Reeleita vereadora em 15 de novembro, Nely Aquino (Podemos) vai encarar novo pleito já no primeiro dia de 2021. Presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, ela tentará ser reconduzida pelos colegas ao cargo – e já tem a adesão de parte considerável deles. Consciente da representatividade que carrega consigo, celebra o aumento no número de mulheres presentes no Legislativo — serão 11 a partir do próximo ano –, mas não se dá por satisfeita. “A democracia só existirá de fato quando as mulheres estiverem mais representadas em nosso cenário político”, diz em entrevista ao Estado de Minas.
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Como conciliar, nestes dois anos, a presidência da Câmara e as atribuições comuns a todos os parlamentares?
São muitas as atribuições e funções que foram acrescentadas à função parlamentar após estar à frente da presidência da Casa. O que demandou um trabalho mais próximo e minucioso às questões administrativas, mas não me afastou das funções de vereadora, pois tenho uma equipe muito experiente e que me auxilia perfeitamente sem que traga ônus ao exercício parlamentar. Algumas questões que demandam participação presencial, como reuniões e visitas técnicas, continuaram normalmente com minha presença e da minha assessoria. Outro ponto é a comunicação através das redes, que facilita a atenção ao cidadão em qualquer momento ou lugar.
Qual a bandeira prioritária para o segundo mandato?
Minha bandeira principal sempre foi o belo-horizontino. Atendemos a diversas pautas e procuramos encontrar a melhor solução sempre através do diálogo. Neste mandato, as principais pautas foram no combate à violência contra a mulher, que posso destacar ser a principal pela afinidade aos cidadãos em propor projetos e trazer essas discussões ao gabinete. Mas todas as pautas apresentadas são amplamente discutidas, independentemente de bandeira ou orientação política.
Como avalia a atual legislatura? O que pode melhorar para 2021?
Foi um mandato de mudança na funcionalidade da Casa, na estrutura e imagem que a Câmara tinha na sociedade. Houve muitas melhorias, que foram necessárias, e acredito que a população teve maior participação nas decisões – é uma participação ainda pequena, mas que cresceu muito em relação aos anos anteriores, fato que podemos atribuir também à facilidade de acesso ao parlamentar através das redes. A pandemia da COVID-19 trouxe novas atitudes e preocupações para todos, agilizou mudanças que provavelmente terão sequência nos próximos anos, como reuniões remotas e semipresenciais e digitalização de protocolos. Em 2021, teremos renovação de mais de 58% na grade dos vereadores, o que trará muitas ideias novas e discussões de novos pontos de vista da cidade. O resultado disso será mudança e renovação, pontos necessários para Belo Horizonte continuar evoluindo.
O que levou a senhora a tentar a recondução à presidência?
A confiança dos meus pares no trabalho executado. A reeleição foi decidida após diversas conversas com colegas parlamentares, que manifestaram o desejo de dar continuidade comigo à frente da Mesa Diretora. Desejo deles, o que me mantém serena e firme nessa decisão e me motiva a seguir executando um trabalho merecedor desse reconhecimento.
Nesta legislatura, há quatro vereadoras. A partir do ano que vem, serão 11. Como avalia esse salto?
Não podemos negar o avanço, apesar de não garantir igualdade. Tenho orgulho em fazer parte dessa luta histórica para garantir a elevação da representação das mulheres e da política para mulheres. A democracia só existirá de fato quando as mulheres estiverem mais representadas em nosso cenário político, tornando a sociedade mais igualitária, justa e inclusiva.