Aumenta, a cada dia, a pressão de alguns grupos para que o Congresso retorne à normalidade, após o fechamento das eleições municipais – cujo segundo turno é neste domingo (29/11) –, para destravar pautas polêmicas em tramitação. No sentido de retomar o trabalho presencial, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) divulgou, nesta semana, um manifesto pela retomada. O grupo, que reúne 284 parlamentares, ressaltou que todos os protocolos de segurança são de conhecimento de todos e são suficientes para garantir a segurança – e, portanto, não há justificativa para se manter o trabalho a distância de deputados e senadores.
“A Frente Parlamentar da Agropecuária entende que é urgente e necessário o retorno das atividades do Congresso Nacional, cujo debate tem sido prejudicado por sessões remotas que analisam apenas o que é de consenso geral. No entanto, a Casa é a representação máxima do debate e enfrentamento dos problemas brasileiros e não pode permanecer em paralisia enquanto assuntos urgentes deixam de ser discutidos”, diz um trecho do manifesto.
Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), porém, avaliam que o momento não é bom, tendo em vista o alto número de parlamentares que testaram positivo para covid-19 nos últimos dias. Os dois, aliás, estão no centro de três polêmicas: 1ª) sobre a hipótese de se reelegerem para o comando de Câmara e Senado, respectivamente; 2ª) a presidência da Comissão Mista do Orçamento (CMO) — o grupo de Maia não abre mão de Elmar Nascimento (DEM-BA), conforme acertado no começo do ano com o Centrão, que quer Flávia Arruda (PL-DF) à frente do colegiado; e 3º) a própria sucessão de Maia, que trabalha para impedir a chegada de Artur Lira (PP-AL) à cadeira que, hoje, ocupa.
Para o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), seria possível retomar os trabalhos presenciais, desde que as regras de segurança fossem adotadas. Já o líder do Novo na Câmara, Paulo Ganime (RJ), defende que os trabalhos retornem, mesmo de forma “híbrida”.
“Poderíamos retomar e instalar algumas comissões, como a CMO, CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e comissão da prisão em segunda instância, por exemplo”, defendeu.
Segundo Victor Bertollo, infectologista do Hospital Anchieta de Brasília, reunir 513 deputados, 81 senadores, mais assessores e servidores, em ambiente fechado, poderia ser um risco maior de contágio e de proliferação do novo coronavírus, tendo em vista um novo pico de infecções em todo o país.
Essa não é a primeira vez que alguns parlamentares tentam retomar as atividades no Congresso. Em julho, Alcolumbre chegou a tratar do tema, mas, após ouvir especialistas, acabou desistindo.
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