A criação do Aliança pelo Brasil não é a única dúvida que persiste sobre o partido. A entrada automática do presidente Jair Bolsonaro é outro enigma. Isso porque ele disse que não pode investir 100% na criação da sigla e admitiu que mantém conversas com outras legendas –– inclusive, um retorno ao PSL não está afastado, assim como a adesão a alguma agremiação que companha o Centrão.
Mas, ao contrário do pai, o filho 03 do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), defende que o Aliança fique pronto o quanto antes. No último dia 17, após os resultados do primeiro turno, ele usou as redes sociais para fazer um desabafo e disse que o resultado da eleição municipal não foi o que a direita esperava.
“Formar o Aliança, ou ter um partido verdadeiramente conservador, torna-se a cada dia mais fundamental, seja para o embate nas Casas legislativas, seja para a eleição. Os diferentes grupos e pessoas de direita poderiam estar em maior contato, melhor comunicação e amadurecer para não se enxergarem como adversários nas eleições”, defendeu.
Para a advogada constitucionalista e mestre em direito público pela Fundação Getulio Vargas (FGV) Vera Chemim, a fragmentação na direita inviabiliza a criação do Aliança e a possibilidade de reeleição de Bolsonaro, a menos que as políticas e ações governamentais direcionadas às regiões Norte e Nordeste venham a sustentar um segundo mandato.
Já o cientista político da Universidade Presbiteriana Mackenzie Rodrigo Prando explica que a criação do Aliança não quer dizer que agregará maciçamente os conservadores ou todo o espectro da direita. “Partidos que saem fortalecidos da eleição municipal têm uma máquina à disposição e têm vereadores e prefeitos a lutar por seus candidatos no plano nacional. Bolsonaro terá que se virar com o Centrão e pensar como chegar forte se o pós-pandemia trouxer uma crise profunda”, alertou.