Ex-integrante da administração de Alexandre Kalil (PSD), Bruno Miranda retornará à Câmara Municipal de Belo Horizonte após quatro anos de hiato. Filiado ao PDT, ele recebeu 5.178 votos e pretende levar, ao Parlamento, a experiência acumulada na secretaria-adjunta de Desenvolvimento Econômico. Uma das ideias é incentivar a participação dos colegas em discussões sobre parcerias com cidades espalhadas pelo mundo. “Do ponto de vista global, são as cidades que se articulam. Claro que há articulações entre países, mas as cidades é que apresentam projetos e pleiteiam recursos”, justifica. Ao Estado de Minas, o futuro vereador expôs os planos para a legislatura que se aproxima. A entrevista compõe a série de reportagens projetando os mandatos dos 41 eleitos neste ano.
Miranda pensa em discutir questões que afligem toda a Região Metropolitana. Ele pretende dar atenção aos cidadãos que moram nas divisas entre Belo Horizonte e os municípios vizinhos. “Quem mora em divisas de municípios sofre muito, pois muitas vezes não consegue ser atendido de forma adequada pela cidade ‘A’ ou pela cidade ‘B’”, diz. Embora manifeste a intenção de atacar diversas frentes, prega cautela no que tange à apresentação de Projetos de Lei (PLs). “Não é quantidade; é qualidade. Lei já tem demais”.
Embora tenha boa relação com Kalil, o pedetista descarta voltar ao secretariado municipal e deseja cumprir o mandato – durante o governo Márcio Lacerda (PSB), foi chefe da pasta de Esporte e Lazer. Miranda também não cogita assumir cargos estratégicos para a prefeitura na Câmara, como a liderança do governo. “É o tipo de especulação que não quero nem fazer”, sustenta. O PDT terá numerosa bancada na Câmara: além de Bruno Miranda, o partido elegeu Duda Salabert (a mais votada da cidade) e Miltinho CGE.
Qual a principal bandeira de seu mandato?
Tenho algumas pautas prioritárias, como a questão da Região Metropolitana. É uma discussão estratégica, embora poucos vereadores gostem de discutir isso. Acho que é (uma pauta) de fundamental importância. (Outra bandeira é) a saúde bucal, pelo fato de, nos mandatos que tive, já ter conseguido atuar e propor legislações nesse sentido, como escovação (dental) supervisionada nas escolas. Também o desenvolvimento econômico, a geração de emprego e renda.
Quando o senhor cita a Região Metropolitana, está abordando o quê, especificamente?
A integração, a discussão de problemas comuns e o debate sobre ações de melhorias em áreas de divisas entre municípios. Hoje, quem mora em divisas de municípios sofre muito, pois muitas vezes não consegue ser atendido de forma adequada pela cidade ‘A’ ou pela cidade ‘B’. E, obviamente, discussões mais estratégicas sobre mobilidade e saúde.
Qual o primeiro projeto de lei que pretende apresentar?
Já temos ideias, mas não há como adiantar. A gente precisa estudar mais profundamente. O objetivo não é sair apresentando projetos de lei sem critério. Não é quantidade; é qualidade. Lei já tem demais.
O senhor já foi secretário do prefeito Kalil. Também já esteve na administração Márcio Lacerda. Se for convidado para ser secretário, aceitará? E sobre ser líder do governo ou presidente da Casa?
Não tenho o objetivo de ser secretário novamente. Não tive conversas com Kalil (sobre cargos estratégicos na Casa) ou com a assessoria dele. A liderança do governo é do Léo Burguês (PSL, reeleito). Não sei se ele tem a intenção de trocar, pois o Léo conduziu bem a liderança nos últimos quatro anos. É o tipo de especulação que não quero nem fazer. Se ele já tem o líder, reeleito, imagino que continue.
O que pretende levar, do tempo como secretário, à Câmara Municipal?
O período de fora foi importante para uma auto-reflexão e conhecer a prefeitura sob um olhar que ainda não tinha tido: o ponto de vista de ações estratégicas para o município, desenvolvimento econômico e relações internacionais, sobre como esse tipo de política pública, bem realizada, pode trazer bons frutos ao município. Pretendo levar o conhecimento que acumulei nesses quatro anos para discutir a cidade de forma mais qualificada.
O senhor falou em relações internacionais, pauta que não se vê tanto na Câmara Municipal. Pretende incentivar os colegas na constituição de frentes para parcerias com o exterior?
Sem dúvidas. Do ponto de vista global, são as cidades que se articulam. Claro que há articulações entre países, mas as cidades é que apresentam projetos e pleiteiam recursos. Na Alemanha a gente tem um potencial de captação de recursos, sobretudo para projetos internacionais, impressionante. Pretendo, sim, levar esse debate à Câmara. Vemos que, de fato, são poucos os vereadores que se articulam nesse sentido.