Jornal Estado de Minas

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Disputa pela Câmara dos Deputados é a largada para 2022

Distante no horizonte para muitos brasileiros, as eleições presidenciais de 2022 já estão no radar do jogo político e tende a aquecer ainda mais nas negociações este ano.

O primeiro embate para medir as forças começa no dia 1º de fevereiro com a eleição para as presidências da Câmara e do Senado. Por um lado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) busca eleger Baleia Rossi (MDB-SP) para sua sucessão ancorado nos partidos de esquerda e contrários ao governo. Na outra ponta, Arthur Lira (PP-AL) busca derrotar o democrata com apoio do Palácio do Planalto.





Após comandar a Casa por quase cinco anos, Rodrigo Maia acredita que elegendo Baleia Rossi vai manter o controle da pauta legislativa, podendo fazer frente ao Executivo.

Nos bastidores, o parlamentar vem articulando uma candidatura de centro para fazer oposição a Jair Bolsonaro em 2022. Para isso, Maia já se aproximou do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), do ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), do governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), e até do apresentador de TV Luciano Huck.

Recentemente, o democrata afirmou que seu principal foco será a construção dessa frente quando deixar a cadeira da presidência.

Na visão do professor Arnaldo Mauerberg Junior, do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), as eleições das Mesas Diretoras do Congresso serão determinantes para influenciar nas alianças futuras.

“Se o Lira ganhar, Bolsonaro pode avançar com suas pautas conservadoras e ter um capital para apresentar ao seu eleitor. No caso do candidato do Maia, a pauta da Câmara vai fluir conforme a vontade da Casa, e isso pode não ajudar o governo”, explica.





Na esteira das movimentações de Maia, o presidente Bolsonaro marcou para o primeiro trimestre deste ano a definição de um partido para se abrigar e já começar a desenhar sua candidatura à reeleição.

Depois de deixar o PSL, Bolsonaro tentou criar o Aliança pelo Brasil, mas o partido ainda não conseguiu sair do papel e por isso ele deve se filiar a uma sigla já existente.

Na avaliação de pessoas próximas ao presidente, a falta de um partido acabou prejudicando os candidatos bolsonaristas nas eleições municipais deste ano. Sem o Aliança, esses candidatos acabaram pulverizados em outras siglas, e por isso, não tiveram os desempenhos esperados.

Partidos 


No radar de Bolsonaro, está o PTB, comandado por Roberto Jeffersson, o Republicanos, que já conta com a filiação de dois filhos do presidente, e o PP, que lidera o Centrão no Congresso.



Caso Arthur Lira vença a disputa pelo comando da Câmara, o PP ganha mais peso na decisão de filiação do presidente.

O partido foi um dos que mais cresceu nas eleições municipais, se tornando a segunda maior sigla em número de prefeitos e vereadores, o que garantiria palanque para Bolsonaro em diversas regiões do país.

Presidente nacional do PP, o senador Ciro Nogueira (PI), afirma que a sigla seria unificada no projeto de reeleição de Bolsonaro.

“Eu já manifestei o convite e seria uma honra ter o Bolsonaro no nosso partido. Praticamente 99% do PP tem identificação com o presidente, então se isso ocorrer, unificaria o partido no projeto de reeleição em 2022”, admite.

Com parte da esquerda flertando com as alianças de Rodrigo Maia, partidos como PT e Psol vão buscar  uma demarcação de território maior na oposição.

Enquanto a sigla do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vê o seu capital político ruir pela falta de novas lideranças, o Psol tenta dar musculatura para Guilherme Boulos ampliar o capital político depois da votação expressiva que teve em São Paulo.





Para Marcelo Senise, especialista em Marketing Político e Digital, a estratégia de antecipação do cenário político está se dando justamente pela falta de novos líderes políticos e pelo amadurecimento do eleitor.

“A eleição municipal foi um espelho do que poderá ocorrer em 2022. Nas próximas eleições, o candidato não poderá ser apenas anti-PT ou anti-Bolsonaro, pois o eleitor não vai aceitar isso. Então é preciso construir o ambiente eleitoral desde já”, afirma Senise.

Moro esquecido

Enquanto nomes políticos tradicionais vão ganhando espaço com seus acordos, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro vai perdendo capital. O ex-juiz ganhou projeção nacional após julgar os processos da Lava Jato e nunca negou que tenha pretensões na seara política, no entanto, vem perdendo fôlego nos últimos meses.

Atualmente, Moro é descartado tanto pela esquerda, liderada pelo PT, quanto por parte da direita, de Jair Bolsonaro. O ex-ministro também não tem penetração no grupo liderado por Rodrigo Maia.

Na avaliação do professor Arnaldo Mauerberg,  da UnB, apesar de Sergio Moro ter ganhado popularidade, ele sempre foi um candidato inviável pela falta de articulação política.






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