O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender o voto impresso para as eleições presidenciais de 2022. A declaração ocorreu durante transmissão da live desta quinta-feira (7/1). O chefe do Executivo também afirmou que a medida deveria ter sido colocada em prática em 2018, caso o Supremo Tribunal Federal (STF) não tivesse interferido.
“Não inventei isso agora. Desde 2015 nós trabalhamos nessa questão. E olha só, em 18 de novembro de 2015. foi levado à votação um veto ao voto impresso, e o Congresso derrubou o veto. 368 deputados e 56 senadores votaram para derrubar o veto, e passou a valer então, o governo era Dilma Rousseff, e voltou a valer o voto impresso, que seria colocado em prática em 2018", afirmou.
Ele aproveitou para alfinetar o STF: "Isso acabou não acontecendo porque o nosso Supremo Tribunal Federal resolveu dizer que é inconstitucional. É uma interferência? É uma interferência. E por que é inconstitucional? Agora qual país do mundo adota o voto eletrônico, a exemplo do nosso? Não tem. Quer dizer, tem aí a Venezuela e um outro país perdido por aí. A Alemanha não aceitou isso aqui. Grandes países não aceitaram”.
Bolsonaro também voltou a comentar a invasão do Capitólio nos Estados Unidos. Segundo ele, o que motivou o ataque ao Congresso de Washington foi a falta de confiança da população americana no sistema de votação.
“E os problemas, como aconteceu nos Estados Unidos, qual a origem do problema? Não vou entrar no mérito e discutir outras coisas... O problema é desconfiança, falta de transparência. E lá podia ainda em grande parte ser feita uma auditoria, e mesmo assim resolveram não fazer, resolveram entubar essa questão como está”, alegou.
O presidente disse que não se pode permitir que as eleições brasileiras de 2022 ocorram sem o voto impresso. “Alguns dizem: é problema deles. Não, não é problema deles, né? Logicamente que é problema deles, mas, poxa, a gente não pode permitir que em 2022 tenhamos uma eleição aqui onde não possa ser auditada. Então quem acredita que o voto eletrônico vale, tudo bem, eu não vou discutir contigo. Agora tem muita gente que não acredita. E temos que respeitar esse lado de cá. Custa alguma coisa pra gente ter o voto impresso ao lado da urna eletrônica?”, pediu.
O mandatário então questionou a razão da medida não ser aplicada no Brasil e provocou os Poderes indiretamente: “Estão com medo? Já acertaram a fraude para 22?”.
Bolsonaro também completou que, embora não saiba se será candidato à reeleição, não aguardará o ano que vem para tentar implementar a medida. “Ou seja, tá lá, você vai votar como você sempre votou, mas vai aparecer impresso do lado as pessoas para quem você votou, para presidente, governador, senador, deputado federal e estadual, e apertar o botão. O teu voto é confirmado e o papel cai dentro de uma urna. Houve desconfiança? Pode ser então auditadas essas seções pelo Brasil. Qual o problema disso? Estão com medo? Já acertaram a fraude para 22? Eu só posso entender isso daí. Eu não vou esperar chegar 22 — nem sei se vou vir candidato — pra começar a reclamar. Temos que aprovar o voto impresso”.
Congresso vai decidir
De acordo com o chefe do Executivo, a decisão sobre o voto impresso caberá ao Congresso. “Quem vai decidir isso daí? É o Congresso Nacional. Tem uma Proposta de Emenda à Constituição, da deputada Bia Kicis, aqui do DF, que já foi acolhida a sua constitucionalidade ali na Comissão de Constituição e Justiça. O futuro presidente da Câmara, se resolver, porque a decisão é dele, instaurar ali, criar uma comissão pra analisar, vai ser votado. E se for votado na Câmara e no Senado, vai ser promulgado. Em sendo promulgada, essa PEC vai ser cumprida. E ponto final. Vai ser cumprida essa PEC, vamos ter o voto impresso”, explicou Bolsonaro.
No entanto, caso a PEC não passe na Casa, o presidente disse que “vamos ver que bicho vai dar em 2022”.
“Agora se o Congresso achar que não deve ter o voto impresso, vamos nesse voto impresso, vamos ver que bicho vai dar em 2022. Mas temos que ver os exemplos de outros países, se são bons ou não, pra gente adotar ou não aqui”, concluiu.
Mais cedo, Bolsonaro reforçou que caso a eleição brasileira não ocorrer por meio de cédulas, o país enfrentará um problema maior do que os EUA. “Se nós não tivermos o voto impresso em 22, uma maneira de auditar o voto, nós vamos ter problema pior que os Estados Unidos”, completou.