"O Kalil fala em nome dele. Ele não fala pelo PSD”. A frase dita pelo senador Carlos Viana (PSD) ao Estado de Minas, nesta quarta-feira (02/12), foi um recado ao prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), que, em entrevista ao Programa Roda Viva, na noite de segunda-feira (30/11), fez críticas à relação entre o partido e o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), do qual Viana é vice-líder no Senado, cargo que assumiu recentemente.
Na entrevista, Kalil deixou claro que é contra o fato de o senador do PSD ter aceitado a função de vice-líder de Bolsonaro. Ele condenou abertamente a relação do seu partido com a gestão Bolsonaro, dizendo ser contrário à indicações pela sigla para ocupação de cargos no governo. Disse que colocou sua posição para o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab.
“O Fábio (Faria), ministro das Comunicações, foi escolha do presidente. O Kassab faz parte do Centrão e não tem cargo no governo. Vejo uma situação extremamente delicada. Disse isso ao presidente (Kassab). Estão indicando cargos lá e colocando lideranças locais do PSD. Estamos fazendo papel de quê?”, afirmou o prefeito reeleito da Capital Mineira.
A entrevista de Kalil ao Roda Viva teve grande repercussão nas redes sociais e desdobramentos no meio político. Na manhã desta quarta-feira, ele concedeu entrevista à repórter Andréia Sadi, da Globonews, na qual respondeu criticas que recebeu do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), filho do presidente Jair Bolsonaro.
“O PSD tem várias vozes. O Kalil é apenas uma delas. Ele não fala pelo partido”, afirmou Carlos Viana ao Estado de Minas. Depois, a assessoria de Carlos Viana explicou que, na fala, o senador se referiu especificamente à posição de Kalil em relação à ocupação da vice-liderança do Governo, sem entrar no mérito quanto a outras questões como, por exemplo, as considerações do prefeito da Capital sobre o presidente Bolsonaro e as críticas feitas por ele ao governador Romeu Zema (Novo).
Por outro lado, ainda na entrevista ao Estado de Minas, Carlos Viana revelou que não acompanha nenhuma candidatura presidencial vinculada ao projeto da esquerda, referindo-se ao ex-governador cearense e ex-ministro Ciro Gomes (PDT), com o qual Kalil tem boa relação. O senador informou que disse ao próprio Kalil que não tem nenhuma chance de votar em Ciro Gomes para presidente da República.
Na terça-feira, por meio de uma rede social, Ciro Gomes saiu em defesa do prefeito de Belo Horizonte, rebatendo as críticas feitas a ele pelo deputado Eduardo Bolsonaro. Pelo Twitter, o filho do presidente Bolsonaro afirmou que BH havia reeleito o 'projeto de ditador', em referência à política de isolamento social adotado pelo chefe do executivo da capital mineira no enfrentamento à pandeima da COVID-19.
“Nenhum destes idiotas corruptos têm moral para calçar o sapato do melhor prefeito de capital do Brasil que é o Kalil!", disparou Ciro, em seu perfil no Twitter, num recado para Eduardo Bolsonaro.
Em entrevista à Globonews na manhã desta quarta-feira, o próprio Kalil respondeu ao filho do presidente. Ele argumentou que não é de seu feitio responder a críticas feitas por deputados, mas que abriria uma exceção devido à pergunta da repórter Andréia Sadi. "Em respeito a você, vou responder. Meu pai dizia que 'se não tiver picadeiro, não tem palhaço'", declarou.