Eleito pela quarta vez para a Prefeitura de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, com 70% dos votos, Odelmo Leão (PP) diz que chegou ao fim da última gestão com queda de 7,5% na arrecadação.
Como primeira grande medida do novo mandato, o prefeito criou a Secretaria Municipal de Agronegócio, Economia e Inovação, que, na prática, fez a junção das pastas de Agropecuária, Abastecimento e Distritos (Semad) e de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Turismo (Sedeit).
Nesta entrevista ao Estado de Minas, ele diz que o início do novo mandato será de gastos arrochados.
Diante de outro ano difícil, por causa da pandemia do novo coronavírus, ele afirma, entretanto, estar seguro da eficiência da rede municipal de saúde para o atendimento à população, mesmo tendo a prefeitura que desenvolver ações que dizem respeito constitucionalmente ao estado e ao governo federal.
Como primeira grande medida do novo mandato, o prefeito criou a Secretaria Municipal de Agronegócio, Economia e Inovação, que, na prática, fez a junção das pastas de Agropecuária, Abastecimento e Distritos (Semad) e de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Turismo (Sedeit).
Nesta entrevista ao Estado de Minas, ele diz que o início do novo mandato será de gastos arrochados.
Diante de outro ano difícil, por causa da pandemia do novo coronavírus, ele afirma, entretanto, estar seguro da eficiência da rede municipal de saúde para o atendimento à população, mesmo tendo a prefeitura que desenvolver ações que dizem respeito constitucionalmente ao estado e ao governo federal.
Na campanha de 2016, seu plano de governo se resumia a "reconstruir a cidade", que tinha dívida e prejuízos. Em 2019, o senhor disse que esse valor era de R$ 1 bilhão. Como a prefeitura chegou ao fim na última gestão?
Nossa arrecadação caiu 7,5%. Em 2017, nosso endividamento era de 17,13%. Em 2018, foi de 12,04%. Em 2019, 14,73%, e em 2020 esse indicador deve ser reduzido. Isso sinaliza que fizemos gestão pública. Recuperamos algumas dívidas anteriores, houve um repasse para a Covid e isso tudo ajudou no fechamento.
De que maneira isso impactou e vai impactar no atual mandato?
Tem que fazer remanejamentos e priorizar setores vitais, saúde, educação e área social. Só foi possível fazer obras de mobilidade urbana pelo financiamento que fizemos pela Finisa (Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento, do governo federal), feito em anos anteriores. Vou priorizar para ver o comportamento da economia em 2021.
2020 elevou o gasto com saúde?
Gastamos R$ 608 milhões. Em 2019, gastamos R$ 489 milhões, tivemos aumento de 24%, justamente por causa da pandemia. Tivemos investimento em remédios, contratação de médicos, enfermeiros.
E isso impactou em outro setor?
Não, o que gastamos na saúde já era dirigido na saúde.
Mesmo tendo aumento de gastos na área?
Esse aumento foi apoiado (em partes) por repasses do governo federal; sem esse repasse, teríamos dificuldades. E seria obrigado a cortar de outros lugares.
Quanto foi repassado pelo governo federal?
Foram R$ 76 milhões. Uma parte para a Covid e outra de reposição de caixa. Uma coisa que acho importante: gasto com pessoal. Em 2017, 47,9% de recursos. Em 2018, 47,83%. Em 2019, 41,26%, e 2020, até agosto, foram 33,42% (do orçamento).
O senhor trouxe novas UTIs e leitos para a cidade com a pandemia. Não era possível ter feito isso anteriormente?
A responsabilidade do município é a atenção primária. Média e alta complexidade nunca foram função do município. Em 2017, gastei 30,63% do meu orçamento com saúde; em 2018, 28,99%; em 2019, 31,96% (do orçamento); e até agosto de 2020, gastei 26,39%. A Constituição determina que eu gaste 15%. Eu ponho do dobro na saúde. Deveríamos estar preparados antes da Covid? Nós nos preparamos porque entendemos que se não socorrêssemos a população de Uberlândia, teríamos sérias dificuldades. Fizemos no município a função de estado e governo federal. Abrimos nosso leitos de enfermaria e UTIs. Acrescentamos 62 novas UTIs, com o Santa Catarina (hospital municipalizado durante a pandemia) e no Hospital Municipal mais 20. Se você pegar as outras 30 para outras comorbidades, são 122 UTIs. E se considerar as 28 salas de emergência nas UAIs (unidades de atendimento integrado da saúde, da rede municipal), que são UTIs, como equipamentos, remédios e intensivistas, vamos para 140 UTIs no município, que não é função minha. É preciso haver equilíbrio e os governos do estado e federal vão ter que assumir suas funções, porque os municípios sozinhos não vão conseguir. E se persistir a pandemia?
O transporte público de Uberlândia precisou de aporte de R$ 25 milhões da prefeitura para que as empresas não quebrassem. Isso foi visto como uma medida impopular. Como evitar que isso aconteça novamente?
Estou fazendo estudo sobre o transporte púbico, que quebrou em todo o Brasil. Teve cidade em que a empresa foi embora. Quando demos o socorro emergencial, nosso intuito era manter a folha de pagamento dos trabalhadores do transporte público. Não é subsidiar empresa. Nosso nível de transporte caiu. Transportávamos 170 mil pessoas/dia. Na pandemia, caiu para 49 mil. Hoje, está em torno de 80% (do total). Como a prefeitura vai suportar se tiver que subsidiar?
O senhor recebeu críticas da Câmara dos Dirigentes Lojistas sobre a gestão da pandemia e muitos comerciantes também reclamaram. Como está a relação com os comerciantes sobre fechamentos?
Se eu tivesse que voltar, faria tudo como fiz. Temos consciência do que estávamos fazendo. Fizemos reabertura agora e, se não houver colaboração da população, certamente teremos muita dificuldade.
O senhor prevê orçamento de R$ 3,3 bilhões para 2021. Com tudo o que passou em 2020, acha que é possível efetivar esse orçamento?
A nossa expectativa é de que a economia brasileira volte a crescer. Por isso, nos preparamos para enfrentar 2021. Vinculei todo o orçamento da prefeitura, menos a folha de pagamento.
Uberlândia, assim como outros municípios, passou por problemas de recebimento do estado. Como está isso, regularizou?
A partir do acordo com o estado, os pagamentos têm sido efetivados. Temos dívida relativa à saúde, em torno de R$ 80 milhões, que é um recurso que pode nos ajudar muito no próximo ano.
Para 2021, existem dificuldades como reestruturação da educação municipal. Acha que é possível voltarem as aulas presenciais?
Estou pagando as férias em dezembro, que deveriam ser pagas em janeiro, para que os professores possam estar à disposição para retorno às aulas em fevereiro. Agora, isso tudo depende do comportamento da pandemia e das orientações médicas. Mas estou preparados para voltar em fevereiro.