O parlamentar crê que os números credenciam o PSDB a alçar voos maiores, como o governo do estado, em eleições futuras. “Isso (o resultado da eleição) demonstra, em primeiro lugar, que as pessoas aceitam a condição que o PSDB propõe de social-democracia e união em torno do centro, um pouco mais à esquerda, que é nossa bandeira de fundação. A gente, portanto, vislumbra, sem dúvidas, dentro desse ideal, de governar o estado e voltar a fazer uma tentativa à Presidência da República”, afirmou, em entrevista ao Estado de Minas.
Em solo mineiro, o último governador tucano foi Antonio Anastasia, hoje no PSD. Quatro anos atrás, o PSDB ganhou em 132 cidades mineiras. Abi-Ackel explica que os números de 2016 ocorreram em virtude de fatores da época, com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e a polarização com representantes petistas.
Por isso, a avaliação é positiva. Afinal, fora a ausência do “apoio” de tais condições, houve o surgimento de obstáculos como o fim das coligações para os pleitos legislativos, que acabou por pulverizar as disputas por prefeituras — visto que, para dar visibilidade aos seus candidatos a vereador, partidos optaram por lançar nomes próprios para os Executivos.
“Comparar com 2016 é comparar com um momento em que a política estava polarizada entre PSDB e PT. Logo, tínhamos condição de fazer muitas prefeituras. Hoje, temos grande número de partidos concorrendo às eleições, com fundo partidário e o fim das coligações, o que jogou quase 35 legendas com candidatos. Mesmo assim, conseguimos ter o segundo maior número de prefeituras em todo o estado”, disse.
À frente do PSDB, está o MDB, que triunfou em 100 localidades mineiras. Democratas (85 vitórias) e PSD (75) completam as primeiras posições. Na visão de Abi-Ackel, o resultado ratifica a ideia tucana de se manter “longe dos extremos".
“A melhor lição que podemos tirar da eleição é que estamos corretos em ficar longe dos extremos. Temos a ousadia de ficar confortáveis longe dos extremos e defendendo a política, desde que exercida dentro das melhores práticas.”
Candidata 'novata' em BH evidencia busca por renovação
Em Belo Horizonte, a representante do PSDB foi Luísa Barreto, servidora da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão. Apesar da sétima colocação da estreante, o dirigente vê como positiva a escolha por um nome novo.
“Nos pareceu correta a aposta em uma candidatura que demonstrasse que o partido está se renovando, tem uma juventude atuante, quadros novos e pessoas preparadas”, defendeu.
Para ele, a ausência de debates, o pouco tempo de campanha e a COVID-19 acabaram prejudicando o desempenho de Luisa, que terminou com 1,39% dos votos válidos.
Crença na ‘queda’ da antipolítica
Ainda conforme Paulo Abi-Ackel, a onda de apoios a candidatos que rejeitam a política está cessando. Como exemplo, citou o triunfo de Eduardo Paes (DEM) no Rio de Janeiro.
“Voltaremos a ter políticos com serviços prestados às cidades, aos estados e ao Brasil concorrendo aos maiores cargos públicos. Foi a prova inequívoca que o sentimento contra a política está passando”, opinou.
Apoiado pelo PSDB, Paes pregou o diálogo com diferentes correntes ideológicas — casos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e do governador fluminense Cláudio Castro (PSC) — para viabilizar sua administração.