Jornal Estado de Minas

ELEIÇÕES 2020

Com poucas mulheres eleitas, Câmaras de Vereadores mineiras seguem com maioria masculina


O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou alguns dados referentes aos números gerados pelas eleições municipais 2020. Segundo o órgão, mais de 900 cidades brasileiras começarão o novo mandato sem nenhuma vereadora eleita. Em Minas Gerais, 188 cidades se enquadram nesses dados.




 
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É o caso de São Gonçalo do Rio Abaixo. Das nove vagas disponíveis, três eram ocupadas por mulheres. No pleito do dia 15 de novembro, a população gonçalense optou por eleger apenas homens. Uma das candidatas, Luciana Maria Bicalho (PTB), se candidatou ao posto de prefeita, porém não obteve sucesso nas eleições. A cidade vizinha, Barão de Cocais, passou pela mesma experiência. Além de não eleger nenhuma mulher para verear, ainda perdeu a única que fazia parte da casa na atual gestão.

Apenas uma mulher eleita

Os dados do TSE também informaram que 1,8 mil cidades, no Brasil, tiveram apenas uma mulher eleita. É o caso das Câmaras de Vereadores de João Monlevade e Itabira que, depois de um mandato inteiro sem mulheres em sua composição, receberão apenas uma na próxima gestão.

Itabira, considerado um município polo de sua região, tem 17 cadeiras na Câmara de Vereadores. Nesse pleito, a única mulher eleita foi Rose Félix (MDB). Aos 43 anos de idade, a advogada e empresária disputou um cargo público pela primeira vez. Mãe solo de dois meninos, ela defende a valorização da mulher, além da representatividade e da luta racial. Eleita com 1318 votos, ela frisou as dificuldades de uma eleição ainda majoritariamente masculina.




“Mesmo com 100 anos da institucionalização do voto feminino, percebemos que a maioria das mulheres ainda não votam em mulheres. É preciso garantir representatividade, democracia e equilíbrio nas relações. Pretendo abordar a questão da representatividade justamente trazendo mulheres que já exercem esse papel, que participam de projetos de empreendedorismo ou questões sociais. Precisamos dar visibilidade para que mulheres possam engajar, buscar capacitação, se empoderar e saberem da importância que temos na sociedade”, explica Rose Félix.

Em João Monlevade, Andrea Peixoto Correa Martins (PTB), a Andrea da Saúde, conseguiu uma das 15 vagas na Câmara de Vereadoresapós ter a candidatura impugnada. O julgamento aconteceu no último dia 18. Dos sete desembargadores presentes na sessão realizada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), quatro foram favoráveis à ex-secretária de saúde do município. Outros três votaram pela impugnação.

Eleições históricas


Muitas cidades da região conseguiram eleger um número maior de mulheres esse ano. Mesmo que ainda pouco expressivos, eles representam uma mudança necessário no cenário político regional. Em Santa Bárbara, depois de um mandato sem presença feminina, das dez cadeiras, duas serão ocupadas por mulheres. Assim como em Itambé do Mato Dentro.





Ferros e Passabém terão três representantes femininas em suas Câmara de Vereadores. Em Guanhães, nas eleições de 2016, as duas candidatas mais votadas da cidade foram mulheres. Esse ano, Anídia de Paula repetiu o feito. Mais votada com 615 votos, ele terá companhia de mais duas mulheres.

O município de Conceição do Mato Dentro assistiu à reeleição de 81% dos atuais vereadores. Os 19% de renovação ficaram por conta da eleição de duas mulheres ao legislativo. Beatriz Madureira (MDB) e Dayse Picão (MDB) chegam após anos sem nenhuma representante do sexo feminino na cidade. 

Dayse Mariano de Paula, conhecida como Dayse Picão, nasceu e cresceu no Sapo, distrito de Conceição do Mato Dentro. Ela vem de uma longa herança familiar de homens vereadores. Com 35o votos, foi a sétima vereadora mais votada. Já Beatriz Madureira, segunda maior votação da cidade com 816 votos, já atuou como secretária de Desenvolvimento Social e, durante 21 anos, secretária executiva na Associação dos Municípios da Microrregião do Médio Espinhaço (Amme).





Ela explica que Conceição do Mato Dentro só tem a ganhar com a volta de mulheres ocupando cadeiras do poder legislativo. “Só acredito em uma realidade melhor se a gente enfrentar essa desigualdade. Nossa desigualdade tem raça, tem gênero. Por isso, assumir a vaga do poder legislativo é questão de fazer valer a voz das mulheres e garantir o nosso olhar atento as políticas públicas voltadas para elas”, observa Beatriz Madureira.

Números gerais


Apesar de registrar um número maior de vereadoras eleitas (16%) do que na eleição passado (13,5%), os dados seguem desanimadores. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dá conta que 51,8% dos brasileiros são mulheres. Esse número se reflete também na porcentagem de eleitores. O TSE confirma que 52,5% deles são do sexo feminino.

Nas eleições de 2020, as mulheres representaram 34% dos candidatos a vereador. Em 2016, esse percentual era de 32%. De uma forma geral, nota-se que as medidas adotas para aumentar a representatividade feminina na política brasileira ainda precisam ser aperfeiçoadas. 

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