Radialista, apresentador televisivo e político, Álvaro Damião (Democratas) conseguiu 12.742 votos e inicia, no próximo ano, o segundo mandato como integrante da Câmara Municipal de Belo Horizonte. A meta do parlamentar é fortalecer trabalhos sociais feitos em comunidades carentes da capital mineira. Para isso, quer o apoio da prefeitura para levar cultura e esporte às periferias. Damião deseja dar respaldo à Guarda Municipal. Ele mira parcerias entre município e estado para aumentar o total de bases móveis da corporação. “Os números mostram que elas fizeram com que a criminalidade na capital diminuísse muito nos últimos dois anos”, diz, em participação na série de sabatinas feitas pelo Estado de Minas com os componentes da nova formação do Legislativo belo-horizontino.
Vice-líder do governo Alexandre Kalil (PSD), Damião é filiado a uma legenda que apoiou João Vítor Xavier (Cidadania) no pleito deste ano. Apesar disso, manteve neutralidade na disputa pelo Executivo. Assim, crê que a opção do Democratas não deixará manchas no relacionamento com o prefeito. Descontente com os efeitos da polarização entre esquerda e direita, o vereador se decepcionou com as ofensas trocadas durante as reuniões plenárias. Na visão de Damião, os pronunciamentos agressivos precisam cessar. “Ninguém tem o direito de ir ao microfone para esculhambar a vida do outro”, sustenta, defendendo a união dos pares em prol de ideias positivas.
Qual a prioridade de seu segundo mandato?
A mesma do primeiro. Trabalhar pelas pessoas mais simples e mais pobres, principalmente.
Como dar continuidade a esse trabalho?
Ver, junto à prefeitura, o que se pode fazer em relação aos trabalhos sociais que envolvem as comunidades carentes de Belo Horizonte e os trabalhos sociais que envolvem a Secretaria de Esportes, que são muito frágeis. Pouca coisa é feita. A periferia de BH praticamente não tem acesso à cultura e ao esporte. Precisamos promovê-los mais para a periferia. Essa é uma das metas do nosso mandato. Não só com leis que incentivem esse tipo de trabalho junto à prefeitura, mas buscar parcerias para fazer esses trabalhos nas comunidades.
O senhor já pensa em projetos de lei para a próxima legislatura?
A gente apresentou alguns, que foram aprovados e ajudaram, por exemplo, os campos de futebol amador, que estavam completamente abandonados em BH. Fizemos uma parceria público-privada, sem gastar um real da prefeitura, e já revitalizamos quase 20 campos. Sem envolver dinheiro público, a gente conseguiu abrir quatro escolinhas de futebol para 200 crianças cada, em campos de futebol da prefeitura. É continuar esse trabalho. Não é apenas o trabalho que se refere às leis.
Fora a demanda por cultura e esporte nas periferias, há alguma outra bandeira que pretende encampar?
Fortalecer a Guarda Municipal, que é fortalecer a segurança pública da cidade. (É preciso) buscar parcerias com o estado para aumentar o número de bases móveis na cidade. Os números mostram que elas fizeram com que a criminalidade na capital diminuísse muito nos últimos dois anos – principalmente no último. A gente precisa aumentar (o número de bases) e, para isso, temos que ter parceria entre o governo e a prefeitura.
O senhor é vice-líder do governo Kalil, mas compõe um partido que apoiou João Vítor Xavier. Como equilibrar as duas coisas? Pretende continuar na base aliada?
É um novo mandato para todo mundo. Ele (Kalil) tem o direito de escolher outras pessoas se quiser, pois é um novo mandato, e tem o direito de manter (as atuais lideranças). Não interfere em nada o fato de estar no Democratas. Já estava no partido antes e continuo (vice) líder dele. Minha relação com o Alexandre é muito maior que a relação entre vereador e prefeito. É uma relação de amizade, que nasceu antes de ele se tornar prefeito e de eu me tornar vereador. Foi isso que fez com que eu me tornasse um dos líderes dele na Câmara.
O Democratas fez um vereador só. Como será compor a bancada de ‘um homem só’?
Serei líder de mim mesmo. Não vejo necessidade de fazer parcerias com outros partidos para aprovar projetos. A necessidade, dentro da Câmara, é de parcerias entre os vereadores, independentemente de partidos, coisa que a gente não viu neste mandato. A gente tem que ter parcerias para aprovar o que é melhor para a cidade, e parar com muita vaidade que existe ali. Não aprova o projeto de fulano por ele ser da direita, não aprova o de ciclano por ele ser da esquerda, e esquece se o projeto é bom – ou não – para a cidade. No próximo mandato, vou deixar isso bem claro. Aprovo o que é bom para BH. Se for da direita, da esquerda ou do centro, pouco importa.
Como avalia a atual legislatura? O que pode melhorar para 2021?
Esses quatro anos, para mim e para outros, foram um grande aprendizado. Mostrou para todos nós – principalmente os 17 que ficaram – que quem não fizer vai sair. Ficaram os que a cidade achou que fizeram por BH. Então, é melhor as pessoas dentro da Câmara se unirem para resolver os problemas da cidade. Ali, temos que ter democracia e discussão. Ataques não são necessários. Ninguém tem o direito de ir ao microfone para esculhambar a vida do outro. (GP)