Moreira (PSD) e a professora Maria Helena (PT). Andreia Rabelo (PDT) integrou como vice a chapa de Marquinho Clementino (Republicanos). Até o momento, dados oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que 12,2% das prefeituras serão comandadas por mulheres a partir do próximo ano.
*Amanda Quintiliano especial para o EM