O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou, nesta sexta-feira (11), que tentou ser o mais didático possível com o presidente Jair Bolsonaro, para que ele entendesse a gravidade da pandemia do novo coronavírus no Brasil. Segundo Mandetta, mesmo assim, o chefe do Executivo não assimilou as informações.
“Expliquei para ele, inclusive de forma bem básica, que o coronavírus é um bichinho que entra pelo nariz, passa de uma mão para outra. Nem assim ele entendeu”, disse o ex-ministro em entrevista à Globo News.
Sobre a vacina, Mandetta disse que o Governo Federal não é capaz de tomar decisões e que sempre joga a culpa em cima dos governadores. Segundo ele, o “SUS é um bichinho de três pernas e que está andando somente com duas”, que são os governos estaduais e os municípios, em busca da vacina da COVID-19.
A respeito da frase “a pandemia está no finalzinho”, dita por Bolsonaro, o ex-ministro disse que isso ressalta a total falta de inteligência e que o presidente não mede a consequência de suas falas.
“É uma total falta de inteligência. O presidente pode ter uma inteligência razoável ou mediana, mas o seu emocional é muito próximo de zero. Ele não mede a consequência de suas falas, como ‘é uma gripezinha’, ‘não sou coveiro’, ‘e daí’, sobre o número de mortos e quando fala ‘estamos no finalzinho’. Isso é uma falta de inteligência, uma inconsequência e é totalmente prejudicial você falar que a pandemia está acabando”, disse ainda em entrevista.
Mandetta ainda pontuou que o número de casos de COVID-19 não era para estar aumentando no Brasil “se nós estivéssemos fazendo o dever de casa”. Com o início da vacinação previsto para março e abril de 2021, o país tem de enfrentar outras preocupações com as datas comemorativas neste fim de ano e férias no início do ano que vem.
“São Paulo é uma cidade de 20 milhões de habitantes, concentrada e que força aglomeração. Tá todo mundo fadigado, tá todo mundo querendo ir para a rua. Nós temos o natal, nós temos o ano novo. Temos o verão em janeiro e fevereiro onde as pessoas vão para as praias e se aglomeram."
Ainda provocou Bolsonaro sobre o carnaval. “Nós temos o carnaval, que embora não vai ter um carnaval oficial dos governos, mas é capaz do presidente se fantasiar e pular carnaval na esplanada para incentivar a cultura popular”.
*Estagiário sob supervisão do subeditor Eduardo Oliveira