Jornal Estado de Minas

ENTREVISTA/MILTINHO CGE

Vereador eleito de BH tem mandato embalado pela causa animal

Os 4.176 votos recebidos fizeram Milton de Freitas Carvalho Júnior (PDT), o Miltinho CGE, ser escolhido vereador de Belo Horizonte logo na estreia em eleições.

Aos 44 anos, o futuro parlamentar é enfático ao citar o tema que classifica como bandeira prioritária no Legislativo da capital: “Estou entrando para ser a voz dos animais”, diz, em sabatina feita pelo Estado de Minas.



Durante a conversa, que integra a série entrevistas com os 41 integrantes da nova composição da Câmara Municipal, Miltinho detalhou algumas das propostas que pretende apresentar. Uma das ideias é criar mecanismos para impulsionar a castração de bichos que vivem nas ruas.

A sigla que dá forma ao “nome político” de Miltinho faz referência ao Comando Guerreiro Eldorado, representação da Máfia Azul – torcida organizada do Cruzeiro – em um dos mais famosos bairros de Contagem, na Região Metropolitana.

Embora more na capital e não faça mais parte do grupo de torcedores, adotou o apelido. Além da marcenaria mantida em solo contagense, atua como resgatista, salvando animais perdidos no Rio Arrudas.

“Sabemos que muitos são jogados – e acabam entrando em galerias. Precisamos diminuir o número de cães (que aparecem no Arrudas)”, afirma, defendendo o endurecimento de leis sobre maus-tratos aos bichanos.



Filiado a um partido que integra o campo progressista, diz se identificar mais com os ideais de esquerda, mas quer passar longe de eventuais debates ideológicos. “Não tenho a intenção de brigar com ninguém ou ir ao microfone para ofender as pessoas. Quero defender minha causa, mostrar quem estou representando”, assegura o pedetista.

Miltinho compõe a lista de 24 novos vereadores eleitos neste ano. Ele reconhece a inexperiência e, fala em utilizar o mandato como uma espécie de aprendizado. Mesmo assim, quer escrever trajetória diferente à traçada por parlamentares que integraram a atual legislatura.

“Vemos, na televisão, coisas que aconteceram com o Wellington Magalhães e outros. Espero que os novos vereadores tenham a consciência de olhar pela sociedade e fazer o melhor. Estou entrando para aprender e fazer o certo”, opina, em menção ao ex-vereador do DC, cassado no ano passado. Além de Magalhães, Cláudio Duarte (PSL) também perdeu o mandato. Há, ainda, o caso de Ronaldo Batista (PSC), suspenso após ser preso, suspeito de participação em um homicídio.





Qual a principal bandeira de seu mandato?
A causa animal. Fui eleito por ela. Tenho um trabalho (de resgate de animais) há muito tempo dentro do Rio Arrudas. A gente acabou sendo referência. Somos os únicos a fazer o resgate de animais que entram no Arrudas. Vamos até mesmo às partes fechadas. Acabei ficando conhecido pelos resgates difíceis, que as pessoas não conseguem fazer, de animais ferozes e em locais de acesso complicado. Sempre fiz de coração, como voluntário.

Em termos de propostas concretas, o que o senhor pensa em prol da causa animal?
Conhecemos a realidade e o que é preciso. A castração é a primeira coisa. Hoje, o que vai amenizar (o problema dos animais de rua) é a castração em massa. Os animais procriam muito nas ruas. Vamos tentar criar leis, ao menos municipais, que combatam os maus-tratos. Claro que seria bom ter leis estaduais ou municipais, mas como vamos estar lá, podemos começar por aqui, tentando dar forma a algo que seja mais eficaz. Nas comunidades há muitos animais e, às vezes, as pessoas não têm como levar os bichos para castrar. Se conseguirmos um 'castramóvel', facilitará bastante. Vamos tentar bolar formas de descobrir o que acontece com os animais do Rio Arrudas. Sabemos que muitos são jogados – e acabam entrando em galerias. Precisamos diminuir o número de cães (que aparecem no Arrudas). Vamos procurar engenheiros que possam ver formas de impedir (a entrada dos cães no rio). Eles entram no Arrudas por lotes vagos e não saem mais.

O PDT é um partido progressista. O senhor se considera de esquerda? 
Não sou partidário. Não vou entrar em embates por questões de direita e esquerda. Sou bem tranquilo com relação a isso. Sou mais de esquerda, mas não sou radical.





O que o senhor pode acrescentar, em termos de novidades, ao Parlamento?
A causa animal não tem representantes na Câmara. Estou entrando para ser a voz dos animais e representá-los lá. Como é uma causa ‘leve’, que agrada a todo mundo – de esquerda ou direita – vou levar essa bandeira. Tenho a intenção de contagiar todo mundo, fazer amigos e parceiros.

O senhor garantiu que não entra em debates sobre esquerda e direita. Teme que haja, na Câmara, polarização acirrada entre os campos políticos?
É provável. Pelo que já ouvi, ocorrem muitos embates entre direita e esquerda. Tenho de estar lá para falar, pois tudo é novo. É algo que não vivi, mas não tenho a intenção de brigar com ninguém ou ir ao microfone para ofender as pessoas. Quero defender minha causa, mostrar quem estou representando, sem ofender ninguém.

Como avalia a atual legislatura? O que pode melhorar para os próximos quatro anos?
O que sei da Câmara – as pessoas me falam – é que lá dá muita confusão, com debates (ideológicos). Vemos, na televisão, coisas que aconteceram com o Wellington Magalhães (cassado em 2019) e outros. Espero que os novos vereadores tenham a consciência de olhar pela sociedade e fazer o melhor. Entro para aprender e fazer o certo.

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