A ameaça de se abster do direito de votar no segundo turno das Eleições 2020 em Valadares é explícita. Na loja Cheiro de Pano, que fica na área central da cidade, a proprietária colocou na fachada uma faixa com o protesto: “Se não posso trabalhar, não posso votar. Dia 29, fico em casa!”
“E eu não vou votar mesmo. Já tiraram a minha dignidade quando me impediram de trabalhar. Tiraram um direito meu, aliás, o único, que é trabalhar de forma digna”, disse Maria de Faria Souza, que mandou pintar a faixa de protesto contra o Plano Minas Consciente, que mergulhou Governador Valadares na onda vermelha.
Maria recebeu muitas manifestações de apoio em seu perfil nas redes sociais depois que postou a foto de sua loja com a faixa. Além do grupo que aprovou a iniciativa da empresária lojista, há aqueles que não vão votar por fazerem parte de algum grupo de risco para a COVID-19.
Wilma Silva disse que seus pais, com idade acima de 70 anos, não foram votar no primeiro turno. No segundo turno, também não vão. “Eu e minha irmã, que cuidamos deles, preferimos mantê-los em casa. A gente paga a multa. Melhor que submetê-los ao risco de contrair a COVID-19”, explicou.
Abstenção recorde à vista
No fim da votação no primeiro turno, quando a cidade estava na onda amarela, a abstenção foi de 32,01%. O percentual equivale a 68.459 eleitores que não compareceram aos locais de votação. No segundo turno, esse número pode ser ainda maior. Paulo de Tarso Machado, que há anos analisa as eleições em Governador Valadares, estima que a abstenção no segundo turno deva girar entre 38% e 40%.
Mas nem todos se resguardam. Nas ruas da área central de Governador Valadares, é grande o movimento de pessoas, visivelmente maior que os outros períodos nos quais a cidade esteva na onda vermelha. Os vendedores ambulantes permanecem nas calçadas da área central, estreitando ainda mais o espaço por onde circulam as pessoas, e onde se formam as filas com idosos nas portas das agências bancárias.
Aglomeração de campanha
A movimentação tornou-se maior nos últimos dias, com o movimento incomum dos prestadores de serviços para as campanhas eleitorais. Ao longo da Avenida Minas Gerais, no centro da cidade, verdinhos com o número 20, do candidato Luciano Oliveira (PSC) e os amarelinhos, com o 45 de André Merlo (PSDB), estão nos dois lados da avenida. Às vezes, eles ficam no meio das duas pistas, junto às bandeirolas que formaram uma muralha no meio da avenida.Grande parte dos prestadores de serviços se aglomera. É uma forma de dar volume à divulgação. Alguns sem máscara facial e outros com a máscara no queixo, ou seja, sem criar a barreira contra o novo coronavírus.
As coordenações de campanhas informaram que os prestadores de serviço são orientados a tomar todos os cuidados, como distanciamento, uso de máscara facial e higienização das mãos. Mas o calor da reta final da campanha e a disputa acirrada pelo voto do eleitor acaba levando ao descumprimento das recomendações.
As coordenações de campanhas informaram que os prestadores de serviço são orientados a tomar todos os cuidados, como distanciamento, uso de máscara facial e higienização das mãos. Mas o calor da reta final da campanha e a disputa acirrada pelo voto do eleitor acaba levando ao descumprimento das recomendações.