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Estado de Minas Entrevista/André Merlo

"Estamos numa guerra", avalia prefeito de Governador Valadares

Compensar perda de receita gerada pela pandemia é o maior desafio do novo mandato


07/01/2021 04:00 - atualizado 07/01/2021 07:31

André Luiz Coelho Merlo está em seu segundo mandato como prefeito de Governador Valadares(foto: SECOM/PMGV)
André Luiz Coelho Merlo está em seu segundo mandato como prefeito de Governador Valadares (foto: SECOM/PMGV)
André Luiz Coelho Merlo (PSDB), de 55 anos, é engenheiro e nasceu em Governador Valadares. É o primeiro prefeito nascido no município que administra a cidade.

Iniciou sua carreira política como candidato a prefeito em 2012, pelo PDT. Obteve votação expressiva, mas não se elegeu. Foi subsecretário estadual do Agronegócio, em 2013, e secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, em 2014.

No primeiro mandato como prefeito, não conseguiu cumprir alguns compromissos de campanha, por causa de dificuldades financeiras associadas à pandemia do novo coronavírus.

Reeleito em outubro passado, ele diz esperar mais dificuldades em seu novo mandato, como solucionar a dívida do Instituto de Previdência Municipal (Iprem) e iniciar o tratamento de esgotos no município, que ainda é inexistente.

A que o senhor atribui sua reeleição?
Foi uma eleição diferente, cheia de fake news. Conseguimos mostrar à população, com muita dificuldade, o antes e o depois, como pegamos a prefeitura e como governamos no primeiro mandato. Mostramos que as nossas propostas não eram de uma continuidade de comando e, sim, de governo. A população entendeu isso.

Quais dificuldades o senhor espera neste segundo mandato?
Muitas. Teremos um desafio muito grande em relação ao financeiro. Tivemos muitos problemas na última gestão, agravados em 2020 por causa da pandemia. O município perdeu receita. Não pudemos fazer eventos, deixamos de arrecadar ISS e movimentar a economia. Escolas fecharam. Estamos numa guerra. Governador Valadares já ultrapassou as 400 mortes pela COVID-19, uma doença diferente, que tem tratamento diferente, nem mesmos os médicos conseguem lidar plenamente com essa doença. Então, a pandemia ainda vai influenciar negativamente nas administrações municipais.

Entre as dificuldades financeiras relacionadas às dívidas do município, fala-se muito na dívida com o Instituto de Previdência Municipal (Iprem). A situação do Iprem preocupa?
Preocupa muito. Mas temos um grupo estudando o plano emergencial para recuperação do Iprem, cuja dívida é muito grande e não começou na nossa gestão, tem cerca de 20 anos. Mas vamos ter de resolver com a direção do Iprem, com o Sindicato dos Servidores e com a Câmara Municipal. E isso será feito logo nos primeiros meses de 2021. Temos exemplos bem-sucedidos em cidades como Ribeirão Preto (SP), que destinou sua dívida ativa para pagamento das dívidas com a previdência municipal. Temos exemplos de pagamento com imóveis. Vamos ter de adotar medidas urgentes pra diminuir esse débito histórico. Todos os municípios ficaram esperando a reforma da Previdência no âmbito federal, pensando que ela iria englobar estados e municípios, e isso não ocorreu.

Na primeira gestão, o senhor teve oposição ostensiva na Câmara. A formação da Câmara nesta nova legislatura sinaliza que o senhor não tenha oposição. Como será a relação com a nova Câmara?
No primeiro mandato, começamos com o apoio de 18 dos 21 vereadores. Tudo depende. Nossa relação com a Câmara é como qualquer relação do Executivo com o Legislativo em todos os níveis, estadual ou federal. Sempre tem algum arranhão, mas eu espero que seja melhor, por causa dessa renovação. Foram eleitas muitas pessoas jovens, com outra visão. No meu discurso de diplomação, eu disse a eles que ainda temos vícios institucionais na prefeitura e na Câmara. É preciso eliminar esses vícios. No passado, tivemos vereadores que quiserem “administrar a cidade”, o que não permitimos. E, com isso, fomos perdendo os vereadores. Com relação à oposição, é sempre mais fácil ser contra, criticar. Mas esta eleição mostrou que as pessoas estão mais politizadas, o eleitor está mais atento.

Como é a relação da prefeitura com o governo estadual?
É apenas boa. O governador Romeu Zema não atua politicamente, ele está arrumando o estado financeiramente. E a gente tem muita esperança nessa parte técnica. Depois que o governador Fernando Pimentel saiu, o estado voltou a regularizar os repasses para a saúde municipal e destina de 50% a 60% do valor que deveria nos repassar, mas nunca chegou aos 100%. O estado precisa entender que a saúde é tripartite. O município assume 25%, o estado 25% (e nunca chega totalmente a esses 25%), e o governo federal repassa os outros 50%. E repassa em dia. Com relação à saúde, em nível de estado, nestes tempos de pandemia ainda temos a regulação. Nessa crise da COVID-19, estamos recebendo pacientes até de outras macrorregiões, como Ipatinga.

O governo de Minas tem levado muitas indústrias e outras grandes empresas para o Sul de Minas, Triângulo Mineiro e Grande BH. Governador Valadares está ficando para trás?
Ao longo dos últimos 20 anos, Governador Valadares foi sendo esquecida nesse mapa de investimentos do Brasil e do estado. Nasci em Governador Valadares e ouço falar que a cidade está bem situada estrategicamente em relação às rodovias e à ferrovia, não muito distante dos centros consumidores, como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vitória, São Paulo e Salvador.  No passado, tivemos uma política mais localizada, que não considerou a política macro. Então, não vamos atrair uma grande empresa se não tivermos o aeroporto ampliado. É por isso que estamos investindo pesado na ampliação e reforma do aeroporto. Temos de construir a nova rodoviária, estamos lutando para isso. E outra: Governador Valadares tem 100% de esgotamento sanitário, mas o nosso tratamento de esgoto é zero. Eu não nego isso. O nosso tratamento de esgoto é zero, e uma empresa de ponta não vai querer se instalar em uma cidade que não trata seu esgoto.

O que falta para a cidade ter as estações de tratamento de esgoto em funcionamento?
No início de 2021, queremos tratar de 30% a 40% do esgoto, que já deveríamos ter feito. Mas isso não aconteceu porque herdamos de outra administração uma obra de uma estação de tratamento de esgoto que custou R$ 51 milhões, tivemos de entrar na Justiça contra a empresa construtora para terminar a obra, e provar a funcionalidade dela. Quando vencemos a batalha judicial, tivemos uma surpresa: onde estavam os coletores levando o esgoto para a ETE?. Isso é falta de planejamento, não é? Então, é preciso fazer várias elevatórias e já estamos fazendo.


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