A Embaixada da China no Brasil divulgou nesta terça-feira (24/11) uma resposta às afirmações que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) publicou nas suas redes sociais na segunda-feira (23/11), acusando o país asiático de fazer supostas espionagens cibernéticas. Numa postagem, que foi posteriormente apagada, o parlamentar alega que o governo brasileiro apoiará os Estados Unidos e defende “uma aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China".
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Viana garante asfaltamento de trecho da BR-367 e projeta visita do presidenteNovo vice-líder de Bolsonaro no Senado diz que presidente prometeu solução para metrô de BHAllan dos Santos ameaça ministro Luís Roberto Barroso: 'Pra você ver o que a gente faz com você!'Deputados pedem saída de Eduardo Bolsonaro da Comissão de Relações ExterioresMulher de Eduardo Bolsonaro pede desculpas, mas critica quem não vacina filhosOlavo de Carvalho pede renúncia de Bolsonaro por não defender 'fiéis amigos'“O governo Jair Bolsonaro declarou apoio à aliança Clean Network, ançada pelo governo Donald Trump, criando uma aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China”, escreveu Eduardo Bolsonaro na noite da segunda-feira (23). Ele é presidente da comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.
A criação da tecnologia 5G tem sido uma disputa diplomática entre norte-americanos e asiáticos. O governo dos EUA acusa as empresas chinesas de espionagem. A China diz que os norte-americanos utilizam a questão da soberania nacional para prejudicar fabricantes chinesas.
Na resposta, feita também por meio das redes sociais, a Embaixada da China afirma que a postagem do filho do presidente Jair Bolsonaro não tem qualquer fundamento e prejudica muito a relação entre os dois países: “Na contracorrente da opinião pública brasileira, o dep. Eduardo Bolsonaro e algumas personalidades têm produzido uma série de declarações infames que, além de desrespeitarem os fatos da cooperação sino-brasileira e do mútuo benefício que ela propicia, solapam a atmosfera amistosa entre os dois países e prejudicam a imagem do Brasil. Acreditamos que a sociedade brasileira, em geral, não endossa nem aceita esse tipo de postura”.
No texto, os chineses lembram da antiga parceria comercial entre sul-americanos e asiáticos: “Ao longo dos 46 anos de relações diplomáticas, a parceria sino-brasileira conheceu um rápido desenvolvimento graças aos esforços de ambas as partes. A China tem sido o maior parceiro comercial do Brasil há 11 anos consecutivos e é também um dos países com mais investimentos no Brasil”.
Os chineses reforçam que o pensamento de Eduardo Bolsonaro não reflete a ideologia da sociedade brasileira: “Instamos essas personalidades a deixar de seguir a retórica da extrema-direita norte-americana, cessar as desinformações e calúnias sobre a China e a amizade sino-brasileira, e evitar ir longe demais no caminho equivocado, tendo em vista os interesses de ambos os povos e a tendência geral da parceria bilateral. Caso contrário, vão arcar com as consequências negativas e carregar a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil”.
Os chineses reforçam que o pensamento de Eduardo Bolsonaro não reflete a ideologia da sociedade brasileira: “Instamos essas personalidades a deixar de seguir a retórica da extrema-direita norte-americana, cessar as desinformações e calúnias sobre a China e a amizade sino-brasileira, e evitar ir longe demais no caminho equivocado, tendo em vista os interesses de ambos os povos e a tendência geral da parceria bilateral. Caso contrário, vão arcar com as consequências negativas e carregar a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil”.
Estados Unidos
A embaixada também atacou a política adotada pelo governo de Donald Trump no desenvolvimento da tecnologia 5G: “O governo chinês incentiva empresas chinesas a operar com base em ciência, fatos e leis enquanto se opõe a qualquer tipo de especulação e difamação injustificada contra empresas chinesas. Os EUA têm um histórico indecente em matéria de segurança de dados. Certos políticos norte-americanos interferem na construção da rede 5G em outros países e fabricam mentiras sobre uma suposta espionagem cibernética chinesa, além de bloquear a Huawei visando alcançar uma hegemonia digital exclusiva”.
Mal-estar
A declaração do parlamentar já gerou mal-estar no governo brasileiro. Nesta terça-feira, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, se esquivou de responder quando foi perguntado se o Brasil havia entrado na aliança Clean Network para evitar a espionagem chinesa. "Pergunte o Eduardo", disse.