O prefeito reeleito de São Paulo (SP), Bruno Covas (PSDB), usou seu primeiro pronunciamento após a vitória no segundo turno deste domingo (29) para fazer uma deferência ao seu candidato a vice, o vereador Ricardo Nunes (MDB), e críticas indiretas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Cercado por aliados na sede do diretório estadual do seu partido, entre eles o governador João Doria (PSDB), Covas citou apenas um nome em toda a sua fala, justamente o do companheiro de chapa.
"Me perdoem os parlamentares, a coordenação de campanhas, me perdoe, governador, me perdoe a minha família. Eu queria, aqui, fazer uma homenagem e um agradecimento especial ao meu vice, Ricardo Nunes, que sofreu muito durante a campanha", destacou o candidato vitorioso.
Principalmente durante a caminhada rumo ao segundo turno, a coligação do PSOL direcionou ataques a Nunes após virem à tona um boletim de ocorrência, feito em 2011, por suposta agressão a sua esposa, Regina Carnovale - que hoje nega ter sido vítima de violência - e o envolvimento do vereador com o aluguel de prédios a creches conveniadas com a prefeitura. Conforme mostrou o Broadcast Político, a equipe de Covas pôs em campo uma ofensiva virtual de impulsionamentos para fazer frente à frequência de buscas pelo nome de Nunes no Google.
Além de cumprimentar Boulos pelo "bom combate", o tucano reforçou no discurso deste domingo que São Paulo não quer divisões nem o confronto. Prometeu, ainda, governar para todos, inclusive os que votaram no candidato do PSOL.
Em ritmo lento, pausado e abusando de anáforas, o prefeito reconduzido ao cargo incluiu no pronunciamento uma alfinetada no presidente Bolsonaro. Covas contrapôs a repetição da frase "São Paulo disse 'sim' - à democracia, à ciência, à moderação e ao equilíbrio" - à afirmação de que, na sua visão, o eleitorado da capital paulistana mostrou que "restam poucos dias para o negacionismo e para o obscurantismo".
Uma vez que se juntasse esse trecho da fala à ênfase dada pelo tucano à gravidade da crise econômica e social provocada pela pandemia de covid-19, com Covas postado ao lado de Doria no púlpito, a indireta tinha alvo certo, com endereço em Brasília, no Palácio da Alvorada.
POLÍTICA