Jornal Estado de Minas

ENTREVISTA/REINALDO GOMES

Vereador reeleito, Reinaldo Gomes quer mais políticas para os idosos

Eleito para o quarto mandato, Reinaldo Gomes (MDB), vereador de Belo Horizonte, chegará à próxima legislatura disposto a tratar dos engarrafamentos.

Citando o alto índice de carros que circulam por vias como o Anel Rodoviário e a Avenida Cristiano Machado, fala em iniciar articulações junto à prefeitura em prol de possível rodízio de veículos. Reinaldo – que, nas urnas, acrescenta o apelido “Preto Sacolão” ao nome de batismo – quer levar a questão a Alexandre Kalil (PSD).



“Infelizmente, BH não consegue fluir mais”, avalia, em participação na série de entrevistas que o Estado de Minas promove com os integrantes da futura composição da Câmara Municipal.

A defesa da população idosa também está entre as prioridades do vereador, que obteve 5.125 votos. Por mais quatro anos, Reinaldo será o único representante do MDB no Parlamento.

Ele é favorável a mecanismos que podem integrá-lo formalmente a bancadas, como a criação de blocos parlamentares. Na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), por exemplo, os deputados dividem-se entre grupos oficiais conforme a posição em relação ao governo – situação, oposição e independência.





A postura em relação a gestão Kalil, aliás, não está definida. Embora seu partido tenha composto a coligação do prefeito reeleito, Reinaldo prefere esperar as ações do novo mandato para definir se fará parte da base aliada.

O veterano teme que a Câmara seja tomada por debates de cunho ideológico. “Espero que aproveitem o tempo que tiverem para discutir a cidade, e não posicionamentos particulares”, sustenta, em menção a Duda Salabert (PDT) e Nikolas Ferreiras (PRTB), futuros colegas, recordistas em votos e diametralmente opostos no que tange à posição política.

Reinaldo preside o diretório belo-horizontino do MDB e, antes da eleição, se envolveu em impasse com o comando estadual do partido, dirigido pelo deputado federal Newton Cardoso Jr.

Ele questionou o volume de recursos repassados aos candidatos na capital. O parlamentar planeja reunião com o correligionário para debater o assunto.



Ele afirma que postulantes mulheres receberam suas quotas e que, às vésperas da eleição, repassou parte das cifras que ganhou da legenda a 13 colegas de chapa.

Qual a principal bandeira de seu mandato?
Temos um sério problema de mobilidade urbana e infraestrutura, que não favorece quem chega à cidade. Também sempre gostei de defender os idosos. Na próxima legislatura, vou abraçar mais essa causa. Percebo que a gente fez demais para crianças e adolescentes. Agora, a bola da vez são os idosos. Vivemos em um país onde a população está conseguindo envelhecer com mais qualidade de vida. Precisamos ficar atentos a isso e fazer políticas públicas para os idosos.

Qual o primeiro projeto de lei que pretende apresentar?
Estamos discutindo, mas acredito que, embora seja de competência exclusiva do poder público municipal, a questão do rodízio de veículos na cidade seja uma das questões que vamos tentar ‘puxar’ a prefeitura para conversar. Infelizmente, BH não consegue fluir mais. O Anel Rodoviário, em qualquer horário, tem gargalos. Fica um impasse: o governo municipal esperando o governo federal fazer algo, que não abre mão (da via) para a municipalização. Do Betânia ao Rio das Velhas temos congestionamento em pequenos trechos. A (avenida) Cristiano Machado não aguenta mais (o volume de carros). Quando a catedral Cristo-Rei for inaugurada, você vai ver o que aquilo vai virar. Pode escrever o que estou falando.

O senhor, a princípio, se coloca como base ou oposição ao governo?
É difícil falar em ser base ou oposição. Kalil não teve desafetos com a sociedade — foi reeleito com mais de 60% dos votos. É um governo fácil de acompanhar nas questões de plenário. É óbvio que há situações que poderiam ser — e eu me posicionaria — de forma diferente. Estou aberto para ver como será o novo governo e, assim, opinar sobre como serei.





Como será compor uma bancada ‘de um homem só’, visto que foi o único eleito do MDB? Vislumbra articulações com outros colegas?
Infelizmente, há muitos anos o MDB tem apenas um vereador. Cogitamos mudar algumas coisas no Regimento Interno. Pensamos seriamente em fazer blocos parlamentares, até mesmo para poder fazer com que as coisas fluam com mais facilidade, não permitindo que os debates ideológicos tomem muito tempo. (A criação dos blocos) teria que ser uma proposta vinda da Mesa Diretora para que os vereadores aprovem. Por ora, estamos só ‘ensaiando’ essa conversa.

O senhor falou em ‘debates ideológicos’. Acha que a polarização está acirrada na Casa? Isso pode aumentar?
Não estou fazendo previsões, mas tivemos dois vereadores eleitos com votações históricas. Sabemos que os votos da Duda (Salabert, do PDT) e do Nikolas (Ferreira, do PRTB) são ideológicos. Talvez isso possa proporcionar discussões acaloradas em plenário, mas tomara que não. São duas pessoas muito inteligentes. Espero que eles aproveitem o tempo que tiverem para discutir a cidade, e não posicionamentos ideológicos e particulares.

Na campanha, o MDB se envolveu em um impasse: o senhor disse que o partido não repassou o fundo eleitoral aos candidatos de BH. Isso pode comprometer seu futuro na legenda?
Vamos ter reuniões para conversar sobre isso. Houve, realmente, uma omissão com o MDB de BH. Gostaria, depois, de conversar com presidente sobre isso, em uma reunião do diretório estadual, (para saber) o motivo pelo qual o MDB municipal não foi contemplado, uma vez que todo o MDB de Contagem foi.

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