O partido pelo qual o Jair Bolsonaro se elegeu, o PSL, com deputados investigados pelo Supremo por atos antidemocráticos, repudiou a invasão ao Congresso dos Estados Unidos. "Em uma democracia, não existe nada mais sagrado e soberano do que a vontade popular, expressa por intermédio do voto", escreve o partido em nota.
Nove dos 53 deputados da bancada do PSL na Câmara Federal tiveram o sigilo bancário quebrado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para apurar se eles atuaram no financiamento de atos antidemocráticos, que pediam o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional, no ano passado.
Desde 2019, o PSL vive uma crise interna que opõe, de um lado, uma ala ligada a Bolsonaro e, de outro, o grupo ligado ao presidente do partido, deputado Luciano Bivar (PSL-PE). A disputa provocou um racha que culminou na saída de Bolsonaro da legenda. No meio dessa crise, os parlamentares investigados pelo STF foram suspensos pelo PSL em março do ano passado, porém, por outros motivos.
Na nota de repúdio aos acontecimentos dos Estados Unidos, o PSL classifica o episódio como uma quebra de regras. "Não condiz com a tradição do país de respeitar as regras do jogo, algo tão consolidado ao longo de toda a trajetória da nação americana. Ao se solidarizar com o povo americano, O PSL reforça, perante o povo brasileiro, seu compromisso com a democracia, o respeito ao voto popular e à Constituição Federal", diz o PSL.
Bolsonaro, por sua vez, não condenou a manifestação dos apoiadores do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Após extremistas invadirem a sede do Legislativo para interromper a confirmação da eleição no país, Bolsonaro voltou a levantar dúvida sobre a confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro e a pressionar pela instituição do voto impresso. Sem citar diretamente o ataque ao Capitólio, Bolsonaro afirmou que o modelo eletrônico pode levar o Brasil a ter um problema pior que os EUA.
Ainda na nota de repúdio, o PSL afirma ter compromisso com a liberdade e com o Estado de Direito. "Por isso, uniu-se a um bloco de partidos que luta por uma Câmara independente, livre e democrática", diz. O partido está no bloco do candidato à presidência da Câmara Baleia Rossi (MDB-SP) que disputa com Arthur Lira (PP-AL), que tem o apoio do Palácio do Planalto.
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